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Investir em ações é aposta arriscada para o segundo semestre
Especialistas recomendam manter mais da metade dos recursos em renda fixa, aproveitando os altos juros do país
Tesouro Direto e debêntures do BNDESPar são os melhores investimentos em renda fixa; na Bolsa, a estratégia é diversificar para diluir perdas
TONI SCIARRETTA
DA REPORTAGEM LOCAL
A Bolsa subiu 22,3% no primeiro semestre, performance
que dificilmente se repetirá no
restante de 2007 -caras, as
ações podem inclusive cair, dependendo do humor internacional. Por outro lado, os juros
em queda levarão os tradicionais fundos DI e de renda fixa a
renderem ainda menos do que
no primeiro semestre. Os DI
deram 6,16% e os fundos de
renda fixa, 6,06% até junho.
Para o investidor, chega ao
fim o ciclo de retorno fácil sem
riscos. Especialistas advertem
que mais do que nunca é necessário ficar atento a taxas de administração e de performance,
além dos impostos incidentes.
Acima de 3%, as taxas de administração inviabilizam os
fundos de renda fixa e de DI
-ou seja, é melhor ficar na poupança, que é isenta. Simulação
feita pelo Laboratório de Finanças da FIA-USP mostra que
a poupança já rende mais do
que um fundo DI para quem ficar menos de seis meses com
taxa acima de 2% -até 180 dias,
o IR é de 22,5%; depois cai para
até 15% após 720 dias.
O administrador de investimentos Fábio Colombo lembra
que mesmo com tendência de
baixa os juros brasileiros são
ainda os mais altos do mundo.
Ele recomenda que todos os investidores -seja conservador,
moderado ou arrojado- tenham mais da metade de seus
investimentos em renda fixa
(veja quadro acima).
Para o consultor Mauro Halfeld, investir a maior parte dos
recursos em renda fixa possibilita ao investidor se arriscar um
pouco na Bolsa. "A renda fixa
serve como colchão para amortecer eventuais quedas ou correções nas ações", disse.
Com 30 anos de experiência
em investimentos, Colombo
afirma que a Bolsa é a opção
mais arriscada no momento.
"São cinco anos de alta, não é
usual, faz com que aumente o
risco de que em algum momento caia. Quando vai acontecer,
ninguém sabe. Se soubesse não
seria renda variável, mas fixa."
Para Halfeld, apesar de ser
arriscado, aplicar uma pequena
parte do capital na Bolsa pode
ser um bom investimento. Ele
recomenda fundos focados em
dividendos e diversificação dos
papéis comprados. "As ações
brasileiras têm ainda potencial
para subir. O ciclo de alta das
commodities pode sustentar a
Bolsa por um tempo."
Halfeld não recomenda o
"homebroker" para quem não
for familiarizado com ações.
"Ele estimula demais as transações curtas. Alguns oferecem
desconto para mais de 80 transações. Vendem o sonho ao jovem de viver só de aplicações."
Colombo sugere ter investimento em câmbio para contornar eventuais crises. Após cair
9,74% no semestre, nada indica
porém que o dólar possa subir.
Comprar as debêntures (papéis de dívida privada que rendem juros) da BNDESpar também é uma boa opção. Além de
isentos de taxa de administração, a previsão é que rendam
mais do que o CDI nos próximos meses. O investimento mínimo é de R$ 1.000, e o máximo, de R$ 500 mil. Para comprá-los, o investidor deve procurar uma corretora ou o gerente do seu banco até o dia 23.
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