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Paralisação deixa rastro de prejuízos no país
PAULO DE ARAUJO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
MATHEUS PICHONELLI
DA AGÊNCIA FOLHA
Após mais de 50 dias, a greve
dos auditores fiscais da Receita
Federal deixou um rastro de
prejuízos pelo país.
Embora afirme ser impossível fazer um balanço completo
das perdas, o diretor de comércio exterior do Ciesp (Centro
das Indústrias do Estado de São
Paulo), Ricardo Martins, estima que, em dias de pico do movimento, o valor das mercadorias paradas em portos e aeroportos chegou a aproximadamente R$ 2,5 bilhões.
À espera de desembaraço, essas mercadorias geram despesas de armazenagem que podem chegar a R$ 120 milhões
por dia, segundo cálculos da
Federação Nacional dos Despachantes Aduaneiros.
"Esse prejuízo cai nas costas
do importador. Não tem o que
fazer", diz Martins.
Para o setor de transportes,
as perdas chegam a mais de R$
20 milhões só nas despesas
com salário e encargos aos caminhoneiros, diz o vice-presidente de Assuntos Internacionais da NTC & Logística (Associação Nacional do Transporte
de Cargas e Logística), Ademir
Pozzani. Segundo ele, durante a
greve dos auditores, até 800 caminhões ficaram parados por
dia em 14 pontos de fronteira
fiscalizados pela Receita Federal. Cada veículo gera um custo
de até R$ 500 por dia. Em tempos normais, a fila não passa de
60 caminhões, afirma Pozzani.
"Nós sofremos uma pressão
muito forte no setor. Já vivemos uma crise profunda em razão da burocracia excessiva. E
quase todos os anos enfrentamos movimentos desse tipo
dos auditores. Agora, não tem
para quem reclamar", diz o vice-presidente da NTC & Logística, para quem muitas empresas de transporte devem fechar
em conseqüência da greve.
Mesmo com a trégua dos auditores, os transtornos devem
se estender. De acordo com
Martins, não será possível em
menos de 30 dias "colocar em
ordem o que os auditores deixaram parado". Ele espera que
os servidores realizem uma
operação especial para dar vazão à carga parada.
Segundo o diretor da Federação Nacional dos Despachantes
Aduaneiros Valdir Santos, há
um acúmulo de 15 mil processos de desembaraço de cargas
parados no país.
Para o diretor do Ciesp Santos, Ronaldo Forte, o prejuízo
maior, porém, não pode ser
quantificado. "É impossível dimensionar a perda de um cliente no exterior. Quando há uma
greve como essa, os clientes
procuram outros mercados."
Perdas pelo Brasil
O presidente da Aceam ( Associação de Comércio Exterior
da Amazônia), Wilson Périco,
avalia que a paralisação provocou mais de R$ 1 bilhão em prejuízos somente no Pólo Industrial de Manaus (AM).
Segundo ele, além de perdas
econômicas, a greve gerou impactos "sociais" e na "imagem
do país" diante de investidores.
Ele calcula que pelo menos mil
demissões tenham ocorrido
por causa da greve.
No Sul, um dos setores mais
prejudicados pela paralisação
foi o de transportes. Segundo o
gerente-executivo da ABTI
(Associação Brasileira de
Transportadores Internacionais), com sede em Uruguaiana
(RS), José Elder Machado,
existem ainda cerca de 3.000
veículos parados em portos secos no Sul do país. Os prejuízos
causados podem ter chegado a
US$ 40 milhões. "Foi um golpe
duro para o setor."
A Fiep (Federação das Indústrias do Estado do Paraná) informou que, pelo menos em
março, o desempenho do comércio exterior ficou "muito
abaixo" da média dos últimos
meses por conta da greve.
A importação, que havia
crescido no Estado 69,40% em
janeiro e 102,47% em fevereiro,
em relação ao mesmo período
do ano anterior, teve uma expansão de apenas 13,41% em
março. A exportação de produtos evoluiu apenas 9,63% em
relação ao ano anterior, contra
aumentos 55,15% e 28,01% em
janeiro e fevereiro.
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