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CONSUMO
Estoque de insumos está ajustado, mas cresce o de produto acabado porque queda da renda fez demanda
interna cair
Encalhe na indústria reduz produção de matéria-prima
ADRIANA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
O estoque de matérias-primas
para a produção de alimentos e
bens duráveis está baixo. Boa parte do antigo volume foi "queimada" nos últimos quatro meses,
com vendas ao exterior. No entanto as empresas que vendem esses insumos ainda não refizeram
esse estoque completamente.
Cresce o temor de que, no atual
período de renda minguada e demanda em declínio, a matéria-prima contratada para venda ao
mercado interno fique parada no
galpão da fábrica.
Segundo a Abraflex (associação
do setor de embalagens flexíveis),
o estoque está reduzido nas fábricas. "Chegamos a ter 30 dias de
mercadorias nas unidades e outros 30 dias nos clientes. Isso tudo
para venda. Hoje isso não passa
de dez dias nas fábricas e dois ou
três no cliente, que só estoca o necessário mesmo", diz Synésio da
Costa, da associação.
Não é só isso: enquanto o estoque de insumos está ajustado, o
volume de mercadorias (produto
final) paradas nos depósitos e pátios só cresce. O pífio desempenho do consumo no mercado interno "travou" as vendas.
Dados do sindicato patronal de
fabricantes de eletrônicos em Manaus (AM) apurou a existência de
estoque de até 35 dias de produção em fábricas do setor. A média
considerada ideal é de 20 dias.
Entre as montadoras que apuraram retração de vendas no ano,
o estoque atinge 48 dias, em média, ou 18 dias além do período
aceito como necessário.
Em maio, o estoque era menor
-correspondia a 45 dias da produção. Vendas patinando e produção superior à demanda aumentaram o total de automóveis
parados nas lojas e nas fábricas.
As montadoras instaladas no
país venderam 106,64 mil veículos
em maio -queda de 13,4% em
relação ao mesmo mês de 2002.
Segundo a Anfavea (Associação
Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores), o total de
veículos vendidos em março,
abril e maio foi o pior dos últimos
dez anos nesse período do ano.
Desequilíbrio
Só há redução no estoque de insumos -para fabricação de mercadorias- porque houve escoamento das matérias-primas para
o exterior. A cotação do dólar em
R$ 3, mesmo sendo alvo de oscilações, ainda é considerada lucrativa, segundo os exportadores e a
AEB -associação que representa
o comércio exterior no Brasil.
Já o aumento no volume de produto final estocado existe porque
há retração na demanda por produtos no mercado interno. Dados
sobre as vendas no varejo de São
Paulo mostram que, de fevereiro a
maio deste ano, o comércio só registrou queda no faturamento.
"Nós até temos estoque que pode atender os pedidos em carteira
para o mercado interno, que estão, entretanto, baixíssimos hoje", diz Boris Tabacof, presidente
do conselho de administração da
Bracelpa (papel e celulose).
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