São Paulo, quinta-feira, 09 de agosto de 2007

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Teles querem fusão para ter escala contra estrangeiros

Empresas nacionais temem avanço da Telefónica (Espanha) e da Telmex (mexicana)

Apesar de negativas, Telemar e Brasil Telecom começaram a discutir fusão após saída do Opportunity do controle da segunda

EM SÃO PAULO

Brasil Telecom e Telemar (Oi) começaram a discutir internamente uma fusão a partir da substituição do grupo Opportunity, de Daniel Dantas, no comando da BrT por representantes dos fundos de pensão e do Citigroup, em 2005.
Estudos foram feitos para subsidiar a movimentação dos acionistas em relação às barreiras legais que impedem uma concessionária de telefonia fixa de adquirir ou de se juntar a outra de região diferente.
A fusão da BrT e da Telemar resultaria numa megaempresa com faturamento anual de mais de R$ 40 bilhões.
Um dos estudos, obtidos pela Folha, em abril, previa que, se as duas empresas continuarem separadas, serão engolidas, a longo prazo, pelos grupos Telefónica (Espanha) e Telmex (México), que estão em franca expansão na América Latina.
O principal argumento das teles, em defesa da fusão, é que há um movimento mundial de consolidação no setor, do qual os EUA são o maior exemplo.
Na América Latina, exceto no Brasil, Telmex e Telefónica controlam 75% da telefonia fixa e 61% dos celulares.
Ontem, em São Paulo, o presidente da Oi, Luiz Eduardo Falco, defendeu uma possível união entre a empresa e a BrT. Disse que a nova companhia seria uma competidora em potencial da Embratel e que a tendência seria a redução das tarifas na telefonia móvel, uma vez que o braço celular da Oi poderia atuar em todo o Brasil.
No Brasil, já houve um acelerado processo de concentração de empresas na área de telefonia celular. O modelo de competição, desenhado sob FHC, era de empresas regionais.
Nos últimos anos, porém, as empresas regionais foram absorvidas por empresas maiores, e a concepção do modelo passou a ser de operadoras nacionais. A última grande aquisição no setor foi a compra, na semana passada, da Telemig e da Tele Amazônia Celular pela Vivo (50% da Telefónica e 50% da Portugal Telecom).
Nos EUA, as Baby Bells se reagruparam, e a competição se restringiu a quatro grupos.
BrT e Telemar avaliam que estão ficando para trás na corrida pela convergência dos serviços de voz, dados e imagem, por serem impedidas de ter TV a cabo, e que esse fato, ao lado da erosão da receita da telefonia, reduzirá seu valor de mercado.
A Telmex tem 76% do mercado de TV a cabo do país, como acionista da Net e da Vivax, e oferece voz, TV paga e internet às classes A e B, sem a obrigação de levar a telefonia às áreas pobres. Já a Telefónica comprou parte da TVA.

Legislação
Na visão das teles, o decreto 2.534/98 impede a fusão de concessionárias fixas. O decreto determina que, se uma concessionária adquirir outra, terá de abrir mão da concessão original em 18 meses. Para eliminar a barreira, seria necessário decreto presidencial.
Para as empresas, a Anatel precisaria submeter um novo plano de outorgas a consulta pública. Mas há controvérsias sobre a questão legal. Há advogados que entendem não haver impedimento para a fusão. (EL)

Colaborou a Reportagem Local


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