São Paulo, quinta-feira, 09 de abril de 2009

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Dilma afirma que "não aguenta mais" pedir a redução de juros

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Antes mesmo de o governo oficializar a demissão do presidente do BB (Banco do Brasil), a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, enviava o recado mais duro já feito em público pelo governo aos dirigentes de bancos públicos.
Durante reunião com sindicalistas ontem, no CCBB (Centro Cultural Banco do Brasil) de Brasília, a ministra aproveitou a saída do presidente Lula da sala para conversar ao telefone com o primeiro-ministro da Itália, Silvio Berlusconi, e criticou as instituições oficiais.
"Banco público é de fomento, mas tem dirigentes agindo como presidentes de banco privado", disse a ministra de acordo com relatos dos sindicalistas e de integrantes do governo que participaram do encontro.
Dilma também avisou que o governo "não aguenta mais chamar os bancos públicos para pedir redução de juros e do "spread'".
A queda de braço entre Lula e os bancos oficiais não é nova. Arrasta-se desde o ano passado e tinha como principal fonte de desgaste o comportamento do ex-presidente do BB Antônio Francisco Lima Neto.
Desde novembro, o governo vem cobrando reduções nas taxas de juros para estimular a economia na crise. Mais especificamente, na parcela da taxa conhecida como "spread", que inclui o lucro dos bancos, as despesas administrativas, os impostos e a expectativa de inadimplência, e representa a diferença entre o que a instituição paga para captar os recursos e o que cobra de seus clientes.
A visão que se cristalizou no governo é a de que o BB não mostrava disposição para ajudar a puxar os juros do mercado financeiro para baixo.
Lima Neto argumentou em mais de uma reunião que não poderia baixar voluntariamente as taxas porque a instituição tem acionistas privados.
Essa posição causou irritação crescente na cúpula federal, especialmente pelo contraste criado com a Caixa Econômica Federal. A sua presidente, Maria Fernanda Coelho, é vista no governo como uma administradora com boa vontade para levar adiante as políticas que o governo quer implementar.
Essas discussões, no entanto, eram mantidas nos bastidores. Ontem, foi a primeira vez que o governo deixou claro que não aceitará com facilidade contestações a essa visão.
(LEANDRA PERES E SIMONE IGLESIAS)


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