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Regras globais contra a crise emperram
Reunião de presidentes de bancos centrais na Suíça termina sem acordo, e ritmo diferente das economias dificulta consenso
Oposição de instituições barram "lista negra" de bancos em dificuldade; Meirelles chefiará Conselho das Américas do BIS
Johannes Eisele/Reuters
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O presidente do BC europeu, o francês Jean-Claude Trichet
LUCIANA COELHO
ENVIADA ESPECIAL À BASILEIA
Está empacando o plano de
impor regras mais duras para
os bancos "sistemicamente importantes" -aqueles cuja quebra pode se perpetuar em cascata pelas finanças de um país
ou pela economia global.
A proposta foi inicialmente
colocada como um pilar da estratégia do BIS (o Banco para
Compensações Internacionais,
que rege os BCs mundiais) para
evitar novas bolhas de crédito e
conter o efeito de crises futuras. Mas, a cada reunião da entidade e de seu Conselho de Estabilidade Financeira, as medidas que poriam o plano de pé ficam mais nebulosas.
O prazo para definir as regras
é setembro, com vistas à sua
aprovação até o fim do ano e
implementação até 2012.
De início, o BIS listaria as instituições alvo de atenção especial. Mas queixas dos bancos
privados, contrários a uma "lista negra", dividiu os 27 BCs, e a
ideia sucumbiu. Depois, proclamou-se que as medidas (como
um valor mais alto para o "colchão" de capital que cada banco
terá para se prevenir contra crises) seriam fixadas pela entidade central. Agora, não mais.
"O que estamos discutindo é
exatamente o quão específico o
comitê da Basileia pode ser
nessa definição das organizações sistemicamente importantes, de quais serão os colchões de capital e de liquidez",
disse o presidente do BC brasileiro, Henrique Meirelles.
Mais cedo, Mario Draghi,
presidente do conselho, afirmara que caberia a cada BC
avaliar as medidas aplicáveis a
seu sistema. "Temos de ter um
mínimo de regulação comum
em um campo como este, e aí os
países teriam liberdade para
tomar mais medidas", disse.
A discussão cresce com a desarmonia no ritmo da recuperação econômica global, com a
Ásia à frente, os demais emergentes em seguida (Brasil inclusive), os EUA depois e a Europa na lanterna. Afinal, enquanto delineiam as regras, os
BCs precisam tratar da retirada
gradual das medidas que tomaram para ampliar a liquidez em
seus países no auge da crise.
E a disparidade nessa operação ficou clara nas reuniões do
BIS ontem e domingo. Jean-Claude Trichet, que preside a
entidade, frisou ser interesse
geral corrigir o desequilíbrio.
O Brasil nesse campo vai
bem, diz Meirelles, já tendo retirado das reservas o saldo dos
estímulos e revertido quase
completamente a decisão excepcional de liberar o compulsório, entre outras coisas.
Segundo ele, EUA e emergentes se recuperam mais rápido, e o risco é a União Europeia.
O BIS debateu o risco de a crise
da dívida grega contaminar o
bloco, inflando os juros das dívidas de outros países. Outra
preocupação, segundo Meirelles, é com uma bolha chinesa.
Ontem, como antecipou a coluna "Mercado Aberto", Meirelles anunciou que chefiará o
Conselho das Américas do BIS.
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