São Paulo, segunda-feira, 09 de março de 2009

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Falta de crédito ameaça emergentes, diz Bird

Países em desenvolvimento podem ter déficit de financiamento de até US$ 700 bilhões; órgão prevê 1ª retração do PIB global desde 1945

De acordo com Bird, órgãos internacionais, sozinhos, não são capazes de cobrir déficits comerciais e dívidas públicas e privadas de emergentes

ANDREA MURTA
DE NOVA YORK

Com investidores privados em fuga de mercados emergentes, a crise econômica imporá a países em desenvolvimento déficits de financiamento de entre US$ 270 bilhões e US$ 700 bilhões neste ano, alertou em estudo o Banco Mundial. O órgão afirmou ainda que 2009 testemunhará a primeira contração da economia global desde o fim da Segunda Guerra, em 1945 -no fim de 2008, o Bird estimava avanço de 0,9%.
O comércio internacional não será poupado e deverá encolher pela primeira vez desde 1982, observando a maior queda desde a Depressão dos anos 1930, segundo o texto. O Brasil é citado como exemplo dos problemas.Em janeiro, a balança comercial do país teve o primeiro déficit em oito anos, com as exportações recuando 23%.
A organização não citou estimativas específicas para a contração do PIB global, mas deverá publicar mais detalhes nas próximas semanas. Ela, no entanto, não é a primeira organização a prever contração da economia mundial. O IIF (que reúne os grandes bancos mundiais) estima uma queda de 1,1% neste ano, e o FMI já disse que também deve prever contração -a projeção mais recente é de avanço de 0,5%.
O estudo foi preparado para a discussão entre os ministros da Economia de países do G20 (grupo que reúne os países ricos e os principais emergentes) no próximo sábado.

Fundo de vulnerabilidade
Enquanto tenta costurar um "fundo de vulnerabilidade" com ajuda de países ricos, o organismo avisa que organizações financeiras internacionais não serão capazes de, sozinhas, cobrir os déficits de comércio e as dívidas públicas e privadas que afligem hoje 129 países. Segundo o Banco Mundial, ainda que potencialmente seja possível triplicar seus níveis de empréstimo para US$ 35 bilhões em 2009, o montante está longe de ser suficiente.
"Precisamos de investimentos em redes de segurança, infraestrutura e pequenas e médias empresas para criar empregos e evitar agitações sociais e políticas [nos países em desenvolvimento]", afirmou o presidente do órgão, Robert Zoellick. "Esta crise global precisa de soluções globais, e, para prevenir uma catástrofe econômica nos países em desenvolvimento, são importantes esforços mundiais conjuntos."
A ideia é pedir que países ricos separem 0,7% de seus fundos de estímulo fiscal para ajuda internacional. Em discurso preparado pelo economista-chefe do órgão, Justin Yifu Lin, ele argumenta que "canalizar investimentos em infraestrutura para o mundo em desenvolvimento (...) trará retornos maiores e será um elemento-chave para a recuperação". Esses investimentos, afirma, vão liberar gargalos de crescimento e restaurar a demanda nos países pobres.
Entre os maiores problemas mencionados no estudo para economias frágeis, está o aumento dramático da emissão de títulos de dívida por governos ricos, o que deverá estrangular o crescimento dos tomadores de empréstimo públicos e privados dos países em desenvolvimento. As consequências serão de longo prazo: para os emergentes que ainda têm acesso a mercados financeiros, os custos de crédito estão mais altos, e os fluxos de capital, menores, levando a menos investimento e crescimento mais lento no futuro. Já os países mais pobres do mundo estão se tornando cada vez mais dependentes de ajuda internacional.


Texto Anterior: Frases
Próximo Texto: Frase
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.