São Paulo, quinta-feira, 09 de abril de 2009

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Inflação do 1º tri é a menor em 9 anos

IPCA, calculado pelo IBGE, fica em 0,2% em março, taxa mensal mais baixa desde setembro de 2007

Para especialistas, resultado comprova desaceleração da economia; "influência tímida" do dólar aparece em eletrodomésticos, diz IBGE


JANAINA LAGE
DA SUCURSAL DO RIO

A inflação medida pelo IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo, usado como referência para a meta de inflação) registrou a menor taxa para um primeiro trimestre desde 2000. De janeiro a março deste ano, a alta de preços ficou em 1,23%. Em março, a inflação de 0,20%, patamar abaixo das expectativas de analistas, foi a menor taxa desde setembro de 2007.
Segundo Eulina Nunes dos Santos, coordenadora de Índices de Preços do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), a inflação foi influenciada pela alta nos preços de ônibus urbanos em janeiro, pelos reajustes aplicados em fevereiro em matrículas e mensalidades escolares e pela alta sazonal de produtos alimentícios.
Produtos de peso, no entanto, ficaram mais baratos no trimestre, como arroz (-3,87%), feijão-carioca (-12,92%) e carnes (-4,70%).
Se, de um lado, a inflação mais baixa abre espaço para mais cortes de juros pelo Banco Central, de outro, analistas destacam que o nível mais baixo dos índices está ligado a uma queda da atividade econômica.
"A desaceleração da economia tem sido razoavelmente forte e vem confirmando os piores cenários, tanto por fatores domésticos, como o desemprego, como pelo setor externo", afirma Pedro Paulo Silveira, economista-chefe da Gradual Investimentos.
Com a demanda retraída, analistas dizem que não há espaço para repasses significativos da oscilação do dólar nem mesmo para a incorporação da inflação passada.
"O efeito câmbio tende a ser visto de forma tímida. Mesmo que peças e componentes sejam afetados, o cenário não permite a incorporação de preços mais altos no produto final. De outro lado, as principais commodities estão em queda", afirma Francis Kinder, analista da Rosenberg e Associados. No primeiro trimestre, o dólar teve queda de 0,7%.

Efeito câmbio
Segundo o IBGE, houve "influência tímida" do dólar em produtos como eletrodomésticos (0,58% de alta no trimestre) e computadores (1,51%).
Kinder estima que, após o resultado de março, o Banco Central tem espaço para efetuar um novo corte de 1,5 ponto percentual na taxa básica de juros na próxima reunião. Em março, a Selic foi reduzida para 11,25% ao ano.
Um dos efeitos da demanda mais fraca ocorreu com os reajustes no grupo educação. Em fevereiro, a alta de preços em cursos e escolas representou 60% da taxa. No trimestre, a maior influência na alta de preços veio do item colégios, com variação de 5,12%.
Segundo Santos, em março o grupo educação teve taxa negativa de 0,37%.
A redução do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) na venda de automóveis contribuiu para o comportamento mais moderado da inflação no trimestre. Os automóveis novos tiveram queda de preços de 4,58%, e os usados, uma taxa negativa de 4,91%.
Em abril, o índice deve sofrer a pressão de preços administrados. Estão previstos reajustes de tarifas no metrô do Rio e no serviço de água e esgoto em Porto Alegre e Brasília.


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