São Paulo, quarta-feira, 09 de setembro de 2009

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Emprego industrial cresce após 9 meses

Em relação a 2008, porém, queda chega a 7%, no pior resultado da década; com a crise, emprego no setor voltou aos níveis de abril de 2004

Para o IBGE, indicador do mercado de trabalho no setor vem respondendo com defasagem à retomada da produção industrial

DANIELE CARVALHO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DO RIO

Após nove meses de queda, o emprego na indústria voltou a crescer. De acordo com a Pesquisa Industrial Mensal de Emprego e Salário, do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia Estatística), houve um crescimento de 0,4% no número de pessoas ocupadas entre junho e julho deste ano.
"No desempenho mês a mês, observamos que o emprego industrial vem respondendo, com certa defasagem já esperada, à expansão da produção industrial, iniciada em janeiro deste ano", afirma André Macedo, economista da coordenação de indústria do IBGE.
Na comparação com julho de 2008, no entanto, o indicador de pessoal ocupado apresenta queda de 7%. O resultado, o pior já apurado na comparação ano a ano da pesquisa, iniciada em 2001, fez com que o emprego industrial retrocedesse aos patamares de abril de 2004.
"O resultado ainda é muito negativo porque, naquela ocasião, vivíamos um período de forte expansão e contratações. A base de comparação é alta", diz Macedo. No acumulado do ano, a queda é de 5,4%.
André Macedo destaca que o contingente de trabalhadores reduziu-se nas 14 áreas investigadas. Entre os destaques negativos estão São Paulo e Minas Gerais, com queda, respectivamente, de 5,2% e 12,2%.
Ainda na comparação com julho de 2008, no total do país, o emprego industrial recuou em 17 dos 18 setores, com meios de transporte (-12,9%), máquinas e equipamentos (-12,3%) e produtos de metal (-11,7%) liderando as perdas. A exceção fica por conta de papel e gráfica, que apresentou crescimento de 8,6%.

Sinalização
A pesquisa apurou, ainda, que, em julho, descontados os efeitos sazonais, o número de horas pagas aos trabalhadores da indústria ficou estável em relação ao mês anterior, após ter assinalado crescimento de 0,6% em junho.
O economista ressalta que esse indicador é importante, pois, quando sobe, sinaliza que pode haver aumento de contratações no mês seguinte. "Foi o que aconteceu de junho para julho. Como nesse mês ficou estável, sinaliza manutenção de patamar de ocupação para o mês seguinte", diz Macedo.
Em julho de 2009, o valor da folha de pagamento real da indústria, descontados os efeitos sazonais, variou 0,1% em relação a junho, após recuar 1,7% no mês anterior.
Para a economista da consultoria Tendências, Ariadne Vitoriano, o emprego na indústria deve manter trajetória de alta pelos próximos meses.
"Acredito que o período de ajustes no emprego industrial está finalizado. A produção industrial deve ter forte crescimento nos próximos meses, o que puxará a ocupação no setor", diz ela. Ariadne atribui a estabilização das horas pagas em julho a um aumento de produtividade do setor.


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