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SP quer cobrar Petrobras por queima de gás no Estado
Para a Fazenda, circulação de gás é
tributável, e imposto pode ser bilionário
Fisco estadual prepara a
maior autuação de sua
história, de R$ 2,7 bi, contra
grande empresa, afirma
secretário da Fazenda de SP
FÁTIMA FERNANDES
CLAUDIA ROLLI
DA REPORTAGEM LOCAL
O governo paulista intensificou a fiscalização nas usinas de
açúcar e álcool porque verificou queda significativa na arrecadação de ICMS do setor. Há
indícios de sonegação fiscal, segundo Mauro Ricardo Costa,
secretário da Fazenda.
A Fazenda paulista quer cobrar ainda a Petrobras pela
queima de gás no Estado, além
de buscar no Tesouro federal
ressarcimento de imposto por
causa da alteração contábil feita pela estatal. Essa alteração
gerou controvérsia entre o governo Lula e a Receita Federal.
A atenção do governo paulista está voltada para o setor de
açúcar e álcool porque é um dos
mais incentivados pelo Estado,
segundo Costa. A alíquota de
ICMS para o álcool hidratado é
de 12% e, para o açúcar, de 7%.
A maior parte dos produtos
paulistas paga ICMS de 18%.
"Com esse incentivo, não há
porque esse setor recolher menos imposto do que no ano passado, e já sabemos que não houve queda de vendas. A contrapartida que o governo espera,
em termos de recolhimento de
tributos, não está ocorrendo
como gostaríamos. Por isso, esse setor merece uma atenção
especial", diz Costa.
Com a queda de arrecadação
de ICMS, em decorrência da retração do nível de atividade
econômica, o governo Serra intensificou a fiscalização para
minimizar os efeitos da crise.
De janeiro a julho deste ano, a
receita tributária, de R$ 52,4
bilhões, foi R$ 1,4 bilhão menor
do que a prevista.
Além de expandir para 23 setores o regime de substituição
tributária (recolhimento do
ICMS no início da cadeia), o governo intensificou a fiscalização a devedores e sonegadores
de IPVA e a comerciantes por
meio do programa Nota Fiscal
Paulista, que devolve parte do
imposto a consumidores que
pedirem nota fiscal.
Grandes empresas também
estão na mira de Costa. Neste
mês, um grande contribuinte
será autuado em R$ 2,7 bilhões,
diz ele. Esse será o mais elevado
auto de infração da Fazenda
paulista. Até então, o maior auto aplicado foi de R$ 2 bilhões,
que ainda está em discussão no
TIT (Tribunal de Impostos e
Taxas) -segunda instância administrativa da pasta.
Petrobras
O Tesouro Nacional deverá
ser cobrado, segundo o secretário, pelo procedimento contábil da Petrobras que teria permitido reforço de caixa da ordem de R$ 4 bilhões à empresa
e economia no pagamento de
impostos. "Um dos problemas
com essa mudança foi que perdemos R$ 47 milhões de Cide.
Se está certo ou está errado o
que a Petrobras fez, para a gente pouco importa. A discussão é
entre a Receita Federal e a Petrobras. Agora é preciso contabilizar isso e fazer o repasse.
Nós estamos reivindicando que
o Tesouro Nacional repasse esse valor perdido, independentemente da disputa com a Petrobras. A contabilização deve
ser feita. Depois, se a Receita
Federal achar que está inadequada, deve estornar a contabilização que a Petrobras fez e entrar em discussão administrativa, judicial. O Estado de São
Paulo está cobrando", diz.
O governo paulista também
vai cobrar, segundo o secretário, o ICMS devido sobre o gás
que a Petrobras tem queimado
nos últimos meses. "Se a Petrobras quer queimar gás, isso é
um problema dela. Acho que é
prejudicial ao país. Agora, a empresa tem de pagar o imposto
devido porque ela fez a extração e a circulação do gás. E, se
fez isso, tem de pagar o imposto, porque o fato gerador do
ICMS ocorreu. Se eu compro
um bem e o destruo, o problema é meu", afirma o secretário.
O valor do imposto supostamente devido pelo gás descartado ainda está sendo apurado
e pode chegar à casa do bilhão,
diz Costa.
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