São Paulo, sexta-feira, 09 de maio de 2008

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Paralisação deixa rastro de prejuízos no país

PAULO DE ARAUJO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

MATHEUS PICHONELLI
DA AGÊNCIA FOLHA

Após mais de 50 dias, a greve dos auditores fiscais da Receita Federal deixou um rastro de prejuízos pelo país.
Embora afirme ser impossível fazer um balanço completo das perdas, o diretor de comércio exterior do Ciesp (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo), Ricardo Martins, estima que, em dias de pico do movimento, o valor das mercadorias paradas em portos e aeroportos chegou a aproximadamente R$ 2,5 bilhões.
À espera de desembaraço, essas mercadorias geram despesas de armazenagem que podem chegar a R$ 120 milhões por dia, segundo cálculos da Federação Nacional dos Despachantes Aduaneiros.
"Esse prejuízo cai nas costas do importador. Não tem o que fazer", diz Martins.
Para o setor de transportes, as perdas chegam a mais de R$ 20 milhões só nas despesas com salário e encargos aos caminhoneiros, diz o vice-presidente de Assuntos Internacionais da NTC & Logística (Associação Nacional do Transporte de Cargas e Logística), Ademir Pozzani. Segundo ele, durante a greve dos auditores, até 800 caminhões ficaram parados por dia em 14 pontos de fronteira fiscalizados pela Receita Federal. Cada veículo gera um custo de até R$ 500 por dia. Em tempos normais, a fila não passa de 60 caminhões, afirma Pozzani.
"Nós sofremos uma pressão muito forte no setor. Já vivemos uma crise profunda em razão da burocracia excessiva. E quase todos os anos enfrentamos movimentos desse tipo dos auditores. Agora, não tem para quem reclamar", diz o vice-presidente da NTC & Logística, para quem muitas empresas de transporte devem fechar em conseqüência da greve.
Mesmo com a trégua dos auditores, os transtornos devem se estender. De acordo com Martins, não será possível em menos de 30 dias "colocar em ordem o que os auditores deixaram parado". Ele espera que os servidores realizem uma operação especial para dar vazão à carga parada.
Segundo o diretor da Federação Nacional dos Despachantes Aduaneiros Valdir Santos, há um acúmulo de 15 mil processos de desembaraço de cargas parados no país.
Para o diretor do Ciesp Santos, Ronaldo Forte, o prejuízo maior, porém, não pode ser quantificado. "É impossível dimensionar a perda de um cliente no exterior. Quando há uma greve como essa, os clientes procuram outros mercados."

Perdas pelo Brasil
O presidente da Aceam ( Associação de Comércio Exterior da Amazônia), Wilson Périco, avalia que a paralisação provocou mais de R$ 1 bilhão em prejuízos somente no Pólo Industrial de Manaus (AM).
Segundo ele, além de perdas econômicas, a greve gerou impactos "sociais" e na "imagem do país" diante de investidores. Ele calcula que pelo menos mil demissões tenham ocorrido por causa da greve.
No Sul, um dos setores mais prejudicados pela paralisação foi o de transportes. Segundo o gerente-executivo da ABTI (Associação Brasileira de Transportadores Internacionais), com sede em Uruguaiana (RS), José Elder Machado, existem ainda cerca de 3.000 veículos parados em portos secos no Sul do país. Os prejuízos causados podem ter chegado a US$ 40 milhões. "Foi um golpe duro para o setor."
A Fiep (Federação das Indústrias do Estado do Paraná) informou que, pelo menos em março, o desempenho do comércio exterior ficou "muito abaixo" da média dos últimos meses por conta da greve.
A importação, que havia crescido no Estado 69,40% em janeiro e 102,47% em fevereiro, em relação ao mesmo período do ano anterior, teve uma expansão de apenas 13,41% em março. A exportação de produtos evoluiu apenas 9,63% em relação ao ano anterior, contra aumentos 55,15% e 28,01% em janeiro e fevereiro.


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