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RETOMADA
Balancetes mostram que companhias conseguiram elevar margem de lucro com repasse superior ao aumento dos insumos
Empresas reajustam além da alta do custo
ADRIANA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
O festejado desempenho do setor produtivo nos últimos meses,
com lucro e receita maiores, aconteceu, em parte, graças a uma política de reajustes nos preços neste
ano -impulsionada pela expectativa de aumento na demanda.
Em vários casos, esses aumentos
superaram o custo de produção
das empresas no país.
Dados de balancetes do segundo
trimestre -nas áreas de alimentos, têxteis, siderurgia, papel e celulose e petroquímica- mostram
que há queda no CPV (Custo dos
Produtos Vendidos) das empresas. Há casos em que esse custo até
cresceu em relação ao ano passado, mas a uma taxa bem menor do
que a do aumento dos preços.
"Há setores que puderam reajustar preços além dos custos para
garantir a margem de lucro. Há
outros, com maior concorrência,
em que isso é suicídio", diz David
Wong, gerente da consultoria
Booz Allen & Hamilton.
O balancete da Copesul de abril
a junho informa que "os preços
médios ponderados em reais aumentaram 10,9% em relação ao
segundo trimestre do ano anterior" e acompanharam a variação
dos preços dos insumos. O Custo
dos Produtos Vendidos, porém,
subiu 5% no mesmo período.
Segundo o balanço, "todos os
produtos vendidos pela Copesul
estão com preços muito elevados"
(com exceção dos combustíveis,
controlados pela Petrobras). Mais
de 88% da receita do grupo é obtida com as vendas no país.
A companhia diz, porém, que
essa definição dos preços leva em
conta a possibilidade de repasse.
"A minha sobrevivência é a sobrevivência do meu cliente", rebate o
diretor de Relações com Investidores da Copesul, Bruno Albuquerque Piovesan.
Loja menor paga mais
Na Perdigão, os preços médios
para o mercado interno subiram
1,6% no último trimestre e 5,8%
no semestre. Os custos, porém,
caíram 5% e 4,2%, respectivamente. A empresa é altamente exportadora, mas os reajustes foram
praticados no mercado interno.
"Nossos custos caíram porque
conseguimos melhorar nossa produtividade no campo e na fábrica", disse Wang Wei Xang, vice-presidente da Perdigão. "No caso
dos aumentos, eles ocorreram em
alguns segmentos do varejo, como lojas menores, onde é possível
ter margens melhores."
Já a Avipal, produtora de leite,
carnes e grãos, decidiu reduzir em
14,2% a venda de carnes para o
mercado interno no segundo trimestre. Com a diminuição da
oferta, subiram os preços.
Na siderurgia, os compradores
de aço tiveram de pagar os aumentos determinados pelas companhias. A CSN diz, em balanço
trimestral, que "a margem bruta
permaneceu estável em 47%
[comparação entre os segundos
trimestres de 2003 e de 2004], já
que os melhores preços do aço
compensaram os aumentos nos
preços das matérias-primas".
De tudo o que a CSN vende, 63%
vão para o mercado doméstico. A
receita líquida unitária do grupo
subiu de R$ 1.334 a tonelada no segundo trimestre de 2003 para R$
1.791 neste ano -alta de 34,2%.
A Coteminas (tecidos) reajustou
os preços em 6,7% no primeiro semestre (alta de 6,1% nos custos).
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