São Paulo, quarta-feira, 09 de junho de 2004

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ARGENTINA

Negociação com credores acabou, afirma governo

CLÁUDIA DIANNI
DE BUENOS AIRES

O governo argentino decretou o fim das negociações com os credores da dívida em moratória antes de terminar as reuniões marcadas com os grupos de detentores de bônus.
Os credores argentinos acusam o Ministério da Economia de manipulá-los para cumprir a exigência do FMI (Fundo Monetário Internacional) de negociar bilateralmente a reestruturação da dívida.
O ministro da Economia, Roberto Lavagna, disse, na segunda-feira à noite, que a etapa de negociação com os credores privados está concluída.
Agora, os credores devem decidir se aceitam ou não a proposta, que desconta US$ 62 bilhões da dívida de US$ 105 bilhões (incluídos os juros) e oferece pagamento em até 42 anos.
"Já estamos na etapa de vender, de colocar os bônus nos mercados. A etapa anterior já terminou", disse Lavagna no programa de TV a cabo "14 Dias".
Apesar de decretar o fim das negociações, Lavagna ainda tem uma reunião amanhã com a Associação de Poupadores da República Argentina (AARI), que representa 2.000 credores.
Na próxima segunda-feira, ele recebe os credores alemães, que detêm 5% dos títulos em "default".
"O ministro não pode falar por nós. Ainda não discutimos com o governo e rejeitamos essa proposta. Negociação se faz frente a frente", disse o presidente da AARI, Carlos Baez Silva.
Segundo ele, a média de idade dos detentores de títulos que a AARI representa é de 60 anos. "Além da proposta, o governo terá de apresentar uma fórmula médica que faça essas pessoas viverem mais 42 anos", disse.

Encontro cancelado
A Associação dos Prejudicados pela Pesificação (ADAPD), que representa 7.000 detentores de títulos, cancelou o encontro que teria hoje com Lavagna. De acordo com a entidade, o governo não enviou os esclarecimentos técnicos necessários sobre a proposta.
"Estão nos usando para dizer que estão cumprindo com os passos da negociação, quando não há negociação", diz a nota divulgada pela ADAPD.
"Há cinco meses tentamos negociar e não temos resposta. O governo não está negociando de boa-fé, como determinou o FMI. E, com essa declaração, o ministro está invalidando as próximas reuniões com credores", disse Horácio Vasquez, tesoureiro da ADAPD, que também tem bônus.
"Vamos continuar discutindo, mas isso não quer dizer que vamos reavaliar nossa posição", afirmou Alberto Fernandez, chefe-de-gabinete do presidente Néstor Kirchner.
Segundo ele, as entidades querem pressionar o governo argentino a melhorar a oferta.


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