São Paulo, quarta-feira, 09 de maio de 2007

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Empresa dos EUA vê sinal de propina no Brasil

Pride International constatou indício de suborno em outros países também

Companhia enviou relatório de auditoria interna à SEC e demitiu gerente da área de Venezuela e México; Receita afirma desconhecer caso


DENYSE GODOY
DE NOVA YORK

A Pride International, empresa americana que presta serviços de perfuração de poços de petróleo para outras companhias, enviou ontem relatório à SEC (Securities and Exchange Commission, órgão regulatório semelhante à brasileira Comissão de Valores Mobiliários) informando ter descoberto evidências de pagamento de propina a funcionários do governo no Brasil, no México, na Venezuela, na Índia, no Casaquistão e na Arábia Saudita.
Desde fevereiro de 2006, a comissão de auditoria do conselho administrativo da empresa está investigando as suas operações em alguns dos 25 países nos quais atua. Resultados preliminares da apuração sugerem que, no caso do Brasil, da Arábia Saudita e do Casaquistão, entre 2002 e 2006 foram feitos pagamentos ilegais para funcionários públicos ou terceiros -os quais depois repassariam as somas a eles- a fim de facilitar o trânsito de equipamentos da companhia pela alfândega desses países.
Na Venezuela, os pagamentos teriam sido feitos de 2003 a 2005 para estender contratos de prospecção de petróleo e gás. No México, foram detectadas irregularidades de 2002 a 2006, quando teriam sigo pagas propinas a funcionários da alfândega e da imigração.
A SEC exige das empresas que têm ações negociadas em Bolsa de Valores uma prestação de contas trimestral a respeito das suas atividades. "Nós voluntariamente estamos revelando essas informações e cooperando com as autoridades enquanto a investigação prossegue e elas analisam o assunto", disse a Pride no relatório. Os EUA possuem uma lei que prevê severas punições para empresas que praticam corrupção em outros países. No processo civil, a multa para quem paga propinas no exterior é de até US$ 10 mil (R$ 20,2 mil) por ocorrência; no criminal, ela pode chegar a US$ 2 milhões (R$ 4,04 milhões).
O gerente operacional da Pride International para Venezuela e México foi demitido. "A direção e o comitê de auditoria acreditam ser provável que membros da diretoria sênior de operações tinham conhecimento -ou deveriam ter tido conhecimento- de que pagamentos ilegais a autoridades de governos foram feitos ou propostos", afirmou a empresa.
Procurada pela Folha, até o fechamento desta edição a Pride International não quis dar declarações adicionais nem detalhar quais os problemas encontrados no Brasil.
Já a Receita Federal afirmou desconhecer o caso, mas informou que qualquer denúncia será devidamente investigada.


Colaborou a Sucursal de Brasília

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