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análise
Medida eleva pressão por redução no juro
LEANDRA PERES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A decisão de mexer no preço dos combustíveis já estava
tomada pelo governo havia
algumas semanas. Mas o
anúncio às vésperas de mais
uma reunião do Copom (Comitê de Política Monetária)
foi calculado para aumentar
a pressão para um corte mais
ousado nos juros.
Amanhã, o BC define a Selic que vai vigorar nos próximos 40 dias. Mas a decisão
de agora terá impactos só a
partir do fim do ano por causa da defasagem que há entre
o corte de juros e o resultado
sobre a economia.
E é exatamente a trajetória
de juros de 2010 que o governo pretende influenciar. Os
analistas do mercado já projetam uma inflação de 4,3%
no ano que vem. Muito próxima, portanto, da meta de
4,5% fixada pelo governo.
Com os novos preços do
diesel, principalmente, a inflação do ano que vem ficará
menor. O impacto não será
sentido diretamente no preço do combustível, mas indiretamente. Cairão os preços
dos fretes e das tarifas de
ônibus, em que o diesel representa 25% do custo total.
Com isso, as projeções de
inflação devem cair ainda
mais. Com uma expectativa
mais favorável para o comportamento dos preços, o BC
poderia, em tese, ser mais
agressivo no corte de juros.
A expectativa é a de uma
redução de 0,75 ponto percentual amanhã, o que traria
a Selic para 9,50% ao ano.
O argumento contrário é
que uma retomada consistente do crescimento poderia exigir maior cautela do
BC. Os defensores dessa tese
no governo explicam que um
corte maior agora poderia
forçar o Copom a fazer uma
subida mais acentuada em
2010, ano de eleições.
No curto prazo, o governo
também espera conseguir dividendos políticos com a mudança no preço dos combustíveis. Diesel mais barato significa que agricultores e caminhoneiros terão elevação
de renda. Além disso, o aumento na tributação da Cide,
contribuição que incide sobre os combustíveis, permitirá ao governo recompor
parte da arrecadação perdida
pelos Estados.
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