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Suzano foi mais negociada dois dias antes
Volume de transações com papéis da empresa teve crescimento de 65% já na véspera de anúncio da venda à Petrobras
CVM abriu investigação para apurar movimento atípico na Bolsa com ações da companhia e utilização de informação privilegiada
PEDRO SOARES
JANAINA LAGE
DA SUCURSAL DO RIO
Nos dois dias anteriores à
compra da Suzano Petroquímica pela Petrobras, anunciada na
sexta-feira, dia 3, a CVM (Comissão de Valores Mobiliários)
constatou uma movimentação
atípica com os ações preferenciais da empresa, o que sugere o
uso de informação privilegiada.
No dia 2 de agosto, o volume
total de negócios com as ações
da companhia somou R$ 16,478
milhões, com alta de 65,2% em
relação ao dia anterior. No dia
1º do mês, o movimento ficou
em R$ 9,974 milhões, 93,2% a
mais do que em 31 de julho (R$
5,159 milhões). Segundo a
CVM, os mesmos papéis giravam diariamente cerca de R$
3,9 milhões em junho.
Na decisão judicial que bloqueou duas operações de venda
de ações da companhia, a juíza
federal Maria Amélia de Caravalho escreveu que "houve expressiva elevação do volume de
negociação com as ações preferenciais de emissão da Suzano
aparentemente sem nenhuma
explicação", o que sugere "informação privilegiada".
No dia da venda, em 3 de
agosto, as ações PN da Suzano
movimentaram R$ 67,435 milhões na Bolsa -309,2% a mais
do que no dia anterior. A notícia da aquisição vazou pela imprensa poucas horas antes do
anúncio oficial e motivou o aumento dos negócios com os papéis da companhia.
Em ação conjunta com o Ministério Público Federal, a
CVM obteve na Justiça anteontem liminar que impede a concretização da venda de ações
feita no dia 3 por um investidor
pessoa física, que teria lucrado
R$ 820 mil, e uma sociedade estrangeira, cujo ganho chegaria
a R$ 750 mil. Os nomes não foram revelados porque a ação
está sob segredo de Justiça.
Segundo o superintendente
de Relações com o Mercado,
Waldir Nobre, a ação cautelar
proposta pela CVM em parceria com o Ministério Público
objetivava impedir a fuga de recursos para o exterior.
Ele diz que as investigações
sobre o eventual uso de informação privilegiada continuam
em âmbito administrativo na
CVM e podem resultar em uma
ação civil pública de indenização ao mercado de capitais.
O presidente da Petrobras,
José Sergio Gabrielli, disse, por
meio de assessoria, que "a CVM
tem todo o apoio da Petrobras
para investigar e punir."
A Suzano Petroquímica informou que tem "a convicção
de que nenhum funcionário ou
executivo do grupo usou de informação privilegiada para obter benefícios" com as negociações com ações da companhia,
pois "muito poucos" sabiam da
transação e assinaram termos
de confidencialidade. "Porém,
se aparecer qualquer evidência
de que funcionários do grupo
tenham atuado de forma incorreta, tomaremos imediatamente todas as medidas cabíveis."
A empresa afirmou que no
dia do anúncio da transação
com a Petrobras, 3 de agosto,
"notou um comportamento diferente de suas ações" desde a
abertura e pediu à Bovespa a
suspensão da negociação dos
papéis, o que ocorreu às 12h15.
Segundo a Suzano, às 15h, um
fato relevante já informava a
transação.
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