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São Paulo, sexta-feira, 09 de maio de 2003

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ECONOMIA MUNDIAL

Analistas e autoridades econômicas defendiam corte, por causa da estagnação; euro bate recorde de alta

BC Europeu decepciona e não reduz juros

DA REDAÇÃO

O Banco Central Europeu desapontou, como previsto, a comunidade econômica mundial e decidiu ontem manter inalterada a taxa de juros para os 12 países que adotam o euro. A decisão impulsionou o euro, que subiu à maior cotação em quatro anos, mas derrubou as Bolsas.
Por outro lado, a instituição relaxou sua meta inflacionária e indicou que poderá cortar os juros no próximo mês. Até ontem, o BCE tinha como meta manter a inflação abaixo do teto de 2%, e, agora, a meta será ter um índice ao redor de 2%. O objetivo é evitar os riscos de deflação (leia abaixo).
A autoridade monetária européia sofria forte pressão para reduzir sua principal taxa, que está em 2,5% ao ano, devido aos crescentes sinais de desaceleração no bloco econômico. A crise é especialmente grave na Alemanha, cujo mercado de trabalho vive os piores dias desde o final da Segunda Guerra Mundial.
As Bolsas de Valores européias reagiram mal à decisão e fecharam com quedas expressivas. A Bolsa de Frankfurt sentiu o maior impacto, com queda de 4%. Paris encerrou em queda de 2,8%, e Londres perdeu 1,6%.
"Provavelmente seria necessário um corte. Além disso, eles [os diretores do BCE" deveriam ter feito intervenções mais eficientes nos últimos meses", reagiu o vice-ministro das Finanças da Itália, Mario Baldassarri.
O presidente do BCE, Wim Duisenberg, afirmou que espera que ocorra uma retomada no segundo semestre. "Os fatores que sustentam essa estimativa são uma esperada recuperação na demanda global, aumento da renda em decorrência da queda na inflação e baixas taxas de juros."
A manutenção dos juros valorizou ainda mais o euro ante o dólar. A moeda européia chegou a ser vendida acima de US$ 1,15, antes de fechar a US$ 1,144, o maior preço desde janeiro de 1999. O euro foi introduzido no dia 1º daquele ano, quando teve sua cotação máxima, de US$ 1,176.

Gangorra de moedas
Os juros na zona do euro são o dobro dos pagos nos EUA. Isso explica, em parte, por que os investidores estão preferindo realocar seus recursos, diminuindo a presença no mercado norte-americano e ampliando-a na Europa.
A principal taxa do Federal Reserve (banco central norte-americano) está em 1,25% ao ano há seis meses, o menor patamar desde 1961. O Fed não mexeu na taxa na terça-feira passada, mas sinalizou que poderá reduzi-la, caso a economia não dê sinais de recuperação.
Nas últimas seis semanas, o euro ganhou 9% na comparação com o dólar. Isso tornou as exportações européias menos competitivas, atingindo ainda mais a economia da Eurolândia.
O euro também subiu ontem na comparação com o iene. Mas, na comparação com o dólar, a moeda japonesa alcançou sua maior cotação em dez meses.
Na semana, o iene subiu 2,5% ante o dólar, despertando receio no setor de exportação japonês. Dólar fraco é um pesadelo para as economias asiáticas de uma maneira geral. Por isso os países da região costumam intervir no mercado, comprando dólares, e é isso que o Japão indicou que fará.
O Banco da Inglaterra, banco central do Reino Unido (que não adota o euro), também decidiu ontem não mexer nos juros. A taxa no país está em 3,75%, a menor em 48 anos.


Com agências internacionais


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