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MERCOSUL
Ministro argentino traz lista ambiciosa de reivindicações; Kirchner confirma que não cumprirá prazo do setor automotivo
Lavagna chega para tentar mudar relações
CLÁUDIA DIANNI
DE BUENOS AIRES
O ministro da Economia da Argentina, Roberto Lavagna, chega
hoje a Brasília acompanhado do
secretário de Indústria, Alberto
Dumont, e mais sete empresários.
Quer discutir o que os argentinos
consideram as causas dos atuais
conflitos comerciais, as conseqüências do colapso de 2001 para
a integração e as diferenças de escala econômica com o Brasil.
Mecanismos formais de proteção para a sua indústria, compensações para variações cambiais,
investimentos da Petrobras e linhas de crédito são as principais
demandas dos argentinos.
Lavagna se reúne com os ministros Antonio Palocci Filho (Fazenda), Luiz Fernando Furlan
(Desenvolvimento) e Celso Amorim (Exterior). Ontem, o presidente Néstor Kirchner anunciou
formalmente que a Argentina não
vai cumprir o prazo estabelecido
pelo Mercosul de liberalizar o
mercado de automóveis em 2006.
"Queremos que a indústria automotiva se desenvolva no Brasil,
mas também na Argentina. Estou
seguro de que isso será compreendido pelo meu amigo, o presidente Lula", disse Kirchner.
Segundo a Folha apurou, Brasília vai concordar em mudar o cronograma. Tem interesse em que a
Argentina tenha indústrias fortes
não só para equilibrar o comércio,
mas evitar inclinações liberais.
Com indústrias para proteger na
Argentina, assim como no Brasil,
o vizinho não teria inclinações liberalizantes de comércio, como
nos anos 90, que prejudiquem os
planos de Lula de fortalecer a integração sul-americana para enfrentar o objetivo dos EUA de
criar uma área de livre comércio
no continente que poderia favorecer interesses americanos. Esse
objetivo explicaria, em parte, as
concessões do Brasil ao vizinho.
A Argentina também quer discutir a adoção de um mecanismo
que estabeleça uma forma de
compensação comercial atrelado
à variação do câmbio para proteger suas indústrias. Quer salvaguardas automáticas a serem adotadas toda vez que o real valer menos do que o peso. Essa diferença
de câmbio torna os produtos brasileiros mais baratos, aumentando as importações que os empresários argentinos entendem como
"invasão" -o que ocorreu com
os eletrodomésticos em julho.
Na pauta também devem entrar
as queixas argentinas contra os
incentivos fiscais dos Estados brasileiros, formas de acesso às linhas
de crédito do BNDES e pedidos de
intervenção para que a Petrobras
faça investimentos em gás.
Pauta construtiva
Furlan não quer discutir com
Lavagna as últimas pendências
comerciais entre os dois países,
como a imposição de barreiras às
exportações brasileiras de geladeiras, fogões e TVs. Segundo a
assessoria de imprensa do Desenvolvimento, o Brasil quer trabalhar sobre um pauta construtiva.
Ontem, Furlan se reuniu com
seus secretários para acertar quais
seriam os pontos apresentados
pelo Brasil na reunião com Lavagna. Para Furlan, as pendências já
estão sendo discutidas bilateralmente entre os empresários e o
governo em fórum específico. Entre os assuntos que Furlan quer
evitar está o acordo automotivo.
Colaborou a Sucursal de Brasília
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