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Não há risco de falta de gás, diz Bolívia
Novo presidente da YPFB contesta Petrobras e afirma que país pode atender aos limites máximos do contratos atuais
Ex-funcionário da Petrobras
Bolívia, Ortiz diz que o
abastecimento do mercado
brasileiro depende dos
investimentos da empresa
FABIANO MAISONNAVE
DA REPORTAGEM LOCAL
A indústria do gás instalada
na Bolívia tem condições de
atender a todos os contratos
nos próximos anos em vigor
mesmo se os compradores
-leiam-se Argentina e Brasil-
exigirem os volumes máximos
previstos, disse à Folha o recém-empossado presidente da
YPFB (estatal petroleira), Juan
Carlos Ortiz Banzer.
A afirmação contradiz declarações feitas nesta semana pelo
presidente da Petrobras Bolívia, José Fernando de Freitas,
de que haveria falta de produto
se todos os compradores passassem a requerer o total previsto nos contratos.
Atualmente, o Brasil compra
26 milhões dos 30 milhões de
metros cúbicos diários previstos, enquanto a Argentina importa 4,9 milhões dos 7,7 milhões de metros cúbicos/dia estabelecidos em seu contrato.
Economista, Ortiz, 38, é uma
exceção na cúpula do governo
Evo Morales: membro de famílias tradicionais, trabalhou no
setor privado por 15 anos, inclusive na Petrobras Bolívia.
Leia, a seguir, entrevista concedida à Folha, por telefone:
FOLHA - O sr. concorda com a avaliação da Petrobras Bolívia de que o
país não tem condições de atender
aos contratos vigentes?
JUAN CARLOS ORTIZ BANZER - Neste
momento, a Bolívia está cumprindo à perfeição todos os
seus compromissos de exportação. Acredito que esse quadro
se manterá para os próximos
meses e anos. Sem dúvida,
qualquer crescimento significativo da demanda terá de estar
acompanhado por um crescimento significativo do desenvolvimento de campos. Assim
que eu tomo a palavra de declarações anteriores de funcionários da Petrobras no sentido de
que a empresa garante todos os
investimentos necessários na
Bolívia para abastecer o mercado brasileiro. Há outras companhias na Bolívia neste momento com as quais garantimos o
abastecimento da Argentina.
FOLHA - Se Brasil e Argentina pedirem os volumes máximos previstos
em contrato hoje, serão atendidos?
ORTIZ - Podemos continuar durante os próximos meses e anos
os contratos atuais. Os contratos atuais estabelecem volumes
que estão ligeiramente acima
dos volumes atuais, e estamos
em condições de cumpri-los.
FOLHA - Quando o governo adiou
parte da nacionalização por falta de
dinheiro, foi anunciada a transferência de US$ 180 milhões do banco
central à YPFB. Essa operação, porém, é ilegal pela atual lei boliviana.
O governo a fará mesmo assim?
ORTIZ - A refundação da YPFB
efetivamente precisa de financiamento. O fato de esse financiamento não poder vir do BC
não significa que não há outras
fontes de financiamento sobre
as quais estamos trabalhando.
FOLHA - Quais são essas fontes?
ORTIZ - Eu gostaria de anunciar
quando o tema estiver fechado.
FOLHA - A PDVSA é uma delas?
ORTIZ - Anunciaremos quando
o tema estiver fechado.
FOLHA - No dia em que o vice-presidente Álvaro García Linera se reuniu com Lula para melhorar o relacionamento, o ministro dos Hidrocarbonetos, Andrés Soliz Rada, acusou a empresa de sabotar a nacionalização. Qual dos dois representa a
visão hegemônica do governo?
ORTIZ - Aqui, há dez empresas
operação no setor de exploração, e todas deram a sua contribuição ao desenvolvimento do
setor. Há observações e críticas
que levaram o meu país a fazer
um referendo e a emitir um decreto de nacionalização do setor. Então há distintas opiniões. Agora, Soliz Rada é um
político com firmes convicções
nacionalistas e, nesse sentido, é
o ator que tem impulsado, com
o presidente, a nacionalização.
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