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Inflação do 1º tri é a menor em 9 anos
IPCA, calculado pelo IBGE, fica em 0,2% em março, taxa mensal mais baixa desde setembro de 2007
Para especialistas, resultado comprova desaceleração
da economia; "influência tímida" do dólar aparece em eletrodomésticos, diz IBGE
JANAINA LAGE
DA SUCURSAL DO RIO
A inflação medida pelo IPCA
(Índice de Preços ao Consumidor Amplo, usado como referência para a meta de inflação)
registrou a menor taxa para um
primeiro trimestre desde 2000.
De janeiro a março deste ano, a
alta de preços ficou em 1,23%.
Em março, a inflação de 0,20%,
patamar abaixo das expectativas de analistas, foi a menor taxa desde setembro de 2007.
Segundo Eulina Nunes dos
Santos, coordenadora de Índices de Preços do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), a inflação foi influenciada pela alta nos preços de
ônibus urbanos em janeiro, pelos reajustes aplicados em fevereiro em matrículas e mensalidades escolares e pela alta sazonal de produtos alimentícios.
Produtos de peso, no entanto, ficaram mais baratos no trimestre, como arroz (-3,87%),
feijão-carioca (-12,92%) e carnes (-4,70%).
Se, de um lado, a inflação
mais baixa abre espaço para
mais cortes de juros pelo Banco
Central, de outro, analistas destacam que o nível mais baixo
dos índices está ligado a uma
queda da atividade econômica.
"A desaceleração da economia tem sido razoavelmente
forte e vem confirmando os
piores cenários, tanto por fatores domésticos, como o desemprego, como pelo setor externo", afirma Pedro Paulo Silveira, economista-chefe da Gradual Investimentos.
Com a demanda retraída,
analistas dizem que não há espaço para repasses significativos da oscilação do dólar nem
mesmo para a incorporação da
inflação passada.
"O efeito câmbio tende a ser
visto de forma tímida. Mesmo
que peças e componentes sejam afetados, o cenário não
permite a incorporação de preços mais altos no produto final.
De outro lado, as principais
commodities estão em queda",
afirma Francis Kinder, analista
da Rosenberg e Associados. No
primeiro trimestre, o dólar teve
queda de 0,7%.
Efeito câmbio
Segundo o IBGE, houve "influência tímida" do dólar em
produtos como eletrodomésticos (0,58% de alta no trimestre) e computadores (1,51%).
Kinder estima que, após o resultado de março, o Banco Central tem espaço para efetuar
um novo corte de 1,5 ponto percentual na taxa básica de juros
na próxima reunião. Em março, a Selic foi reduzida para
11,25% ao ano.
Um dos efeitos da demanda
mais fraca ocorreu com os reajustes no grupo educação. Em
fevereiro, a alta de preços em
cursos e escolas representou
60% da taxa. No trimestre, a
maior influência na alta de preços veio do item colégios, com
variação de 5,12%.
Segundo Santos, em março o
grupo educação teve taxa negativa de 0,37%.
A redução do IPI (Imposto
sobre Produtos Industrializados) na venda de automóveis
contribuiu para o comportamento mais moderado da inflação no trimestre. Os automóveis novos tiveram queda de
preços de 4,58%, e os usados,
uma taxa negativa de 4,91%.
Em abril, o índice deve sofrer
a pressão de preços administrados. Estão previstos reajustes
de tarifas no metrô do Rio e no
serviço de água e esgoto em
Porto Alegre e Brasília.
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