São Paulo, sexta-feira, 09 de abril de 2004

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FUNDOS

Objetivo é tranqüilizar os investidores, diz governo

Após pressão do mercado, Tesouro encurta prazo de título pós-fixado

FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

O Tesouro Nacional cedeu à pressão do mercado e resolveu agir para reduzir a volatilidade dos títulos pós-fixados. Em leilão realizado ontem, o Tesouro aceitou grande parte da demanda das instituições financeiras e trocou LFTs (Letras Financeiras do Tesouro) de prazo de vencimento mais longo.
Nos últimos dias, as instituições financeiras viveram momentos de estresse, marcados por forte movimento de venda de títulos pós-fixados, principalmente os papéis mais longos (com prazo de resgate entre 2007 e 2009), o que acarretou queda no valor dos títulos.
Como os fundos de investimento DI e de renda fixa têm LFTs em suas carteiras, a rentabilidade de algumas aplicações ficou negativa no dia 6. Na quarta-feira (dia 7, último dado disponibilizado pela Anbid), alguns desses fundos ainda registraram retorno negativo, mas bem mais moderado que no dia anterior. Outros, como o FIF DI Tradicional do banco Bradesco, já voltaram a ter resultado positivo após o susto de terça-feira.
"Encurtamos um pouco o prazo dos títulos [pós-fixados] para dar maior tranqüilidade ao mercado. Achamos que a volatilidade estava um pouco alta", afirma o secretário-adjunto do Tesouro, José Antonio Gragnani.
No leilão de troca realizado ontem, foram retirados do mercado títulos com vencimento entre junho de 2007 e março de 2009 e colocados papéis com resgate em março de 2007. A operação movimentou R$ 1,57 bilhão.
Segundo o secretário-adjunto, o governo vai seguir monitorando o mercado para "preservar os papéis do Tesouro".

Ajuste
"O Tesouro viu o problema que estava surgindo e resolveu recomprar mais títulos hoje [ontem]. Como o Tesouro tem de continuar colocando títulos no mercado, o mais interessante para evitar novos estresses seria ofertar papéis com prazos menos longos, 2005 ou 2006, por exemplo", diz Sérgio Lima, da Mello Global Investments.
A ação do Tesouro deverá ser repetida em outras medidas que podem ser tomadas durante a próxima semana. O Tesouro não deve ofertar LFTs na próxima terça-feira, segundo operadores.
Na avaliação de analistas, o mercado já está mais calmo, e os fundos de investimento não devem sofrer saques nem perdas como ocorreu em 2002, quando o governo mudou a forma de contabilização dos valores dos títulos nas carteiras dos fundos.
As perdas, concentradas principalmente no dia 6, não terão peso significativo no resultado dos fundos em suas rentabilidades mensais, a não ser que o valor das LFTs seguisse em queda.
Os fundos que tiveram rentabilidade negativa em alguns dias são apenas os que carregam títulos pós-fixados de prazos mais longos, entre 2007 e 2009.


Colaborou a Sucursal de Brasília



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