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TECNOLOGIA
Empresa monitora via satélite o uso das terras em todo o país e pode fazer relatório completo a cada 16 dias
Embrapa faz controle aéreo de queimadas
JOSÉ SERGIO OSSE
DA REPORTAGEM LOCAL
O trabalho realizado pela Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) Monitoramento por Satélites desenvolveu
uma tecnologia para o controle
orbital do uso das terras do país.
Utilizando os satélites americanos da família Landsat, os técnicos da empresa poderiam fazer o
levantamento do uso das terras
em todo o país a cada 16 dias.
De acordo com o pesquisador
João Mangabeira, um dos responsáveis pelo monitoramento da
Embrapa, o satélite proporciona
um controle bastante eficaz das
áreas plantadas do país. Com a
ajuda de lentes calibradas eletronicamente para "ver" o que está
plantado, é possível, entre outras
coisas, fazer o levantamento da
previsão de safra do país.
"Esse monitoramento é importante por diversos aspectos, mas,
principalmente, pela possibilidade que nos dá de certificar os dados da produção. Assim, não precisamos ficar sabendo pelos americanos qual será o tamanho da
nossa safra", diz Mangabeira.
"E, além disso, podemos apontar quais as áreas plantadas com
problemas e sugerir possíveis rumos para o avanço da fronteira
produtiva", afirma.
Segundo ele, porém, esse trabalho não é realizado sistematicamente pela Embrapa, principalmente por causa dos elevados
custos do processo. A empresa
realiza o monitoramento de acordo com a demanda por informações do governo e dos diversos órgãos públicos.
Segundo o pesquisador, o papel
da Embrapa é apenas o de fornecer dados sobre o uso das terras
para o governo -e apenas quando é pedido- e desenvolver programas para a disseminação desse
mecanismo de monitoramento.
"Por exemplo, um banco que
queira verificar se as plantações
que financiou realmente existem
precisa criar sua própria equipe
de monitoramento. Nós podemos
apenas treiná-los", afirmou o pesquisador.
"Mas o ideal, claro, seria fazer
como nos EUA, onde o monitoramento oficial da agricultura é feito
totalmente por satélites semanalmente, como fazemos com as
queimadas aqui no Brasil."
Queimadas
O registro de queimadas no Brasil deste ano já começou a ser realizado pela Embrapa Monitoramento. Importante para o controle ambiental e para o controle de
uso da terra, o programa faz levantamentos semanais da situação das queimadas em todo o
país.
Utilizando o satélite americano
NOAA 12, a Embrapa, em conjunto com o Inpe (Instituto Nacional
de Pesquisa Espacial), faz o levantamento, que é repassado ao Ministério da Agricultura e às diversas delegacias federais agrícolas
do país para que os responsáveis
pelas queimadas sejam punidos.
O monitoramento é importante,
pois funciona como arma de fiscalização para os órgãos oficiais.
Agentes das delegacias federais
agrícolas vão a campo com os dados obtidos pelo satélite e fazem a
inspeção das fazendas. Caso tenha havido alguma irregularidade, o fazendeiro é autuado.
Segundo o pesquisador Eduardo Caputi, um dos responsáveis
pelo programa, a temporada de
queimadas está começando. Ela
afirma, porém, que já é possível
prever que neste ano o número de
queimadas deverá ser semelhante
ao registrado em 2001.
"As condições climáticas estão
ajudando e a previsão é que isso se
mantenha nos próximos meses,
os mais críticos do ano por causa
da seca que atinge a maior parte
do país", explica.
As queimadas são utilizadas
principalmente para o rápido
desmatamento de novas áreas para o plantio. Em alguns casos, porém, as queimadas são utilizadas
para facilitar as atividades dos
agricultores, como no caso da cana-de-açúcar. De acordo com Caputi, porém, o problema não são
tanto as queimadas promovidas
nos canaviais, dado que a maioria
delas é bem controlada. "O perigo
está nas queimadas sem controle,
que podem se transformar em
grandes incêndios", diz.
Esse tipo de fogo sem controle
ocorre, principalmente, nas áreas
de fronteira agropecuária, onde o
desmatamento é complicado e,
para agilizar o processo, é colocado fogo na mata para liberar o terreno. Esse tipo de prática é, hoje,
muito comum em Mato Grosso,
uma das mais importantes regiões de crescimento da agropecuária do país.
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