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CURTO-CIRCUITO
Dívidas preocupam
Governo estuda intervir para "garantir" elétricas
ADRIANA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
O governo ainda não definiu a
forma como deverá analisar a situação financeira das empresas
de energia elétrica, mas será estudada a hipótese de intervenção direta nas companhias, segundo a
Folha apurou.
Na quarta-feira, o Ministério de
Minas e Energia informou que
criará uma comissão para avaliar
o tamanho do rombo nas contas
das empresas do setor. Isso será
feito como forma de o órgão
acompanhar de perto a situação
das elétricas.
O governo pensa, no entanto,
em definir formas diretas de atuar
para impedir que as empresas se
endividem demais.
Uma das saídas seria obrigar as
companhias, com dívidas elevadas, a só recorrer ao mercado, na
busca por mais empréstimos,
com a autorização da Aneel, a
agência do governo que regula esse setor no país.
A questão não foi debatida ainda porque a comissão que cuidará
do tema está iniciando os estudos.
Hoje a Aneel não tem poder para evitar que as companhias elevem seus débitos de forma considerada arriscada pelo governo.
Portanto a intervenção seria
uma forma de "proteger" o consumidor. Isso porque, na visão do
ministério, as empresas disponibilizam um serviço de atendimento ao público. E um alto nível
de endividamento poderia pôr
em risco a prestação do serviço.
Classificação
A forma de o governo classificar
uma empresa de energia como altamente endividada ou em situação saudável ainda não está definida. A possibilidade de fazer essa
classificação com base no débito
da companhia dividido pelo patrimônio líquido, ou pelo ativo,
gerou polêmica ontem.
A ministra Dilma Rousseff (Minas e Energia) disse na quarta-feira que o teto de endividamento
das elétricas poderia ser limitado
em relação ao ativo total.
Analistas afirmam, no entanto,
que essa relação entre dívida e ativo não é utilizada, regularmente,
para calcular os limites de endividamento. Segundo Sérgio Tamashiro, analista do Unibanco, seria
mais interessante usar a relação
entre dívida e geração de caixa para determinar a taxa limite de endividamento.
Essa forma de cálculo, no entanto, também não é vista como segura por integrantes do ministério, segundo a Folha apurou. Isso
porque a geração de caixa de uma
empresa é instável em determinados períodos, principalmente
quando o mercado está em recessão. E isso dificultaria na hora de
definir uma taxa.
AES
A discussão em torno desse assunto ganhou força por causa da
atual situação financeira da AES,
que controla a Eletropaulo. A empresa já deixou de pagar uma dívida de US$ 1,2 bilhão com o
BNDES.
Atualmente, segundo levantamento da Economática, a dívida
financeira das companhias do setor, em relação ao patrimônio líquido, está em 85,3%.
A taxa é elevada e se refere a
uma média do setor, de acordo
com o estudo.
Isso quer dizer que as empresas
precisariam, praticamente, ter de
vender tudo o que possuem para
pagar a dívida. Os débitos do setor cresceram principalmente por
causa da forte desvalorização do
real em 2002, que elevou as dívidas em dólar.
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