São Paulo, quinta-feira, 09 de agosto de 2007

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Suzano foi mais negociada dois dias antes

Volume de transações com papéis da empresa teve crescimento de 65% já na véspera de anúncio da venda à Petrobras

CVM abriu investigação para apurar movimento atípico na Bolsa com ações da companhia e utilização de informação privilegiada

PEDRO SOARES
JANAINA LAGE
DA SUCURSAL DO RIO

Nos dois dias anteriores à compra da Suzano Petroquímica pela Petrobras, anunciada na sexta-feira, dia 3, a CVM (Comissão de Valores Mobiliários) constatou uma movimentação atípica com os ações preferenciais da empresa, o que sugere o uso de informação privilegiada.
No dia 2 de agosto, o volume total de negócios com as ações da companhia somou R$ 16,478 milhões, com alta de 65,2% em relação ao dia anterior. No dia 1º do mês, o movimento ficou em R$ 9,974 milhões, 93,2% a mais do que em 31 de julho (R$ 5,159 milhões). Segundo a CVM, os mesmos papéis giravam diariamente cerca de R$ 3,9 milhões em junho.
Na decisão judicial que bloqueou duas operações de venda de ações da companhia, a juíza federal Maria Amélia de Caravalho escreveu que "houve expressiva elevação do volume de negociação com as ações preferenciais de emissão da Suzano aparentemente sem nenhuma explicação", o que sugere "informação privilegiada".
No dia da venda, em 3 de agosto, as ações PN da Suzano movimentaram R$ 67,435 milhões na Bolsa -309,2% a mais do que no dia anterior. A notícia da aquisição vazou pela imprensa poucas horas antes do anúncio oficial e motivou o aumento dos negócios com os papéis da companhia.
Em ação conjunta com o Ministério Público Federal, a CVM obteve na Justiça anteontem liminar que impede a concretização da venda de ações feita no dia 3 por um investidor pessoa física, que teria lucrado R$ 820 mil, e uma sociedade estrangeira, cujo ganho chegaria a R$ 750 mil. Os nomes não foram revelados porque a ação está sob segredo de Justiça.
Segundo o superintendente de Relações com o Mercado, Waldir Nobre, a ação cautelar proposta pela CVM em parceria com o Ministério Público objetivava impedir a fuga de recursos para o exterior.
Ele diz que as investigações sobre o eventual uso de informação privilegiada continuam em âmbito administrativo na CVM e podem resultar em uma ação civil pública de indenização ao mercado de capitais.
O presidente da Petrobras, José Sergio Gabrielli, disse, por meio de assessoria, que "a CVM tem todo o apoio da Petrobras para investigar e punir."
A Suzano Petroquímica informou que tem "a convicção de que nenhum funcionário ou executivo do grupo usou de informação privilegiada para obter benefícios" com as negociações com ações da companhia, pois "muito poucos" sabiam da transação e assinaram termos de confidencialidade. "Porém, se aparecer qualquer evidência de que funcionários do grupo tenham atuado de forma incorreta, tomaremos imediatamente todas as medidas cabíveis."
A empresa afirmou que no dia do anúncio da transação com a Petrobras, 3 de agosto, "notou um comportamento diferente de suas ações" desde a abertura e pediu à Bovespa a suspensão da negociação dos papéis, o que ocorreu às 12h15.
Segundo a Suzano, às 15h, um fato relevante já informava a transação.


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