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Liquidantes do caso Artur Falk trocam acusações
Atual diz que o antecessor teria favorecido acionista
ELVIRA LOBATO
DA SUCURSAL DO RIO
A ação judicial proposta anteontem pelo Ministério Público Federal contra o superintendente da Susep (Superintendência de Seguros Privados),
Renê Garcia, pedindo seu afastamento, desencadeou uma
troca de acusações entre o atual
liquidante da Interunion Capitalização, Renato Sobrosa Cordeiro, e seu antecessor, Antônio Roberto Telles de Menezes,
destituído no dia 7 de julho, por
decisão da Susep.
Sobrosa divulgou nota ontem
afirmando que Menezes, funcionário do BC, foi destituído
da função de liquidante da Interunion porque teria tentado
favorecer um dos acionistas da
empresa, Gilberto Bomeny, em
mais de R$ 20 milhões. Menezes negou a acusação e acusou
Sobrosa e Garcia de beneficiarem o empresário Artur Falk,
outro acionista da empresa.
"Enquanto Garcia for o superintendente da Susep e Sobrosa
for liquidante da Interunion, é
Falk quem dará as ordens", disse Menezes, que entrou em
guerra pública contra o dirigente da Susep. A ação proposta pelo Ministério Público está
sendo examinada sob segredo
de Justiça. Falk obteve ontem
habeas corpus no STJ. Ele estava preso desde 12 de julho.
O atual liquidante afirma, na
nota, que descobriu a ""irregularidade milionária" praticada
por Menezes -referindo-se
aos R$ 20 milhões com que ele,
supostamente, beneficiaria Bomeny- quando era consultor
jurídico da liquidação. A nota
diz ainda que Menezes tem induzido a Justiça a erro.
No dia 12 de julho, o atual liquidante da Interunion publicou o quadro de credores, com
redução de cerca de R$ 20 milhões em relação aos créditos
que tinham sido contabilizados
pelo ex-liquidante. Menezes
disse que não foi responsável
pela habilitação dos créditos e
que o valor anterior, a maior, tinha sido aprovado pela Susep
no ano passado.
A Interunion Capitalização
sofreu intervenção da Susep
em junho de 1996, porque seu
patrimônio era insuficiente para pagar o resgate dos títulos de
capitalização adquiridos por
milhares de pequenos investidores que concorriam aos prêmios do Papa-Tudo. Em 1998,
foi decretada a liquidação extrajudicial, que já dura quase
oito anos. Falk tem um terço
das ações da Interunion, e Bolmeny, que se tornou acionista
em 97, tem dois terços.
Denúncia
Oito procuradores da República entraram com ação civil
contra Garcia, por improbidade administrativa. Ele foi acusado pelos procuradores de
""acobertar, tomar parte e executar" as tentativas de Falk de
tumultuar a liquidação para obter desfecho favorável na esfera
criminal, o que nega.
A denúncia dos procuradores
se baseia, principalmente, nos
depoimentos e em documentação fornecida pelo ex-liquidante, que afirmou ontem que continuará municiando a Justiça
contra Garcia e Sobrosa.
No dia 12 de julho, Falk foi
condenado em segunda instância, pela Justiça Federal, a nove
anos e dois meses de prisão, por
crime financeiro. Ele recorria
em liberdade, mas foi preso
acusado de inibir a ação do Ministério Público Federal.
A Quinta Turma do STJ revogou a prisão preventiva decretada no último dia 26 pelo
Tribunal Regional Federal da
2ª Região (Rio de Janeiro).
Segundo o entendimento
unânime dos ministros do STJ,
não havia provas suficientes
para manter Falk preso.
O TRF determinou a prisão
de Falk com o argumento de
que o réu forjaria documentos
e poderia fugir por ser dono de
negócios no exterior e possuir
dupla nacionalidade.
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