São Paulo, sábado, 09 de agosto de 2008

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Dólar tem maior valor em relação ao euro em 5 meses

Temor com economia européia anima moeda americana

DO "FINANCIAL TIMES"

O dólar voltou a subir nesta semana, atingindo sua mais alta cotação diante do euro em cinco meses e chegando à sua melhor marca diante da libra em 20 meses, em meio a uma crescente convicção de que os efeitos da crise de crédito estão se espalhando pelo mundo.
Ontem, o dólar registrou seu melhor desempenho diário diante do euro em oito anos. Ao longo da semana, a moeda norte-americana subiu 3,2%, para US$ 1,5055, na comparação com o euro, a sua marca mais forte desde fevereiro.
Os operadores dizem que a baixa liquidez de agosto e as potenciais liquidações de emergência de apostas em longo prazo contra o dólar significavam que os riscos de movimentação considerável nos próximos dias eram bastante elevados.
O dólar demonstrou reação limitada à decisão do Fed (o BC dos EUA), na terça, de manter o juro em 2% ao ano. Em lugar disso, foram os comentários de Jean-Claude Trichet, o presidente do Banco Central Europeu (BCE), anteontem, que serviram como catalisador da mudança. O BCE, como se esperava, manteve inalterada a sua taxa de juros de referência, em 4,25%. Mas Trichet alertou de que a economia da zona do euro enfraquecerá consideravelmente nos próximos meses.
Os analistas dizem que a escala do sentimento positivo com relação ao dólar era sublinhada pelo fato de que os investidores simplesmente prefeririam ignorar a retórica dura que Trichet empregou quanto à inflação e às suas tentativas de desconsiderar a atual fraqueza da economia na zona do euro, com a alegação de que ela se recuperará antes do final do ano.
"Os membros do mercado simplesmente não acreditaram na sinopse, e o euro despencou", afirmou Derek Halpenny, do Bank of Tokyo-Mitsubishi. "O ímpeto atual encorajará pelo menos um teste de curto prazo quanto ao piso de US$ 1,50 para a cotação euro/dólar."
O euro também perdeu 0,5% diante da libra (está cotado a 0,7843 libra), depois que o Banco da Inglaterra (o BC britânico), paralisado pelos crescentes sinais de uma desaceleração acompanhada por alta de inflação no Reino Unido, manteve inalterada sua taxa de juros, em 5%, também nesta semana.
Mas a libra caiu à sua mais baixa cotação diante do dólar desde novembro de 2006. A queda da libra a levou a uma cotação de US$ 1,9189, com perda de 2,9% na semana, dada a persistência de indicadores econômicos fracos que sinalizam que o Reino Unido se encaminha para uma recessão.
O dólar também avançou em outros mercados, refletindo a virada positiva de sentimentos em relação à moeda norte-americana. Ele subiu em 3% diante do franco suíço na semana. Em relação ao dólar canadense, a alta foi de 3,7%. Na comparação com a moeda japonesa, o dólar se valorizou em 2,2%, para 110,16 ienes, a sua maior cotação em sete meses.
Analistas disseram que o alívio das expectativas inflacionárias e a queda nos rendimentos mundiais também favoreceram o iene, que se valorizou em relação ao euro e à libra.


Tradução de PAULO MIGLIACCI


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