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CURTO-CIRCUITO
Banco cria empresa e aceita bens da AES para abater dívida de US$ 1,2 bi; americanos seguem no controle
Acordo dá ao BNDES metade da Eletropaulo
JULIANA RANGEL
DA SUCURSAL DO RIO
O BNDES (Banco Nacional de
Desenvolvimento Econômico e
Social) selou um acordo preliminar para renegociar a dívida de
US$ 1,2 bilhão da AES Corp.
Em 1998 e 2000, a americana pegou empréstimos do BNDES relacionados à compra da Eletropaulo, maior distribuidora de energia
da América Latina. Mas cessou
parte dos pagamentos em janeiro.
Para recuperar o dinheiro, o banco ameaçou leiloar as ações da
Eletropaulo dadas em garantia.
Pelo acordo preliminar anunciado ontem, o BNDES desiste de
leiloar a Eletropaulo, que atende
14 milhões de consumidores no
Estado de São Paulo.
Em troca, torna-se dono de metade das ações de uma nova companhia que controlará os principais ativos da AES no Brasil
-avaliados pelo acordo em US$
600 milhões. A empresa americana, no entanto, terá o controle da
nova companhia.
Os US$ 600 milhões restantes da
dívida serão refinanciados. Em
dinheiro, a AES se compromete a
quitar, num primeiro momento,
apenas US$ 60 milhões.
O diretor de Financiamento e de
Infra-Estrutura do BNDES, Roberto Timótheo da Costa, disse
que a nova empresa terá o nome
provisório de NovaCom.
A companhia, da qual o BNDES
terá participação de 50% menos
uma ação, vai agrupar os ativos da
Eletropaulo, da AES Uruguaiana
e da AES Tietê (a mais rentável
unidade do grupo). O BNDES poderá também incluir a AES Sul no
acordo, se achar interessante.
A AES cuidará da parte operacional e do dia-a-dia da empresa.
O banco terá uma representação
menor no Conselho de Administração, mas com poder de veto sobre questões estratégicas.
A engenharia financeira deverá
ser aprovada após 60 dias -período em que será avaliada a situação econômica das empresas.
Mas há um complicador. A AES
deu a AES Tietê como garantia
para a emissão de bônus no valor
de US$ 300 milhões nos EUA. Caso não consiga renegociar essa garantia com investidores, não haverá acerto com o BNDES.
O presidente do BNDES, Carlos
Lessa, disse que o banco desistiu
de executar a garantia da dívida
por uma questão de "interesse nacional". Disse ainda que, com o
acordo, o balanço do banco deixa
de ser deficitário.
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