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ESPETÁCULO EM XEQUE
Para instituto, produção voltou a crescer no mês passado
Iedi culpa timidez do BC
por retração da indústria
DA SUCURSAL DO RIO
Para o economista Júlio de Almeida, do Iedi (Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial), as quedas da produção
industrial nos meses de dezembro
a fevereiro mostram claramente
que o crescimento iniciado em julho do ano passado foi interrompido. Segundo Almeida, tecnicamente, já é possível dizer que a indústria está em recessão.
Ainda assim, ele diz acreditar
que a tendência, a partir de março, será de crescimento.
Almeida afirma que a principal
explicação para essa terceira queda consecutiva da produção industrial é a reversão de expectativa de consumidores e de empresários causada pela política econômica. "Ao paralisar a redução
da taxa de juros, a equipe econômica sinalizou que o processo de
recuperação poderia ser interrompido devido a riscos inflacionários. Isso reverteu expectativas
favoráveis que se formavam entre
empresários e consumidores."
Fantasmas
O Iedi continua prevendo, em
seu boletim de análise dos dados
da Pesquisa Industrial Mensal,
crescimento neste ano, mas pondera que tudo dependerá da condução da política econômica.
"Ver fantasmas onde não há, subordinar de tal forma a economia
real à economia financeira e concorrer para súbitas e desnecessárias mudanças de expectativa do
setor produtivo são equívocos
que precisam ser corrigidos."
O economista Juan Pedro Jensen, da Tendências Consultoria,
diz que o resultado negativo de fevereiro era esperado. Ele concorda que houve um clima de expectativa na economia um pouco
pior neste início de ano em comparação com o último trimestre
de 2003, o que pode ter influenciado os resultados de fevereiro.
Ele afirma, no entanto, que ainda espera uma trajetória de crescimento da economia para este ano.
"Esse crescimento depende de vários fatores, mas a gente acredita
que em março o indicador da indústria já será positivo e que será
possível crescer 5% em 2004."
Em boletim, os analistas da LCA
Consultoria dizem ser "natural"
uma "parada técnica" da produção industrial depois de um período de forte recuperação, como
o que aconteceu entre os meses de
junho e novembro do ano passado. Ou seja, era esperado que os
resultados do início do ano fossem negativos.
Ainda assim, segundo a LCA, o
maior pessimismo induzido pela
interrupção da queda da taxa de
juros e pela crise política pode ter
prolongado essa parada.
A previsão dos analistas da consultoria é que a indústria volte a se
expandir de forma contínua, mas
gradativa. O boletim não menciona a "recessão industrial". Pelo
contrário, a LCA prefere relativizar o resultado.
Os dados do IBGE são dessazonalizados, ou seja, o instituto elimina, por meio de técnicas estatísticas, as altas e quedas típicas
do mês, movimentos que ocorreriam com expansão ou retração
do setor. Para que os cálculos fiquem mais precisos, são necessárias séries longas de dados. Como
a nova pesquisa só tem dados desde janeiro de 2002, os analistas dizem acreditar "que tais números
não devam ser considerados em
suas grandezas absolutas".
(ANTÔNIO GOIS)
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