São Paulo, quarta-feira, 09 de julho de 2008

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

SP tem o 1º déficit comercial na era Lula

Ministério atribui resultado à importação de máquinas para a indústria; Fiesp critica efeitos do câmbio

IURI DANTAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Pela primeira vez desde o início do governo Lula, o Estado de São Paulo, que representa a maior força industrial do país, registrou déficit comercial nos primeiros seis meses deste ano, em relação ao primeiro semestre do ano anterior. De janeiro a junho, São Paulo exportou US$ 27,19 bilhões e importou US$ 30,16 bilhões, resultando em déficit de US$ 2,98 bilhões.
O governo federal avalia as compras externas como "extremamente positivas", pois a maioria dos produtos importados é composta de máquinas e equipamentos para a indústria.
A Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) ataca o câmbio baixo, que provoca substituição de fornecedores nacionais por estrangeiros. A Faesp (Federação da Agricultura do Estado de São Paulo) avalia que importações de trigo, arroz e fertilizantes deterioraram a balança.
No primeiro semestre de 2007, o Estado de São Paulo teve superávit de US$ 2,25 bilhões, com exportações de US$ 24,02 bilhões e compras de US$ 21,76 bilhões. As vendas paulistas respondem por 30% das exportações do país. Logo, o desempenho do Estado causa forte impacto na balança comercial brasileira e indica tendências da indústria nacional.
No total, as exportações do Brasil cresceram 24,8% no primeiro semestre, menos da metade do ritmo das importações, que marcaram 51,8% de aumento nos primeiros seis meses deste ano, sempre em comparação com janeiro a junho de 2007. As exportações paulistas cresceram 11,65% neste período, contra uma elevação de 27,85% nas importações.
Para o diretor-substituto de Desenvolvimento e Planejamento do Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Roberto Dantas, só 11% da importação de São Paulo se refere a bens de consumo, contra 30% de bens de capital e 44% de bens intermediários usados na indústria e na lavoura. "Essa composição é extremamente positiva. É o Estado que mais participa na balança do país e com característica de importação de bens de capital e insumos para investimentos."
Para a indústria paulista, o déficit indica o resultado da valorização do real diante do dólar nos últimos anos, o que retira competitividade de produtos brasileiros no exterior. Segundo o diretor de Pesquisas e Estudos Econômicos da Fiesp, Paulo Francini, os dados não são surpresa para o setor. "A valorização do real tem um efeito perverso. Nunca tem benefício da atividade produtiva em um longo processo de valorização da moeda, e as empresas vão se adaptando a essa ventania."
Francini citou a indústria automobilística como exemplo de dois movimentos do câmbio: a compra de peças e equipamentos no exterior aumenta e a venda do produto final, os automóveis, fica mais difícil, o que leva as montadoras a direcionar parte maior da produção para o mercado interno.
Presidente da Faesp, Tirso Meirelles, acrescenta outro fator à alta das importações de São Paulo: as compras de trigo e arroz no mercado externo por grandes indústrias processadoras de alimentos que se localizam no Estado. Além disso, os agricultores importam fertilizantes cada vez mais caros.
"Temos uma grande importação de insumos da agricultura, como fertilizantes, cujo preço praticamente dobrou neste ano", disse.


Texto Anterior: Frase
Próximo Texto: Abeiva: Venda de carros importados cresce 249% no 1º semestre
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.