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TELES EM SUSPENSE
MCI pede adiamento e pode sair da concordata neste mês; venda da brasileira não dependeria de corte
Juiz de NY adia prazo sobre venda da Embratel
RAFAEL CARIELLO
DE NOVA YORK
A Corte de Falências de Nova
York aceitou ontem o pedido da
norte-americana MCI, controladora da Embratel, de adiamento,
para o dia 27 de abril, do julgamento da venda da empresa de telefonia brasileira para a mexicana
Telmex. Anteriormente o julgamento seria realizado na próxima
terça-feira, dia 13.
A venda do controle acionário
da Embratel para a Telmex é
questionada pelo consórcio Calais Participações, que reúne as
operadoras de telefonia fixa Telemar, Brasil Telecom e Telefônica,
além da empresa Geodex, que teve sua oferta recusada pela MCI.
A decisão de ontem deve favorecer o negócio entre as empresas
americana e mexicana por tornar
possível que a MCI saia do processo de falência antes do dia da
decisão e feche o negócio sem precisar de aprovação da corte
-embora, em tese, o novo prazo
dê mais tempo para tanto a corte
quanto a MCI poderem avaliar
uma nova proposta das teles fixas.
Uma porta-voz da americana
disse à Folha que a empresa deve
sair do processo de falência "até o
dia 28", com chances de que
aconteça antes disso.
O consórcio brasileiro havia feito originalmente uma proposta
maior que a da empresa mexicana
-US$ 550 milhões contra US$
360 milhões-, mas teve sua oferta recusada pela MCI.
A empresa americana argumentou que o negócio com o grupo das teles brasileiras tinha
maiores chances de ser barrado
por razões regulatórias e que, portanto, os valores oferecidos não
seriam o principal fator levado
em consideração na venda.
A menção às agências regulatórias foi uma alusão à Lei Geral de
Telecomunicações, segundo a
qual quem controla uma operadora de telefonia fixa não pode ser
dono de outra. Segundo uma interpretação dessa lei, as empresas
fixas não poderiam comprar a
Embratel porque acumulariam
uma concentração excessiva no
mercado brasileiro.
A venda está sujeita à aprovação
da Corte de Falências dos EUA e
das autoridades regulatórias brasileiras -Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) e
Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações).
Uma nova oferta foi feita pelo
consórcio das teles brasileiras anteontem. A proposta assegura que
a norte-americana MCI irá receber ao menos US$ 360 milhões
-correspondente ao valor oferecido pela Telmex- pela venda da
operadora de longa distância,
mesmo se o negócio for barrado
pelas autoridades regulatórias.
Com o adiamento do julgamento,
a data para a defesa de seu caso
perante a corte também foi estendida para as teles brasileiras
-passou de ontem para o dia 22.
A porta-voz da MCI explicou
que, de maneira genérica, uma
vez que a empresa tenha superado seu processo de concordata e
volte a poder operar normalmente, suas decisões não precisarão
mais passar pelo crivo judiciário.
Disse que se trata de uma regra
geral e que não poderia falar sobre
o caso específico da Embratel
Mas o pedido de adiamento feito pela MCI contém explicitamente essa possibilidade. Diz o
texto: "No caso [...] de o plano de
reestruturação sob o capítulo 11
[concordata] do código de falências se tornar efetivo antes do julgamento da venda, os credores retirarão a moção de venda e procurarão o fechamento [do negócio]
[...] sem a aprovação da corte".
A assessoria da corte não soube
explicar as razões da decisão de
adiar o julgamento.
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