São Paulo, sexta-feira, 09 de abril de 2004

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

CRÉDITO

Somente no mês passado, o pior do ano para a inadimplência, 821,6 mil pessoas entraram para a "lista negra" do SPC

Desaceleração econômica faz calote subir em março

ELAINE COTTA
DA FOLHA ONLINE

Março foi o pior mês do ano em nível de inadimplência. Pesquisa do SPC (Serviço de Proteção ao Crédito) mostra que, no mês passado, 821,6 mil novos inadimplentes entraram para a "lista negra" da instituição. Esse número é 154% superior ao de fevereiro e 30,6% maior que o registrado em março do ano passado.
Esse dado é resultado da diferença entre o número de nomes incluídos na lista -que são as pessoas que não pagaram as dívidas- e os excluídos -aqueles que conseguiram regularizar a situação e sair do cadastro.
A demora para o começo do "espetáculo do crescimento" prometido pelo governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva pode ser apontado como um dos motivos para o aumento da inadimplência do país, segundo o presidente do SPC, Edson Monteiro.
Segundo ele, março é um mês em que a inadimplência tende a aumentar por conta do "resquício" das compras de Natal já que muitas lojas prorrogam os vencimentos para estimular as vendas.
Mesmo assim, o saldo verificado em março deste ano ficou muito acima do esperado e da média de anos anteriores. Em março do ano passado, por exemplo, o SPC computou a existência de 629 mil inadimplentes em todo o país -o maior do ano passado.
De acordo com o SPC, ao todo foram incluídos 1,77 milhão de novos nomes na lista de inadimplentes só no mês de março. Em fevereiro, foram 751 mil. Ou seja, o número de pessoas que deixaram de pagar mais que dobrou de um mês para o outro.
Se a base de comparação for março do ano passado, houve um salto de 56,7%, quando foram incluídos 1,13 milhão de nomes. O número de incluídos e o saldo final -que desconta os excluídos- de março também foram os piores dos últimos 12 meses.
O saldo só não foi maior porque 948 mil pessoas conseguiram limpar o nome e pagar as dívidas no mês passado. Em fevereiro, foram excluídos 427,6 mil nomes dos cadastros do SPC, e, em março, de 2003, 500 mil.
Para Monteiro, o aumento da inadimplência deve continuar nos próximos meses e é reflexo da desaceleração da economia.

Desemprego
O aumento do desemprego -que bateu 12% pelos dados do IBGE de fevereiro- e a queda da renda também impedem as pessoas de regularizar a situação. "A tendência, infelizmente, não é positiva", afirma Monteiro.
"Ainda vivemos um momento de crise. As pessoas continuam sem perspectivas de emprego e de melhora na renda. Pode ser que no mês que vem esse percentual diminua, mas as expectativa é de crescimento da inadimplência nos próximos meses", disse.
Uma outra pesquisa, divulgada no final de março pela ACSP (Associação Comercial de São Paulo), mostrou que 48% dos inadimplentes do Estado dizem não ter honrado seus compromissos por conta do desemprego.
Entre os que apontaram o desemprego como a principal causa, 43% continuam desempregados. Houve ainda aumento na inadimplências entre as mulheres, que passou de 41% para 43%.


Texto Anterior: Luís Nassif: Política para a mídia
Próximo Texto: Frase
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.