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ARGENTINA
Negociação com credores acabou, afirma governo
CLÁUDIA DIANNI
DE BUENOS AIRES
O governo argentino decretou o
fim das negociações com os credores da dívida em moratória antes de terminar as reuniões marcadas com os grupos de detentores de bônus.
Os credores argentinos acusam
o Ministério da Economia de manipulá-los para cumprir a exigência do FMI (Fundo Monetário Internacional) de negociar bilateralmente a reestruturação da dívida.
O ministro da Economia, Roberto Lavagna, disse, na segunda-feira à noite, que a etapa de negociação com os credores privados
está concluída.
Agora, os credores devem decidir se aceitam ou não a proposta,
que desconta US$ 62 bilhões da
dívida de US$ 105 bilhões (incluídos os juros) e oferece pagamento
em até 42 anos.
"Já estamos na etapa de vender,
de colocar os bônus nos mercados. A etapa anterior já terminou", disse Lavagna no programa
de TV a cabo "14 Dias".
Apesar de decretar o fim das negociações, Lavagna ainda tem
uma reunião amanhã com a Associação de Poupadores da República Argentina (AARI), que representa 2.000 credores.
Na próxima segunda-feira, ele
recebe os credores alemães, que
detêm 5% dos títulos em "default".
"O ministro não pode falar por
nós. Ainda não discutimos com o
governo e rejeitamos essa proposta. Negociação se faz frente a frente", disse o presidente da AARI,
Carlos Baez Silva.
Segundo ele, a média de idade
dos detentores de títulos que a
AARI representa é de 60 anos.
"Além da proposta, o governo terá de apresentar uma fórmula
médica que faça essas pessoas viverem mais 42 anos", disse.
Encontro cancelado
A Associação dos Prejudicados
pela Pesificação (ADAPD), que
representa 7.000 detentores de títulos, cancelou o encontro que teria hoje com Lavagna. De acordo
com a entidade, o governo não
enviou os esclarecimentos técnicos necessários sobre a proposta.
"Estão nos usando para dizer
que estão cumprindo com os passos da negociação, quando não há
negociação", diz a nota divulgada
pela ADAPD.
"Há cinco meses tentamos negociar e não temos resposta. O governo não está negociando de
boa-fé, como determinou o FMI.
E, com essa declaração, o ministro está invalidando as próximas
reuniões com credores", disse
Horácio Vasquez, tesoureiro da
ADAPD, que também tem bônus.
"Vamos continuar discutindo,
mas isso não quer dizer que vamos reavaliar nossa posição",
afirmou Alberto Fernandez, chefe-de-gabinete do presidente Néstor Kirchner.
Segundo ele, as entidades querem pressionar o governo argentino a melhorar a oferta.
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