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Dilma afirma que "não aguenta mais" pedir a redução de juros
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Antes mesmo de o governo
oficializar a demissão do presidente do BB (Banco do Brasil),
a ministra-chefe da Casa Civil,
Dilma Rousseff, enviava o recado mais duro já feito em público pelo governo aos dirigentes
de bancos públicos.
Durante reunião com sindicalistas ontem, no CCBB (Centro Cultural Banco do Brasil) de
Brasília, a ministra aproveitou
a saída do presidente Lula da
sala para conversar ao telefone
com o primeiro-ministro da
Itália, Silvio Berlusconi, e criticou as instituições oficiais.
"Banco público é de fomento,
mas tem dirigentes agindo como presidentes de banco privado", disse a ministra de acordo
com relatos dos sindicalistas e
de integrantes do governo que
participaram do encontro.
Dilma também avisou que o
governo "não aguenta mais
chamar os bancos públicos para pedir redução de juros e do
"spread'".
A queda de braço entre Lula e
os bancos oficiais não é nova.
Arrasta-se desde o ano passado
e tinha como principal fonte de
desgaste o comportamento do
ex-presidente do BB Antônio
Francisco Lima Neto.
Desde novembro, o governo
vem cobrando reduções nas taxas de juros para estimular a
economia na crise. Mais especificamente, na parcela da taxa
conhecida como "spread", que
inclui o lucro dos bancos, as
despesas administrativas, os
impostos e a expectativa de inadimplência, e representa a diferença entre o que a instituição
paga para captar os recursos e o
que cobra de seus clientes.
A visão que se cristalizou no
governo é a de que o BB não
mostrava disposição para ajudar a puxar os juros do mercado
financeiro para baixo.
Lima Neto argumentou em
mais de uma reunião que não
poderia baixar voluntariamente as taxas porque a instituição
tem acionistas privados.
Essa posição causou irritação
crescente na cúpula federal, especialmente pelo contraste
criado com a Caixa Econômica
Federal. A sua presidente, Maria Fernanda Coelho, é vista no
governo como uma administradora com boa vontade para levar adiante as políticas que o
governo quer implementar.
Essas discussões, no entanto,
eram mantidas nos bastidores.
Ontem, foi a primeira vez que o
governo deixou claro que não
aceitará com facilidade contestações a essa visão.
(LEANDRA PERES E SIMONE IGLESIAS)
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