São Paulo, quinta-feira, 09 de setembro de 2004

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CONTAS EXTERNAS

Saída pelas CC5 é a maior desde 98; movimento foi concentrado em poucas instituições e para pagar dívida, diz BC

Empresas remetem US$ 2,11 bi em agosto

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Apesar das medidas tomadas pelo governo na tentativa de regularizar o fluxo de dólares pelas CC5 (contas de não-residentes), a saída de recursos por meio desse mecanismo atingiu valores recordes no mês passado. Em agosto, as remessas somaram US$ 2,110 bilhões, nível mais elevado desde outubro de 1998, quando se registrou a fuga de US$ 2,210 bilhões.
No mês passado, as remessas feitas pelas CC5 superaram o valor de todas as operações feitas entre janeiro e julho. Nos primeiros sete meses do ano, a saída de recursos por esse instrumento somou US$ 1,539 bilhão. Em agosto de 2003, foram US$ 91 milhões.
Segundo o BC, porém, os fatores que explicam o resultado do mês passado são diferentes dos observados em outubro de 1998. À época, o país ainda estava sob os efeitos da moratória russa, e as remessas feitas pelas CC5 eram generalizadas. No mês passado, diz o BC, o envio de dólares para o exterior se concentrou em poucas operações, realizadas por um número reduzido de empresas.
Para o BC, se tivesse mesmo ocorrido uma fuga de dólares, teria se observado uma disparada do dólar -a moeda até recuou.
Muitas vezes, as empresas remetem dólares por meio das CC5 para, com esses recursos, antecipar o pagamento de dívidas contraídas no mercado internacional.
Isso era feito porque o governo não colocava à disposição das empresas nenhum instrumento formal para que os pagamentos pudessem ser antecipados. Em tese, portanto, as obrigações só podiam ser quitadas no dia do seu vencimento, e as empresas encontravam nas CC5 uma maneira de driblar essa restrição.
Em junho, o CMN (Conselho Monetário Nacional), numa tentativa de inibir esse tipo de operação, modificou as suas normas e passou a permitir a antecipação desses pagamentos. O objetivo era, justamente, inibir a utilização das CC5 para gastos com o pagamento de dívida externa.
A saída de recursos por meio das CC5 foi compensada pelos dólares trazidos pelos exportadores. No mês passado, as operações de comércio exterior resultaram num ingresso líquido de US$ 2,095 bilhões. As operações financeiras -pagamentos de dívida, tomada de empréstimos e ingresso de investimentos, entre outras transações- foram responsáveis pela entrada líquida de US$ 1,532 bilhão em agosto.


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