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Chineses vêm ao Centro-Oeste para conhecer produção rural
GITÂNIO FORTES
DA REDAÇÃO
As viagens de representantes
de grupos chineses, principalmente para o Brasil central,
chamam cada vez mais a atenção de corretores de terras.
"Neste ano eles vieram para
conhecer os sistemas produtivos", relata a agrônoma Jacqueline Dettmann Bierhals,
analista do Instituto FNP
(IFNP), que acompanha sistematicamente o mercado de
propriedades rurais.
Bierhals ressalva que ainda
não houve relatos de fechamentos de negócios por empresas chinesas.
"Pelo menos nas regiões consideradas mais importantes para a produção de grãos", como
Mato Grosso, Mato Grosso do
Sul, oeste baiano e o chamado
Mapito -a área de cerrado dos
Estados do Maranhão, do Piauí
e do Tocantins.
O investimento estrangeiro
tem sido um dos fatores de valorização da terra no Brasil, hoje em valores recordes.
O hectare no país deve superar atualmente os R$ 3.998,
média nacional registrada no
primeiro bimestre deste ano,
segundo apurou o IFNP.
Enquanto as compras chinesas não se concretizam, grupos
argentinos e norte-americanos
têm aquecido os negócios.
"O interesse é por grandes
áreas. Há aquisições fechadas à
vista. A simples procura de estrangeiros eleva os preços de
oferta. Claro que nem todo negócio é concluído pela proposta
inicial, mas esse não deixa de
ser um fator de valorização da
terra", diz Bierhals.
Por enquanto, o Brasil tem
espaço para oferecer aos chineses e a investidores de outros
países. Não há legislação específica sobre a aquisição de terra
por empresas estrangeiras.
A tendência, porém, é que as
restrições sejam ampliadas, dizem analistas. O tema chegou
ao Congresso. O Senado tratou
do assunto em audiência pública no começo do ano.
O Brasil tem uma das maiores áreas agricultáveis do mundo, boa parte delas ainda não
exploradas.
Da área total do país, 853 milhões de hectares, o IFNP calcula que 471 milhões sejam
ocupados atualmente por cidades e áreas de preservação (florestas e mananciais), além de
reservas indígenas.
A agropecuária brasileira
aproveita 278 milhões de hectares, sendo 199 milhões para
as pastagens e 79 milhões para
a agricultura -incluídas as lavouras anuais (com destaque
para grãos) e as perenes (como
café e fruticultura).
O país tem 104 milhões de
hectares agricultáveis, principalmente em áreas do cerrado,
para serem abertos sem necessidade de avançar sobre as florestas, diz Bierhals, em referência à Amazônia.
Especialistas da Embrapa estimam que 80% das pastagens
cultivadas no Brasil central estejam degradadas. Recuperados, esses solos também podem
servir para a agricultura.
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