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CSN tem R$ 1,2 bilhão bloqueado
Decisão da Justiça impede pagamento de dividendos a acionistas previsto para hoje
Em cobrança de Imposto de Renda, governo conseguiu autorização judicial para penhorar valor que equivale a todo o lucro do ano passado
LEANDRA PERES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O governo conseguiu autorização judicial para penhorar,
ontem, R$ 1,188 bilhão da CSN
(Companhia Siderúrgica Nacional) para garantir o pagamento de uma dívida tributária
da empresa com a Receita Federal. Esse valor equivale a todo o lucro líquido registrado
pela empresa no ano passado.
A decisão foi da juíza da 6ª
Vara Federal de Execuções Fiscais no Rio de Janeiro, que determinou o repasse de R$
685,262 milhões da conta corrente da CSN para a conta do
Tesouro Nacional e o bloqueio
de ações da empresa em tesouraria no valor de R$ 503,893
milhões. "Não é uma decisão
pioneira, mas é importante",
disse o procurador-geral adjunto da PGFN (Procuradoria
Geral da Fazenda Nacional),
Agostinho Netto.
Segundo o procurador, o dinheiro penhorado seria usado
hoje para pagar dividendos aos
acionistas da CSN. Os advogados do governo já pediram uma
outra penhora da conta corrente da empresa para substituir as
ações bloqueadas, mas não
houve decisão sobre o pedido.
A disputa da CSN com o governo é em torno do pagamento de R$ 1,197 bilhão de IRPJ
(Imposto de Renda Pessoa Jurídica). A CSN usou créditos
que considera ter acumulado
em operações de exportação incentivadas pelo governo com a
concessão de um crédito no IPI
(Imposto sobre Produtos Industrializados), o chamado crédito-prêmio do IPI, para pagar
o IRPJ devido. Mas a fiscalização da Receita Federal não
aceitou a compensação, invalidou a operação e passou a cobrar o tributo da CSN.
O crédito-prêmio foi um incentivo criado nos anos 60 para
operações de exportação. Para
o governo, as empresas perderam o direito de acumular esses
créditos nos anos 80, mas as
companhias argumentam que
ainda têm direito. A decisão sobre quem está com a razão dependerá de julgamento no STJ
(Superior Tribunal de Justiça).
A divulgação da penhora dos
recursos causou desconforto
na Fazenda. O ministro Guido
Mantega telefonou para o procurador durante a entrevista
coletiva e, segundo Agostinho
Netto, disse que preferia que a
imprensa fosse avisada de maneira "menos sonora".
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