Justin Mott/"The New York Times"

Produção de tijolos em Bat Trang, norte do Vietnã, onde os preços triplicaram em 12 meses

KEITH BRADSHER
DO "NEW YORK TIMES", EM BAT TRANG, VIETNÃ

A festa está acabando, para os consumidores dos EUA. Por duas gerações, os americanos importaram produtos cada vez mais baratos fabricados a custo cada vez menor em países de baixos salários -primeiro Japão e Coréia do Sul, depois China, e agora cada vez mais nações, como o Vietnã e a Índia.
Mas a crescente inflação nos países asiáticos está colocando esses arranjos em risco, e não apenas na China, onde os crescentes custos trabalhistas e de energia já tornaram mais dispendiosas as exportações aos EUA, mas também nas alternativas de custo ainda mais baixo. Os países em desenvolvimento passaram por surtos inflacionários. Mas duas coisas diferenciam este momento. Primeiro, os países em desenvolvimento agora respondem por quase metade das importações norte-americanas.
Segundo, a inflação nesses países está surgindo no momento em que suas moedas estão em alta diante do dólar. Isso coloca os consumidores norte-americanos sob uma dupla ameaça: eles terão de cobrir ao menos parte do aumento nos custos dos produtores e arcarão com preços mais altos; além disso, porque o dólar perdeu poder aquisitivo. Os empresários asiáticos dizem ter de elevar os preços. Em termos gerais, no Vietnã, um dos países que mais vêm atraindo investimento e uma das fontes ascendentes de importados para o mercado americano, os preços subiram 19,4% nos 12 meses encerrados em março.
O custo dos produtos que os EUA importam de nações menos industrializadas está subindo. Um índice do Serviço de Estatísticas do Trabalho sobre os preços médios de bens importados desses países caiu gradualmente até o começo de 2004, mas agora voltou a subir de forma vigorosa e mostrava alta de 5,6%, em fevereiro, ante o mesmo período em 2007.
Isso contribuiu para a alta da inflação nos Estados Unidos. Nos 12 meses até fevereiro de 2008, o Índice de Preços ao Consumidor do governo norte-americano subiu 4%.