|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
TENSÃO ENTRE VIZINHOS
Governo não deu prazo para eles assumirem postos nem definiu suas funções; empresa não comenta
Bolívia nomeia diretores para a Petrobras
FABIANO MAISONNAVE
ENVIADO ESPECIAL A SANTA CRUZ DE LA SIERRA
O governo boliviano nomeou
ontem à tarde os novos diretores
da Petrobras Bolívia Refinación
S.A. e de outras empresas que, de
acordo com o decreto de nacionalização, terão de passar o controle
acionário à YPFB, a estatal boliviana de gás e petróleo. A posse
dos diretores ainda não tem data
marcada.
De acordo com o presidente da
YPFB, Jorge Alvarado, ainda faltam requisitos legais para que os
diretores recém-nomeados assumam. Ele disse que reuniões de
diretório serão convocadas nas
próximas duas semanas para
acertar os procedimentos, mas
não elaborou.
Com relação à Petrobras, Alvarado disse que, para comprar o
controle acionário da Petrobras
Refinación, a YPFB incluirá nas
negociações supostas dívidas que
a estatal brasileira tem com o Estado boliviano. Ele citou impostos
supostamente não pagos pela empresa brasileira.
As duas refinarias da Petrobras
estão localizadas em Santa Cruz e
em Cochabamba. Elas foram
compradas em 1999 do Estado
boliviano, por US$ 102 milhões, e
dominam o mercado de derivados de petróleo do país. A estatal
brasileira não divulga qual o valor
atual das duas unidades, que desde o decreto de nacionalização, na
segunda-feira da semana passada,
estão sob vigilância ininterrupta
do Exército boliviano.
Na semana passada, o ministro
de Hidrocarbonetos, Andrés Soliz
Rada, disse que a Petrobras e outras empresas nacionalizadas serão confiscadas pelo Estado caso a
negociação sobre as transferências de ações não chegue a um
acordo. Nesse cenário, o pagamento às empresas será determinado por uma auditoria.
Procurada pela Folha ontem à
noite, a assessoria da Petrobras
Bolívia informou que não se pronunciaria sobre o assunto.
Para a Petrobras Refinación,
que administra as duas maiores
refinarias do país, foram indicados os diretores Victor Hugo Cuellar, Waldo Oblitas, Santiago Sologuren e Sergio Miranda. Já Jorge
Soruco, apresentado no anúncio
como um militar, será o síndico
da empresa.
Em entrevista por telefone à Folha 30 minutos após o anúncio, o
vice-presidente da YPFB, Nelson
Cabrera, disse que não tinha nenhuma informação sobre as nomeações. Apenas explicou que a
função de síndico será a de fiscalizar o processo de transição, mas
sem direito a voto.
Missão brasileira
A nomeação dos novos diretores ocorreu dois dias antes da chegada de uma missão do governo
brasileiro, chefiada pelo ministro
Silas Rondeau (Minas e Energia) e
representantes da Petrobras.
Sobre as negociações com o
Brasil, Alvarado reclamou do prazo de 45 dias dado pelo presidente
da Petrobras, José Sérgio Gabrielli, antes de acionar a arbitragem
internacional. De acordo com o
presidente da YPFB, o prazo é
bem menor do que a transição de
180 dias prevista pelo decreto da
nacionalização.
"Não vamos deixar que ninguém nos pressione", disse Alvarado, durante a cerimônia de
anúncio dos diretores, ao lado de
Soliz Rada, em La Paz.
Além das refinarias da Petrobras, a YPFB assumirá o controle
acionário das empresas Transredes (responsável por parte do
transporte do gás ao Brasil), Chaco, Andina e Companhia Logística de Hidrocarbonetos de Bolívia.
Texto Anterior: Mercado aberto: Contingenciamento deve ser de R$ 20 bi Próximo Texto: Frase Índice
|