São Paulo, terça-feira, 09 de julho de 2002 |
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
TIPO EXPORTAÇÃO Vendas externas do produto somam US$ 1,5 bi por ano; Brasil é o único produtor mundial da essência Cai produção de óleo de pau-rosa, usado no Chanel nš 5
CÍNTIA CARDOSO DA REPORTAGEM LOCAL Matéria-prima de vários perfumes famosos -como o Chanel nš 5- o óleo essencial do pau-rosa, árvore nativa da floresta amazônica, registra queda acentuada na produção. A produção, que já chegou a 450 toneladas anuais na década de 80, hoje não ultrapassa 50 toneladas. As exportações do produto acompanham o declínio da produção e já recuaram 50% nos últimos quatro anos. O Brasil é o único produtor mundial do óleo de pau-rosa, cujas vendas internacionais geram cerca de US$ 1,5 bilhão anual. A título de comparação: o mercado internacional de perfumaria e cosmética gira por ano cerca de US$ 150 bilhões. Desde 1992, o pau-rosa faz parte da lista do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) de plantas em perigo de extinção. Estima-se que, ao longo de sete décadas de exploração, 500 mil árvores foram derrubadas e, hoje, as áreas de ocorrência se restringem ao Estado do Amazonas. Perfume Para especialistas em perfumaria, o impacto do declínio das exportações do óleo na produção mundial de perfumes é pequeno. No caso do Chanel nš 5, por exemplo, o óleo da árvore brasileira é apenas um dos estimados 80 outros ingredientes presentes na fórmula. No caso de outros perfumes, a matéria-prima brasileira tem sido gradualmente substituída por materiais sintéticos. Mesmo assim, pesquisadores brasileiros buscam alternativas ecologicamente viáveis para assegurar a produção. Uma das iniciativas para conciliar produtividade e proteção ambiental está em desenvolvimento no Laboratório de Química de Produtos Naturais da Unicamp. A instituição criou uma nova técnica de extração do óleo. No método convencional, a produção do óleo é baseada na destruição total da árvore, cujo tronco é cortado, reduzido a cacos e destilado. Com a nova técnica, só as folhas são retiradas. Segundo Lauro Barata, coordenador do projeto, mudas de pau-rosa serão plantadas em regiões de floresta degradadas. A expectativa é que cinco anos após o plantio as folhas estejam prontas para a destilação. "Por ser produzido de forma ecologicamente correta, o óleo das folhas pode alcançar preços de até US$ 50/kg no mercado internacional", afirma Barata. Pesquisadores do IAC (Instituto Agronômico de Campinas) também investem na busca por matérias-primas alternativas para a indústria de perfumaria. Um óleo produzido a partir do manjericão promete substituir o linalol (substância extraída de óleos essenciais usada como fixador de perfumes) sintético. Segundo o coordenador do projeto, Nilson Maia, o óleo de manjericão não será um concorrente direto do óleo de pau-rosa, mas o produto pode compor o buquê de vários perfumes. Para Maia, entretanto, o desafio será convencer a indústria a investir na comercialização e utilização do novo óleo. Texto Anterior: Frase Próximo Texto: Fiscalização do Ibama reduz extração Índice |
|