São Paulo, segunda-feira, 09 de julho de 2007

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Investir em ações é aposta arriscada para o segundo semestre

Especialistas recomendam manter mais da metade dos recursos em renda fixa, aproveitando os altos juros do país

Tesouro Direto e debêntures do BNDESPar são os melhores investimentos em renda fixa; na Bolsa, a estratégia é diversificar para diluir perdas

TONI SCIARRETTA
DA REPORTAGEM LOCAL

A Bolsa subiu 22,3% no primeiro semestre, performance que dificilmente se repetirá no restante de 2007 -caras, as ações podem inclusive cair, dependendo do humor internacional. Por outro lado, os juros em queda levarão os tradicionais fundos DI e de renda fixa a renderem ainda menos do que no primeiro semestre. Os DI deram 6,16% e os fundos de renda fixa, 6,06% até junho.
Para o investidor, chega ao fim o ciclo de retorno fácil sem riscos. Especialistas advertem que mais do que nunca é necessário ficar atento a taxas de administração e de performance, além dos impostos incidentes.
Acima de 3%, as taxas de administração inviabilizam os fundos de renda fixa e de DI -ou seja, é melhor ficar na poupança, que é isenta. Simulação feita pelo Laboratório de Finanças da FIA-USP mostra que a poupança já rende mais do que um fundo DI para quem ficar menos de seis meses com taxa acima de 2% -até 180 dias, o IR é de 22,5%; depois cai para até 15% após 720 dias.
O administrador de investimentos Fábio Colombo lembra que mesmo com tendência de baixa os juros brasileiros são ainda os mais altos do mundo. Ele recomenda que todos os investidores -seja conservador, moderado ou arrojado- tenham mais da metade de seus investimentos em renda fixa (veja quadro acima).
Para o consultor Mauro Halfeld, investir a maior parte dos recursos em renda fixa possibilita ao investidor se arriscar um pouco na Bolsa. "A renda fixa serve como colchão para amortecer eventuais quedas ou correções nas ações", disse.
Com 30 anos de experiência em investimentos, Colombo afirma que a Bolsa é a opção mais arriscada no momento. "São cinco anos de alta, não é usual, faz com que aumente o risco de que em algum momento caia. Quando vai acontecer, ninguém sabe. Se soubesse não seria renda variável, mas fixa."
Para Halfeld, apesar de ser arriscado, aplicar uma pequena parte do capital na Bolsa pode ser um bom investimento. Ele recomenda fundos focados em dividendos e diversificação dos papéis comprados. "As ações brasileiras têm ainda potencial para subir. O ciclo de alta das commodities pode sustentar a Bolsa por um tempo."
Halfeld não recomenda o "homebroker" para quem não for familiarizado com ações. "Ele estimula demais as transações curtas. Alguns oferecem desconto para mais de 80 transações. Vendem o sonho ao jovem de viver só de aplicações."
Colombo sugere ter investimento em câmbio para contornar eventuais crises. Após cair 9,74% no semestre, nada indica porém que o dólar possa subir.
Comprar as debêntures (papéis de dívida privada que rendem juros) da BNDESpar também é uma boa opção. Além de isentos de taxa de administração, a previsão é que rendam mais do que o CDI nos próximos meses. O investimento mínimo é de R$ 1.000, e o máximo, de R$ 500 mil. Para comprá-los, o investidor deve procurar uma corretora ou o gerente do seu banco até o dia 23.


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