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Empresa dos EUA vê sinal de propina no Brasil
Pride International constatou indício de suborno em outros países também
Companhia enviou relatório de auditoria interna à SEC e demitiu gerente da área de
Venezuela e México; Receita afirma desconhecer caso
DENYSE GODOY
DE NOVA YORK
A Pride International, empresa americana que presta
serviços de perfuração de poços
de petróleo para outras companhias, enviou ontem relatório à
SEC (Securities and Exchange
Commission, órgão regulatório
semelhante à brasileira Comissão de Valores Mobiliários) informando ter descoberto evidências de pagamento de propina a funcionários do governo
no Brasil, no México, na Venezuela, na Índia, no Casaquistão
e na Arábia Saudita.
Desde fevereiro de 2006, a
comissão de auditoria do conselho administrativo da empresa está investigando as suas
operações em alguns dos 25
países nos quais atua. Resultados preliminares da apuração
sugerem que, no caso do Brasil,
da Arábia Saudita e do Casaquistão, entre 2002 e 2006 foram feitos pagamentos ilegais
para funcionários públicos ou
terceiros -os quais depois repassariam as somas a eles- a
fim de facilitar o trânsito de
equipamentos da companhia
pela alfândega desses países.
Na Venezuela, os pagamentos teriam sido feitos de 2003 a
2005 para estender contratos
de prospecção de petróleo e
gás. No México, foram detectadas irregularidades de 2002 a
2006, quando teriam sigo pagas
propinas a funcionários da alfândega e da imigração.
A SEC exige das empresas
que têm ações negociadas em
Bolsa de Valores uma prestação
de contas trimestral a respeito
das suas atividades. "Nós voluntariamente estamos revelando essas informações e cooperando com as autoridades
enquanto a investigação prossegue e elas analisam o assunto", disse a Pride no relatório.
Os EUA possuem uma lei que
prevê severas punições para
empresas que praticam corrupção em outros países. No processo civil, a multa para quem
paga propinas no exterior é de
até US$ 10 mil (R$ 20,2 mil) por
ocorrência; no criminal, ela pode chegar a US$ 2 milhões (R$
4,04 milhões).
O gerente operacional da Pride International para Venezuela e México foi demitido. "A direção e o comitê de auditoria
acreditam ser provável que
membros da diretoria sênior de
operações tinham conhecimento -ou deveriam ter tido
conhecimento- de que pagamentos ilegais a autoridades de
governos foram feitos ou propostos", afirmou a empresa.
Procurada pela Folha, até o
fechamento desta edição a Pride International não quis dar
declarações adicionais nem detalhar quais os problemas encontrados no Brasil.
Já a Receita Federal afirmou
desconhecer o caso, mas informou que qualquer denúncia
será devidamente investigada.
Colaborou a Sucursal de Brasília
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