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São Paulo, sexta-feira, 09 de maio de 2003

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CURTO-CIRCUITO

Dívidas preocupam

Governo estuda intervir para "garantir" elétricas

ADRIANA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL

O governo ainda não definiu a forma como deverá analisar a situação financeira das empresas de energia elétrica, mas será estudada a hipótese de intervenção direta nas companhias, segundo a Folha apurou.
Na quarta-feira, o Ministério de Minas e Energia informou que criará uma comissão para avaliar o tamanho do rombo nas contas das empresas do setor. Isso será feito como forma de o órgão acompanhar de perto a situação das elétricas.
O governo pensa, no entanto, em definir formas diretas de atuar para impedir que as empresas se endividem demais.
Uma das saídas seria obrigar as companhias, com dívidas elevadas, a só recorrer ao mercado, na busca por mais empréstimos, com a autorização da Aneel, a agência do governo que regula esse setor no país.
A questão não foi debatida ainda porque a comissão que cuidará do tema está iniciando os estudos.
Hoje a Aneel não tem poder para evitar que as companhias elevem seus débitos de forma considerada arriscada pelo governo.
Portanto a intervenção seria uma forma de "proteger" o consumidor. Isso porque, na visão do ministério, as empresas disponibilizam um serviço de atendimento ao público. E um alto nível de endividamento poderia pôr em risco a prestação do serviço.

Classificação
A forma de o governo classificar uma empresa de energia como altamente endividada ou em situação saudável ainda não está definida. A possibilidade de fazer essa classificação com base no débito da companhia dividido pelo patrimônio líquido, ou pelo ativo, gerou polêmica ontem.
A ministra Dilma Rousseff (Minas e Energia) disse na quarta-feira que o teto de endividamento das elétricas poderia ser limitado em relação ao ativo total.
Analistas afirmam, no entanto, que essa relação entre dívida e ativo não é utilizada, regularmente, para calcular os limites de endividamento. Segundo Sérgio Tamashiro, analista do Unibanco, seria mais interessante usar a relação entre dívida e geração de caixa para determinar a taxa limite de endividamento.
Essa forma de cálculo, no entanto, também não é vista como segura por integrantes do ministério, segundo a Folha apurou. Isso porque a geração de caixa de uma empresa é instável em determinados períodos, principalmente quando o mercado está em recessão. E isso dificultaria na hora de definir uma taxa.

AES
A discussão em torno desse assunto ganhou força por causa da atual situação financeira da AES, que controla a Eletropaulo. A empresa já deixou de pagar uma dívida de US$ 1,2 bilhão com o BNDES.
Atualmente, segundo levantamento da Economática, a dívida financeira das companhias do setor, em relação ao patrimônio líquido, está em 85,3%.
A taxa é elevada e se refere a uma média do setor, de acordo com o estudo.
Isso quer dizer que as empresas precisariam, praticamente, ter de vender tudo o que possuem para pagar a dívida. Os débitos do setor cresceram principalmente por causa da forte desvalorização do real em 2002, que elevou as dívidas em dólar.


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