São Paulo, segunda-feira, 09 de agosto de 2004

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RETOMADA

Balancetes mostram que companhias conseguiram elevar margem de lucro com repasse superior ao aumento dos insumos

Empresas reajustam além da alta do custo

ADRIANA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL

O festejado desempenho do setor produtivo nos últimos meses, com lucro e receita maiores, aconteceu, em parte, graças a uma política de reajustes nos preços neste ano -impulsionada pela expectativa de aumento na demanda. Em vários casos, esses aumentos superaram o custo de produção das empresas no país.
Dados de balancetes do segundo trimestre -nas áreas de alimentos, têxteis, siderurgia, papel e celulose e petroquímica- mostram que há queda no CPV (Custo dos Produtos Vendidos) das empresas. Há casos em que esse custo até cresceu em relação ao ano passado, mas a uma taxa bem menor do que a do aumento dos preços.
"Há setores que puderam reajustar preços além dos custos para garantir a margem de lucro. Há outros, com maior concorrência, em que isso é suicídio", diz David Wong, gerente da consultoria Booz Allen & Hamilton.
O balancete da Copesul de abril a junho informa que "os preços médios ponderados em reais aumentaram 10,9% em relação ao segundo trimestre do ano anterior" e acompanharam a variação dos preços dos insumos. O Custo dos Produtos Vendidos, porém, subiu 5% no mesmo período.
Segundo o balanço, "todos os produtos vendidos pela Copesul estão com preços muito elevados" (com exceção dos combustíveis, controlados pela Petrobras). Mais de 88% da receita do grupo é obtida com as vendas no país.
A companhia diz, porém, que essa definição dos preços leva em conta a possibilidade de repasse. "A minha sobrevivência é a sobrevivência do meu cliente", rebate o diretor de Relações com Investidores da Copesul, Bruno Albuquerque Piovesan.

Loja menor paga mais
Na Perdigão, os preços médios para o mercado interno subiram 1,6% no último trimestre e 5,8% no semestre. Os custos, porém, caíram 5% e 4,2%, respectivamente. A empresa é altamente exportadora, mas os reajustes foram praticados no mercado interno.
"Nossos custos caíram porque conseguimos melhorar nossa produtividade no campo e na fábrica", disse Wang Wei Xang, vice-presidente da Perdigão. "No caso dos aumentos, eles ocorreram em alguns segmentos do varejo, como lojas menores, onde é possível ter margens melhores."
Já a Avipal, produtora de leite, carnes e grãos, decidiu reduzir em 14,2% a venda de carnes para o mercado interno no segundo trimestre. Com a diminuição da oferta, subiram os preços.
Na siderurgia, os compradores de aço tiveram de pagar os aumentos determinados pelas companhias. A CSN diz, em balanço trimestral, que "a margem bruta permaneceu estável em 47% [comparação entre os segundos trimestres de 2003 e de 2004], já que os melhores preços do aço compensaram os aumentos nos preços das matérias-primas".
De tudo o que a CSN vende, 63% vão para o mercado doméstico. A receita líquida unitária do grupo subiu de R$ 1.334 a tonelada no segundo trimestre de 2003 para R$ 1.791 neste ano -alta de 34,2%.
A Coteminas (tecidos) reajustou os preços em 6,7% no primeiro semestre (alta de 6,1% nos custos).


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