São Paulo, terça-feira, 09 de junho de 2009

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análise

Medida eleva pressão por redução no juro

LEANDRA PERES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A decisão de mexer no preço dos combustíveis já estava tomada pelo governo havia algumas semanas. Mas o anúncio às vésperas de mais uma reunião do Copom (Comitê de Política Monetária) foi calculado para aumentar a pressão para um corte mais ousado nos juros.
Amanhã, o BC define a Selic que vai vigorar nos próximos 40 dias. Mas a decisão de agora terá impactos só a partir do fim do ano por causa da defasagem que há entre o corte de juros e o resultado sobre a economia.
E é exatamente a trajetória de juros de 2010 que o governo pretende influenciar. Os analistas do mercado já projetam uma inflação de 4,3% no ano que vem. Muito próxima, portanto, da meta de 4,5% fixada pelo governo.
Com os novos preços do diesel, principalmente, a inflação do ano que vem ficará menor. O impacto não será sentido diretamente no preço do combustível, mas indiretamente. Cairão os preços dos fretes e das tarifas de ônibus, em que o diesel representa 25% do custo total.
Com isso, as projeções de inflação devem cair ainda mais. Com uma expectativa mais favorável para o comportamento dos preços, o BC poderia, em tese, ser mais agressivo no corte de juros.
A expectativa é a de uma redução de 0,75 ponto percentual amanhã, o que traria a Selic para 9,50% ao ano.
O argumento contrário é que uma retomada consistente do crescimento poderia exigir maior cautela do BC. Os defensores dessa tese no governo explicam que um corte maior agora poderia forçar o Copom a fazer uma subida mais acentuada em 2010, ano de eleições.
No curto prazo, o governo também espera conseguir dividendos políticos com a mudança no preço dos combustíveis. Diesel mais barato significa que agricultores e caminhoneiros terão elevação de renda. Além disso, o aumento na tributação da Cide, contribuição que incide sobre os combustíveis, permitirá ao governo recompor parte da arrecadação perdida pelos Estados.


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