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Falta de crédito ameaça emergentes, diz Bird
Países em desenvolvimento podem ter déficit de financiamento de até US$ 700 bilhões; órgão prevê 1ª retração do PIB global desde 1945
De acordo com Bird, órgãos internacionais, sozinhos, não são capazes de cobrir déficits comerciais e dívidas públicas e privadas de emergentes
ANDREA MURTA
DE NOVA YORK
Com investidores privados
em fuga de mercados emergentes, a crise econômica imporá a
países em desenvolvimento déficits de financiamento de entre US$ 270 bilhões e US$ 700
bilhões neste ano, alertou em
estudo o Banco Mundial. O órgão afirmou ainda que 2009
testemunhará a primeira contração da economia global desde o fim da Segunda Guerra, em
1945 -no fim de 2008, o Bird
estimava avanço de 0,9%.
O comércio internacional
não será poupado e deverá encolher pela primeira vez desde
1982, observando a maior queda desde a Depressão dos anos
1930, segundo o texto. O Brasil
é citado como exemplo dos problemas.Em janeiro, a balança
comercial do país teve o primeiro déficit em oito anos, com
as exportações recuando 23%.
A organização não citou estimativas específicas para a contração do PIB global, mas deverá publicar mais detalhes nas
próximas semanas. Ela, no entanto, não é a primeira organização a prever contração da
economia mundial. O IIF (que
reúne os grandes bancos mundiais) estima uma queda de
1,1% neste ano, e o FMI já disse
que também deve prever contração -a projeção mais recente é de avanço de 0,5%.
O estudo foi preparado para a
discussão entre os ministros da
Economia de países do G20
(grupo que reúne os países ricos e os principais emergentes)
no próximo sábado.
Fundo de vulnerabilidade
Enquanto tenta costurar um
"fundo de vulnerabilidade"
com ajuda de países ricos, o organismo avisa que organizações financeiras internacionais
não serão capazes de, sozinhas,
cobrir os déficits de comércio e
as dívidas públicas e privadas
que afligem hoje 129 países. Segundo o Banco Mundial, ainda
que potencialmente seja possível triplicar seus níveis de empréstimo para US$ 35 bilhões
em 2009, o montante está longe de ser suficiente.
"Precisamos de investimentos em redes de segurança, infraestrutura e pequenas e médias empresas para criar empregos e evitar agitações sociais
e políticas [nos países em desenvolvimento]", afirmou o
presidente do órgão, Robert
Zoellick. "Esta crise global precisa de soluções globais, e, para
prevenir uma catástrofe econômica nos países em desenvolvimento, são importantes esforços mundiais conjuntos."
A ideia é pedir que países ricos separem 0,7% de seus fundos de estímulo fiscal para ajuda internacional. Em discurso
preparado pelo economista-chefe do órgão, Justin Yifu Lin,
ele argumenta que "canalizar
investimentos em infraestrutura para o mundo em desenvolvimento (...) trará retornos
maiores e será um elemento-chave para a recuperação". Esses investimentos, afirma, vão
liberar gargalos de crescimento
e restaurar a demanda nos países pobres.
Entre os maiores problemas
mencionados no estudo para
economias frágeis, está o aumento dramático da emissão
de títulos de dívida por governos ricos, o que deverá estrangular o crescimento dos tomadores de empréstimo públicos
e privados dos países em desenvolvimento. As consequências
serão de longo prazo: para os
emergentes que ainda têm
acesso a mercados financeiros,
os custos de crédito estão mais
altos, e os fluxos de capital, menores, levando a menos investimento e crescimento mais lento no futuro. Já os países mais
pobres do mundo estão se tornando cada vez mais dependentes de ajuda internacional.
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