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SP tem o 1º déficit comercial na era Lula
Ministério atribui resultado à importação de máquinas para a indústria; Fiesp critica efeitos do câmbio
IURI DANTAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Pela primeira vez desde o início do governo Lula, o Estado
de São Paulo, que representa a
maior força industrial do país,
registrou déficit comercial nos
primeiros seis meses deste ano,
em relação ao primeiro semestre do ano anterior. De janeiro a
junho, São Paulo exportou US$
27,19 bilhões e importou US$
30,16 bilhões, resultando em
déficit de US$ 2,98 bilhões.
O governo federal avalia as
compras externas como "extremamente positivas", pois a
maioria dos produtos importados é composta de máquinas e
equipamentos para a indústria.
A Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) ataca o câmbio baixo, que
provoca substituição de fornecedores nacionais por estrangeiros. A Faesp (Federação da
Agricultura do Estado de São
Paulo) avalia que importações
de trigo, arroz e fertilizantes
deterioraram a balança.
No primeiro semestre de
2007, o Estado de São Paulo teve superávit de US$ 2,25 bilhões, com exportações de US$
24,02 bilhões e compras de
US$ 21,76 bilhões. As vendas
paulistas respondem por 30%
das exportações do país. Logo, o
desempenho do Estado causa
forte impacto na balança comercial brasileira e indica tendências da indústria nacional.
No total, as exportações do
Brasil cresceram 24,8% no primeiro semestre, menos da metade do ritmo das importações,
que marcaram 51,8% de aumento nos primeiros seis meses deste ano, sempre em comparação com janeiro a junho de
2007. As exportações paulistas
cresceram 11,65% neste período, contra uma elevação de
27,85% nas importações.
Para o diretor-substituto de
Desenvolvimento e Planejamento do Comércio Exterior
do Ministério do Desenvolvimento, Roberto Dantas, só 11%
da importação de São Paulo se
refere a bens de consumo, contra 30% de bens de capital e
44% de bens intermediários
usados na indústria e na lavoura. "Essa composição é extremamente positiva. É o Estado
que mais participa na balança
do país e com característica de
importação de bens de capital e
insumos para investimentos."
Para a indústria paulista, o
déficit indica o resultado da valorização do real diante do dólar nos últimos anos, o que retira competitividade de produtos
brasileiros no exterior. Segundo o diretor de Pesquisas e Estudos Econômicos da Fiesp,
Paulo Francini, os dados não
são surpresa para o setor. "A valorização do real tem um efeito
perverso. Nunca tem benefício
da atividade produtiva em um
longo processo de valorização
da moeda, e as empresas vão se
adaptando a essa ventania."
Francini citou a indústria automobilística como exemplo de
dois movimentos do câmbio: a
compra de peças e equipamentos no exterior aumenta e a
venda do produto final, os automóveis, fica mais difícil, o que
leva as montadoras a direcionar parte maior da produção
para o mercado interno.
Presidente da Faesp, Tirso
Meirelles, acrescenta outro fator à alta das importações de
São Paulo: as compras de trigo e
arroz no mercado externo por
grandes indústrias processadoras de alimentos que se localizam no Estado. Além disso, os
agricultores importam fertilizantes cada vez mais caros.
"Temos uma grande importação de insumos da agricultura, como fertilizantes, cujo preço praticamente dobrou neste
ano", disse.
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