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São Paulo, segunda-feira, 09 de junho de 2003

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CONSUMO

Estoque de insumos está ajustado, mas cresce o de produto acabado porque queda da renda fez demanda interna cair

Encalhe na indústria reduz produção de matéria-prima

ADRIANA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL

O estoque de matérias-primas para a produção de alimentos e bens duráveis está baixo. Boa parte do antigo volume foi "queimada" nos últimos quatro meses, com vendas ao exterior. No entanto as empresas que vendem esses insumos ainda não refizeram esse estoque completamente.
Cresce o temor de que, no atual período de renda minguada e demanda em declínio, a matéria-prima contratada para venda ao mercado interno fique parada no galpão da fábrica.
Segundo a Abraflex (associação do setor de embalagens flexíveis), o estoque está reduzido nas fábricas. "Chegamos a ter 30 dias de mercadorias nas unidades e outros 30 dias nos clientes. Isso tudo para venda. Hoje isso não passa de dez dias nas fábricas e dois ou três no cliente, que só estoca o necessário mesmo", diz Synésio da Costa, da associação.
Não é só isso: enquanto o estoque de insumos está ajustado, o volume de mercadorias (produto final) paradas nos depósitos e pátios só cresce. O pífio desempenho do consumo no mercado interno "travou" as vendas.
Dados do sindicato patronal de fabricantes de eletrônicos em Manaus (AM) apurou a existência de estoque de até 35 dias de produção em fábricas do setor. A média considerada ideal é de 20 dias.
Entre as montadoras que apuraram retração de vendas no ano, o estoque atinge 48 dias, em média, ou 18 dias além do período aceito como necessário.
Em maio, o estoque era menor -correspondia a 45 dias da produção. Vendas patinando e produção superior à demanda aumentaram o total de automóveis parados nas lojas e nas fábricas.
As montadoras instaladas no país venderam 106,64 mil veículos em maio -queda de 13,4% em relação ao mesmo mês de 2002. Segundo a Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores), o total de veículos vendidos em março, abril e maio foi o pior dos últimos dez anos nesse período do ano.

Desequilíbrio
Só há redução no estoque de insumos -para fabricação de mercadorias- porque houve escoamento das matérias-primas para o exterior. A cotação do dólar em R$ 3, mesmo sendo alvo de oscilações, ainda é considerada lucrativa, segundo os exportadores e a AEB -associação que representa o comércio exterior no Brasil.
Já o aumento no volume de produto final estocado existe porque há retração na demanda por produtos no mercado interno. Dados sobre as vendas no varejo de São Paulo mostram que, de fevereiro a maio deste ano, o comércio só registrou queda no faturamento.
"Nós até temos estoque que pode atender os pedidos em carteira para o mercado interno, que estão, entretanto, baixíssimos hoje", diz Boris Tabacof, presidente do conselho de administração da Bracelpa (papel e celulose).


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