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Doze empresas querem disputar Belo Monte
Governo tenta formar dois ou mais consórcios, mas poucas inscritas têm como criar competição com grupo liderado pela Andrade Gutierrez
Planalto diz que não exerce pressão para a formação de consórcios, após desistência da Camargo Corrêa e da Odebrecht da licitação
LEILA COIMBRA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O governo tenta formar mais
dois ou até mesmo três consórcios para disputar Belo Monte.
A estratégia é juntar as 12 empresas inscritas na chamada
pública da Eletrobras em consórcios capitaneados cada um
por uma subsidiária da empresa (Furnas, Chesf, Eletronorte
e Eletrosul). Mas, das 12 empresas habilitadas, poucas teriam condições concretas de
formar um consórcio competitivo, segundo apurou a Folha.
Apenas os grupos Mendes
Júnior, J. Malucelli, Serveng,
Queiroz Galvão, OAS e uma estatal russa de energia teriam
musculatura financeira suficiente e devem se juntar formando um único grupo. O Bertin teria demonstrado interesse, mas não se inscreveu, disse
à Folha fonte próxima à negociação. A solução seria entrar
posteriormente no consórcio,
adquirindo indiretamente fatia
de alguma empresa inscrita.
Desistiram de se associar à
Eletrobras e também de participar do leilão, além da Camargo Corrêa e da Odebrecht, a
CPFL e a Suez. Esta última
afirma oficialmente que ainda
está analisando o projeto. Mas
pessoas ligadas ao grupo dizem
que a empresa não participará.
O presidente da Suez no Brasil, Maurício Bahr, disse anteontem que "é um projeto
muito grande e ainda sem garantias de viabilidade".
A Braskem demonstrou interesse em participar do leilão
como um autoprodutor (produzindo para consumo próprio), mas teria recebido um
veto da sua controladora, a
Odebrecht.
O presidente da Empresa de
Pesquisa Energética (EPE),
Maurício Tolmasquim, disse
que acredita na formação de
pelo menos mais dois consórcios competindo com o grupo
liderado pela Andrade Gutierrez e composto ainda por Vale,
Neoenergia e Votorantim.
"Estão se formando grupos.
No total, pode até haver a formação de três consórcios, mas
o mais provável é vermos dois",
afirma. Tolmasquim disse que
um número significativo de interessados pulverizados se candidatou. "A tendência é a de se
agruparem e formarem um ou
dois novos consórcios com as
subsidiárias da Eletrobras,
além daquele já formado."
Tolmasquim enfatizou que o
processo está ocorrendo normalmente para o leilão, que será realizado no dia 20, e descartou a possibilidade de o governo pressionar para a existência
de mais de um consórcio na
disputa, para não ficar frágil
politicamente. "Não existe
pressão nenhuma. Ninguém
forma grupos por pressão. Ou
se tem interesse empresarial
ou não se tem. Como é que se
pressiona? Eles se inscreveram
lá com a Eletronorte", disse.
O preço-teto da tarifa a ser
cobrada pela energia que será
produzida pela usina, estipulado em R$ 83 o megawatt-hora,
"é competitivo", afirmou o presidente da EPE. "Mesmo que
não tenha deságio, R$ 83 já é
um sucesso. Mas, se tiver deságio, melhor ainda", completou.
O teto da tarifa foi citado por
Camargo Corrêa e Odebrecht
como motivo para a desistência
da disputa.
A usina de Belo Monte será a
terceira maior do mundo, com
capacidade para gerar 11 mil
megawatts, projeto que estava
na gaveta do governo havia décadas por enfrentar obstáculos
socioambientais.
Apesar de ter obtido a licença ambiental prévia do Ibama
após pressão do governo -que
resultou até em demissões
dentro do órgão-, o documento é frequentemente questionado. O Ministério Público do
Pará entrou ontem na Justiça
contra a licença concedida para
o projeto.
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