São Paulo, quinta, 9 de outubro de 1997.




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INDÚSTRIA
Holding do antigo Banco Econômico será vendida pelo Banco Central
Disputa pela Conepar agita o mercado petroquímico

MAURICIO ESPOSITO
da Reportagem Local

Um dos maiores negócios do ano no setor petroquímico está chegando à reta final.
Os interessados em comprar a Conepar, holding pertencente ao antigo Banco Econômico, com participações acionárias em várias indústrias petroquímicas, têm até amanhã para oficializar esse interesse ao consórcio privado que está fazendo a avaliação financeira e a modelagem da venda.
O prazo para a manifestação oficial de interesse -até 10 de outubro- consta em um anúncio publicado com discrição em um jornal brasileiro na última sexta-feira.
O sigilo que está marcando a venda da Conepar é proporcional à sua importância dentro do setor.
A empresa que adquirir a holding do antigo Banco Econômico terá participação estratégia no capital votante da Copene, a maior central petroquímica de primeira geração do país.
O controle acionário da Copene pertence atualmente a uma outra holding, a Norquisa, que é formada por empresas pertencentes aos principais grupos empresariais petroquímicos (Mariani, Ultra, Odebrecht, Suzano e Dow Química).
Quem comprar a Conepar terá posição acionária privilegiada na Norquisa, o que também significa o controle da Copene.
A Copene, localizada no pólo petroquímico de Camaçari, na Bahia, tem produção anual de mais de 2 milhões de toneladas de produtos petroquímicos.
É também a maior produtora de eteno do país, que serve de matéria-prima para a fabricação de polietileno. Este, por sua vez, é utilizado na produção de embalagens plásticas.
O consórcio privado responsável pela preparação da venda da Conepar, formado pelas empresas SBC Warburg Dillon Read, do Swiss Bank, Banco Omega S/A e Jakkpo Poyry Engenharia, não se manifesta sobre a venda.
Segundo a Folha apurou, a expectativa do consórcio é que o edital de venda seja publicado até o final do mês. A previsão é que a Conepar seja negociada até o final de dezembro.
A venda da Conepar é de responsabilidade do BC (Banco Central), que interveio no Banco Econômico em agosto de 1995.
Para realizar a venda, o BC conta com assessoria do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social). O processo de venda é semelhante ao de uma privatização.
"A Copene hoje tem posição estratégica no setor", confirma Ernesto Teixeira Weber, diretor-superintendente da Polibrasil Resinas e diretor da Abiquim (Associação Brasileira da Indústria Química e de Produtos Derivados).
Segundo ele, todos os grandes grupos petroquímicos que têm participação da Norquisa deverão disputar a Conepar.
Alguns dos principais grupos do setor, como Odebrecht, Suzano e Dow Química, confirmam interesse na compra.
A Folha apurou que as empresas interessadas estão negociando a formação de possíveis consórcios para disputar a Conepar e por isso não revelam suas estratégias e disponibilidade financeira para a operação.
O valor de mercado das principais participações acionárias da Conepar (nas empresas Ciquine, Polialden e Politeno), que garantem posição estratégica na Norquisa, é de aproximadamente R$ 60 milhões.
No entanto, ressalta Renato Tranjan, superintendente de investimentos do Banco Omega S/A, o valor de mercado não contabiliza a participação no capital votante dessas empresas, que é maior do que a participação no capital total.



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