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CRÉDITO
Somente no mês passado, o pior do ano para a inadimplência, 821,6 mil pessoas entraram para a "lista negra" do SPC
Desaceleração econômica faz calote subir em março
ELAINE COTTA
DA FOLHA ONLINE
Março foi o pior mês do ano em
nível de inadimplência. Pesquisa
do SPC (Serviço de Proteção ao
Crédito) mostra que, no mês passado, 821,6 mil novos inadimplentes entraram para a "lista negra" da instituição. Esse número é
154% superior ao de fevereiro e
30,6% maior que o registrado em
março do ano passado.
Esse dado é resultado da diferença entre o número de nomes
incluídos na lista -que são as
pessoas que não pagaram as dívidas- e os excluídos -aqueles
que conseguiram regularizar a situação e sair do cadastro.
A demora para o começo do
"espetáculo do crescimento" prometido pelo governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva pode
ser apontado como um dos motivos para o aumento da inadimplência do país, segundo o presidente do SPC, Edson Monteiro.
Segundo ele, março é um mês
em que a inadimplência tende a
aumentar por conta do "resquício" das compras de Natal já que
muitas lojas prorrogam os vencimentos para estimular as vendas.
Mesmo assim, o saldo verificado em março deste ano ficou muito acima do esperado e da média
de anos anteriores. Em março do
ano passado, por exemplo, o SPC
computou a existência de 629 mil
inadimplentes em todo o país -o
maior do ano passado.
De acordo com o SPC, ao todo
foram incluídos 1,77 milhão de
novos nomes na lista de inadimplentes só no mês de março. Em
fevereiro, foram 751 mil. Ou seja,
o número de pessoas que deixaram de pagar mais que dobrou de
um mês para o outro.
Se a base de comparação for
março do ano passado, houve um
salto de 56,7%, quando foram incluídos 1,13 milhão de nomes. O
número de incluídos e o saldo final -que desconta os excluídos- de março também foram
os piores dos últimos 12 meses.
O saldo só não foi maior porque
948 mil pessoas conseguiram limpar o nome e pagar as dívidas no
mês passado. Em fevereiro, foram
excluídos 427,6 mil nomes dos cadastros do SPC, e, em março, de
2003, 500 mil.
Para Monteiro, o aumento da
inadimplência deve continuar
nos próximos meses e é reflexo da
desaceleração da economia.
Desemprego
O aumento do desemprego
-que bateu 12% pelos dados do
IBGE de fevereiro- e a queda da
renda também impedem as pessoas de regularizar a situação. "A
tendência, infelizmente, não é positiva", afirma Monteiro.
"Ainda vivemos um momento
de crise. As pessoas continuam
sem perspectivas de emprego e de
melhora na renda. Pode ser que
no mês que vem esse percentual
diminua, mas as expectativa é de
crescimento da inadimplência
nos próximos meses", disse.
Uma outra pesquisa, divulgada
no final de março pela ACSP (Associação Comercial de São Paulo), mostrou que 48% dos inadimplentes do Estado dizem não
ter honrado seus compromissos
por conta do desemprego.
Entre os que apontaram o desemprego como a principal causa,
43% continuam desempregados.
Houve ainda aumento na inadimplências entre as mulheres, que
passou de 41% para 43%.
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