São Paulo, terça-feira, 09 de maio de 2006 |
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CRISE NO AR Segundo presidente, credores do lado de fora da reunião poderiam contestar resultado para escolher proposta Excesso de quórum faz Varig adiar assembléia
JANAINA LAGE DA SUCURSAL DO RIO A assembléia de credores da Varig foi adiada para hoje devido ao excesso de quórum. A Deloitte, administradora judicial da Varig, decidiu transferir a assembléia para o hangar da empresa no aeroporto Santos Dumont por questões de segurança. O número de trabalhadores foi acima do previsto e alguns vieram de outros Estados para acompanhar os desdobramentos da situação da companhia aérea. Cerca de 540 pessoas já tinham se credenciado quando a assembléia foi adiada e mais de 150 esperavam do lado de fora para participar. Segundo o presidente da Varig, Marcelo Bottini, o adiamento não prejudica a empresa. "Há um problema de superlotação da área, existem pessoas que são credoras e estavam do lado de fora. Haveria o risco de contestarem depois a assembléia. Questão de horas não afeta a situação da Varig." Nos bastidores, o TGV (Trabalhadores do Grupo Varig) apresentou sua proposta para os principais credores da aérea em reunião fechada. O grupo, que representa o voto dos aeronautas por decisão judicial, não aceita a proposta do governo e da Alvarez & Marsal, consultoria contratada para conduzir a reestruturação da Varig, que prevê a cisão da companhia em duas: uma voltada para o segmento doméstico e outra para os vôos internacionais. O único consenso entre as propostas do TGV e a da consultoria é a alienação de ativos por leilão judicial para reestruturar as finanças da empresa. O TGV afirma que a Varig Internacional não conseguiria sobreviver por mais de seis meses sem uma companhia que operasse os trechos nacionais de alimentação dos vôos para o exterior. "Qual concorrente vai querer atuar como alimentadora para a Varig?", questionou um dos representantes do TGV. Na noite de ontem, os credores voltaram a se reunir na sede da companhia. A idéia era fechar um acordo de unificação das propostas em que o mercado escolheria qual ativo da companhia seria vendido. "O investidor poderia fazer uma oferta somente pela Varig Doméstica ou pela Doméstica e Internacional", disse Marcio Marsillac, coordenador do TGV. O lance inicial da Varig Doméstica é estimado em US$ 700 milhões. Para Marsillac, o valor da fatia nacional e internacional chega a US$ 860 milhões. O presidente da Varig defendeu a unificação das propostas. "Sou favorável a uma proposta que possa contemplar o máximo possível de opções para o investidor." Para que qualquer proposta seja aprovada é preciso que ela tenha no mínimo a adesão de duas categorias e 30% dos votos de uma terceira categoria. Como o TGV tem peso significativo na votação da categoria dos trabalhadores, foi dado início a uma negociação. Na avaliação de Elnio Borges, representante do TGV, a alteração no plano de recuperação representada pela proposta da Alvarez & Marsal significa uma fraude com os credores e a cisão da empresa só favoreceria os concorrentes. Borges questiona até a destinação dos recursos do faturamento da empresa e diz que os trabalhadores estão dispostos a reduzir os salários em até 50% para que a Varig continue voando. Selma Balbino, presidente do Sindicato Nacional dos Aeroviários, disse que a aérea precisa ganhar fôlego financeiro no curto prazo, independentemente de divergências entre grupos. "Se não fechar uma posição amanhã [hoje] a Varig está fechada na quarta-feira [amanhã]. Não queremos escolher o patrão, queremos emprego e salários decentes." Independente do resultado da reunião entre TGV e Varig, os credores vão analisar hoje a proposta do consultor Jayme Toscano, de US$ 1,9 bilhão, mas sem comprovação da origem dos recursos. Caso seja fechado um acordo, a proposta do TGV e da consultoria deve ser apresentada em conjunto. Texto Anterior: Construção terá reajuste de 6% Próximo Texto: Frase Índice |
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