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CONTAS EXTERNAS
Saída pelas CC5 é a maior desde 98; movimento foi concentrado em poucas instituições e para pagar dívida, diz BC
Empresas remetem US$ 2,11 bi em agosto
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Apesar das medidas tomadas
pelo governo na tentativa de regularizar o fluxo de dólares pelas
CC5 (contas de não-residentes), a
saída de recursos por meio desse
mecanismo atingiu valores recordes no mês passado. Em agosto,
as remessas somaram US$ 2,110
bilhões, nível mais elevado desde
outubro de 1998, quando se registrou a fuga de US$ 2,210 bilhões.
No mês passado, as remessas
feitas pelas CC5 superaram o valor de todas as operações feitas
entre janeiro e julho. Nos primeiros sete meses do ano, a saída de
recursos por esse instrumento somou US$ 1,539 bilhão. Em agosto
de 2003, foram US$ 91 milhões.
Segundo o BC, porém, os fatores que explicam o resultado do
mês passado são diferentes dos
observados em outubro de 1998.
À época, o país ainda estava sob
os efeitos da moratória russa, e as
remessas feitas pelas CC5 eram
generalizadas. No mês passado,
diz o BC, o envio de dólares para o
exterior se concentrou em poucas
operações, realizadas por um número reduzido de empresas.
Para o BC, se tivesse mesmo
ocorrido uma fuga de dólares, teria se observado uma disparada
do dólar -a moeda até recuou.
Muitas vezes, as empresas remetem dólares por meio das CC5
para, com esses recursos, antecipar o pagamento de dívidas contraídas no mercado internacional.
Isso era feito porque o governo
não colocava à disposição das
empresas nenhum instrumento
formal para que os pagamentos
pudessem ser antecipados. Em tese, portanto, as obrigações só podiam ser quitadas no dia do seu
vencimento, e as empresas encontravam nas CC5 uma maneira
de driblar essa restrição.
Em junho, o CMN (Conselho
Monetário Nacional), numa tentativa de inibir esse tipo de operação, modificou as suas normas e
passou a permitir a antecipação
desses pagamentos. O objetivo
era, justamente, inibir a utilização
das CC5 para gastos com o pagamento de dívida externa.
A saída de recursos por meio
das CC5 foi compensada pelos
dólares trazidos pelos exportadores. No mês passado, as operações
de comércio exterior resultaram
num ingresso líquido de US$
2,095 bilhões. As operações financeiras -pagamentos de dívida,
tomada de empréstimos e ingresso de investimentos, entre outras
transações- foram responsáveis
pela entrada líquida de US$ 1,532
bilhão em agosto.
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