São Paulo, sábado, 09 de março de 2002

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ECONOMIA GLOBAL

PIB recua em três trimestres seguidos; retração de 12% nos investimentos faz PIB cair 1,2% no 4º trimestre

Japão registra a maior freada desde 1993

DA REDAÇÃO

O Japão entrou em 2001 na mais prolongada e severa recessão das últimas duas décadas. A economia do país recuou em três trimestres consecutivos. Nos últimos três meses do ano passado, a queda foi de 1,2%.
Com os norte-americanos e alemães em recessão, o mundo assiste a uma rara queda sincronizada das três maiores economias globais. Historicamente, quando um bloco está em queda os outros mantêm a atividade, compensando os efeitos negativos na economia mundial.
No ano como um todo, o PIB (Produto Interno Bruto) japonês encolheu 0,5%. A única vez em que a economia do país havia caído três trimestres consecutivos foi em 1993, quando as contrações ficaram em torno de 0,1% -menos intensas do que agora.
O governo adotou o atual modelo de cálculo do PIB em 1980. Antes de 93 o país nunca tinha registrado quedas em dois trimestres consecutivos -a definição mais comum de recessão.
O grande tombo ocorreu no quarto trimestre do ano passado. A queda foi puxada por uma intensa retração de 12% nos investimentos empresariais, a maior desde que a estatística começou a ser apurada, em 80.
A taxa anualizada de retração nos últimos três meses de 2001 ficou em 4,5%. Isso significa que a economia encolheria 4,5% em 12 meses se a atividade permanecesse no ritmo em que esteve no trimestre.
A forte desacelerada do último trimestre ocorreu mesmo com o reaquecimento da atividade econômica nos EUA, tradicional parceiro comercial dos japoneses e principal comprador das exportações do país asiático.
"A retomada dos EUA não significa que todo o mundo vá se recuperar imediatamente", disse Mamoru Yamazaki, economista do Barclays Capital. "O impacto deve começar a ser sentido no Japão na segunda metade do ano."
Entre as estatísticas divulgadas ontem pelo governo japonês há indicadores de que o pior talvez tenha ficado para trás. Uma ligeira recuperação na atividade é esperada para o meio do ano.
Entre outubro e dezembro, os gastos dos japoneses cresceram 1,9%. O dado é importante, porque um dos principais motivos da desaceleração econômica é a estagnação do consumo.
Em janeiro, o consumo se expandiu em 0,8%, apesar do aumento no desemprego.
"Estou surpreso pelo aumento dos gastos pessoais, mas não espero que esses números permaneçam sólidos", disse Seiji Shiraishi, da consultoria Daiwa Securities. Para ele, pode ter havia apenas uma compensação em relação ao recuo ocorrido em trimestres anteriores.


Com agências internacionais


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