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Teles querem fusão para ter escala contra estrangeiros
Empresas nacionais temem avanço da Telefónica (Espanha) e da Telmex (mexicana)
Apesar de negativas, Telemar e Brasil Telecom começaram a discutir fusão após saída do Opportunity do controle da segunda
EM SÃO PAULO
Brasil Telecom e Telemar
(Oi) começaram a discutir internamente uma fusão a partir
da substituição do grupo Opportunity, de Daniel Dantas, no
comando da BrT por representantes dos fundos de pensão e
do Citigroup, em 2005.
Estudos foram feitos para
subsidiar a movimentação dos
acionistas em relação às barreiras legais que impedem uma
concessionária de telefonia fixa
de adquirir ou de se juntar a outra de região diferente.
A fusão da BrT e da Telemar
resultaria numa megaempresa
com faturamento anual de
mais de R$ 40 bilhões.
Um dos estudos, obtidos pela
Folha, em abril, previa que, se
as duas empresas continuarem
separadas, serão engolidas, a
longo prazo, pelos grupos Telefónica (Espanha) e Telmex
(México), que estão em franca
expansão na América Latina.
O principal argumento das
teles, em defesa da fusão, é que
há um movimento mundial de
consolidação no setor, do qual
os EUA são o maior exemplo.
Na América Latina, exceto no
Brasil, Telmex e Telefónica
controlam 75% da telefonia fixa e 61% dos celulares.
Ontem, em São Paulo, o presidente da Oi, Luiz Eduardo
Falco, defendeu uma possível
união entre a empresa e a BrT.
Disse que a nova companhia seria uma competidora em potencial da Embratel e que a tendência seria a redução das tarifas na telefonia móvel, uma vez
que o braço celular da Oi poderia atuar em todo o Brasil.
No Brasil, já houve um acelerado processo de concentração
de empresas na área de telefonia celular. O modelo de competição, desenhado sob FHC,
era de empresas regionais.
Nos últimos anos, porém, as
empresas regionais foram absorvidas por empresas maiores,
e a concepção do modelo passou a ser de operadoras nacionais. A última grande aquisição
no setor foi a compra, na semana passada, da Telemig e da Tele Amazônia Celular pela Vivo
(50% da Telefónica e 50% da
Portugal Telecom).
Nos EUA, as Baby Bells se
reagruparam, e a competição se
restringiu a quatro grupos.
BrT e Telemar avaliam que
estão ficando para trás na corrida pela convergência dos serviços de voz, dados e imagem, por
serem impedidas de ter TV a
cabo, e que esse fato, ao lado da
erosão da receita da telefonia,
reduzirá seu valor de mercado.
A Telmex tem 76% do mercado de TV a cabo do país, como
acionista da Net e da Vivax, e
oferece voz, TV paga e internet
às classes A e B, sem a obrigação
de levar a telefonia às áreas pobres. Já a Telefónica comprou
parte da TVA.
Legislação
Na visão das teles, o decreto
2.534/98 impede a fusão de
concessionárias fixas. O decreto determina que, se uma concessionária adquirir outra, terá
de abrir mão da concessão original em 18 meses. Para eliminar a barreira, seria necessário
decreto presidencial.
Para as empresas, a Anatel
precisaria submeter um novo
plano de outorgas a consulta
pública. Mas há controvérsias
sobre a questão legal. Há advogados que entendem não haver
impedimento para a fusão.
(EL)
Colaborou a Reportagem Local
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