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ECONOMIA MUNDIAL
Analistas e autoridades econômicas defendiam corte, por causa da estagnação; euro bate recorde de alta
BC Europeu decepciona e não reduz juros
DA REDAÇÃO
O Banco Central Europeu desapontou, como previsto, a comunidade econômica mundial e decidiu ontem manter inalterada a
taxa de juros para os 12 países que
adotam o euro. A decisão impulsionou o euro, que subiu à maior
cotação em quatro anos, mas derrubou as Bolsas.
Por outro lado, a instituição relaxou sua meta inflacionária e indicou que poderá cortar os juros
no próximo mês. Até ontem, o
BCE tinha como meta manter a
inflação abaixo do teto de 2%, e,
agora, a meta será ter um índice
ao redor de 2%. O objetivo é evitar
os riscos de deflação (leia abaixo).
A autoridade monetária européia sofria forte pressão para reduzir sua principal taxa, que está
em 2,5% ao ano, devido aos crescentes sinais de desaceleração no
bloco econômico. A crise é especialmente grave na Alemanha, cujo mercado de trabalho vive os
piores dias desde o final da Segunda Guerra Mundial.
As Bolsas de Valores européias
reagiram mal à decisão e fecharam com quedas expressivas. A
Bolsa de Frankfurt sentiu o maior
impacto, com queda de 4%. Paris
encerrou em queda de 2,8%, e
Londres perdeu 1,6%.
"Provavelmente seria necessário um corte. Além disso, eles [os
diretores do BCE" deveriam ter
feito intervenções mais eficientes
nos últimos meses", reagiu o vice-ministro das Finanças da Itália,
Mario Baldassarri.
O presidente do BCE, Wim Duisenberg, afirmou que espera que
ocorra uma retomada no segundo semestre. "Os fatores que sustentam essa estimativa são uma
esperada recuperação na demanda global, aumento da renda em
decorrência da queda na inflação
e baixas taxas de juros."
A manutenção dos juros valorizou ainda mais o euro ante o dólar. A moeda européia chegou a
ser vendida acima de US$ 1,15, antes de fechar a US$ 1,144, o maior
preço desde janeiro de 1999. O euro foi introduzido no dia 1º daquele ano, quando teve sua cotação máxima, de US$ 1,176.
Gangorra de moedas
Os juros na zona do euro são o
dobro dos pagos nos EUA. Isso
explica, em parte, por que os investidores estão preferindo realocar seus recursos, diminuindo a
presença no mercado norte-americano e ampliando-a na Europa.
A principal taxa do Federal Reserve (banco central norte-americano) está em 1,25% ao ano há
seis meses, o menor patamar desde 1961. O Fed não mexeu na taxa
na terça-feira passada, mas sinalizou que poderá reduzi-la, caso a
economia não dê sinais de recuperação.
Nas últimas seis semanas, o euro ganhou 9% na comparação
com o dólar. Isso tornou as exportações européias menos competitivas, atingindo ainda mais a economia da Eurolândia.
O euro também subiu ontem na
comparação com o iene. Mas, na
comparação com o dólar, a moeda japonesa alcançou sua maior
cotação em dez meses.
Na semana, o iene subiu 2,5%
ante o dólar, despertando receio
no setor de exportação japonês.
Dólar fraco é um pesadelo para as
economias asiáticas de uma maneira geral. Por isso os países da
região costumam intervir no mercado, comprando dólares, e é isso
que o Japão indicou que fará.
O Banco da Inglaterra, banco
central do Reino Unido (que não
adota o euro), também decidiu
ontem não mexer nos juros. A taxa no país está em 3,75%, a menor
em 48 anos.
Com agências internacionais
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