São Paulo, terça-feira, 09 de maio de 2006

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CRISE NO AR

Segundo presidente, credores do lado de fora da reunião poderiam contestar resultado para escolher proposta

Excesso de quórum faz Varig adiar assembléia

Leonardo Wen - 22.abr.06/Folha Imagem
Avião da Varig decola em Porto Seguro (BA); assembléia de credores foi adiada para hoje no Rio


JANAINA LAGE
DA SUCURSAL DO RIO

A assembléia de credores da Varig foi adiada para hoje devido ao excesso de quórum. A Deloitte, administradora judicial da Varig, decidiu transferir a assembléia para o hangar da empresa no aeroporto Santos Dumont por questões de segurança.
O número de trabalhadores foi acima do previsto e alguns vieram de outros Estados para acompanhar os desdobramentos da situação da companhia aérea. Cerca de 540 pessoas já tinham se credenciado quando a assembléia foi adiada e mais de 150 esperavam do lado de fora para participar.
Segundo o presidente da Varig, Marcelo Bottini, o adiamento não prejudica a empresa. "Há um problema de superlotação da área, existem pessoas que são credoras e estavam do lado de fora. Haveria o risco de contestarem depois a assembléia. Questão de horas não afeta a situação da Varig."
Nos bastidores, o TGV (Trabalhadores do Grupo Varig) apresentou sua proposta para os principais credores da aérea em reunião fechada. O grupo, que representa o voto dos aeronautas por decisão judicial, não aceita a proposta do governo e da Alvarez & Marsal, consultoria contratada para conduzir a reestruturação da Varig, que prevê a cisão da companhia em duas: uma voltada para o segmento doméstico e outra para os vôos internacionais.
O único consenso entre as propostas do TGV e a da consultoria é a alienação de ativos por leilão judicial para reestruturar as finanças da empresa. O TGV afirma que a Varig Internacional não conseguiria sobreviver por mais de seis meses sem uma companhia que operasse os trechos nacionais de alimentação dos vôos para o exterior. "Qual concorrente vai querer atuar como alimentadora para a Varig?", questionou um dos representantes do TGV.
Na noite de ontem, os credores voltaram a se reunir na sede da companhia. A idéia era fechar um acordo de unificação das propostas em que o mercado escolheria qual ativo da companhia seria vendido. "O investidor poderia fazer uma oferta somente pela Varig Doméstica ou pela Doméstica e Internacional", disse Marcio Marsillac, coordenador do TGV. O lance inicial da Varig Doméstica é estimado em US$ 700 milhões. Para Marsillac, o valor da fatia nacional e internacional chega a US$ 860 milhões.
O presidente da Varig defendeu a unificação das propostas. "Sou favorável a uma proposta que possa contemplar o máximo possível de opções para o investidor."
Para que qualquer proposta seja aprovada é preciso que ela tenha no mínimo a adesão de duas categorias e 30% dos votos de uma terceira categoria. Como o TGV tem peso significativo na votação da categoria dos trabalhadores, foi dado início a uma negociação.
Na avaliação de Elnio Borges, representante do TGV, a alteração no plano de recuperação representada pela proposta da Alvarez & Marsal significa uma fraude com os credores e a cisão da empresa só favoreceria os concorrentes. Borges questiona até a destinação dos recursos do faturamento da empresa e diz que os trabalhadores estão dispostos a reduzir os salários em até 50% para que a Varig continue voando.
Selma Balbino, presidente do Sindicato Nacional dos Aeroviários, disse que a aérea precisa ganhar fôlego financeiro no curto prazo, independentemente de divergências entre grupos. "Se não fechar uma posição amanhã [hoje] a Varig está fechada na quarta-feira [amanhã]. Não queremos escolher o patrão, queremos emprego e salários decentes."
Independente do resultado da reunião entre TGV e Varig, os credores vão analisar hoje a proposta do consultor Jayme Toscano, de US$ 1,9 bilhão, mas sem comprovação da origem dos recursos. Caso seja fechado um acordo, a proposta do TGV e da consultoria deve ser apresentada em conjunto.


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