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Empresas apontam aumento da corrupção
Porcentagem de companhias brasileiras que afirmam ter sido prejudicadas por atos ilícitos cresceu nos últimos 12 meses, mostra pesquisa
Executivos também
dizem que "imagem de país
corrupto" afeta negócios no
exterior; Hong Kong tem
pior avaliação entre 7 locais
MARCO AURÉLIO CANÔNICO
DE LONDRES
Um relatório da consultoria
de segurança Control Risks
Group, com sede em Londres,
afirma que a percepção da corrupção empresarial no Brasil se
agravou nos últimos 12 meses.
O "Relatório da Corrupção",
que será publicado hoje, mostra que 42% das empresas brasileiras entrevistadas dizem ter
perdido negócios para competidores "corruptos" nesse período. Comparados com os 38%
de empresas que se disseram
vítimas de corrupção nos cinco
anos anteriores, os números
mostram que o cenário está
piorando, de acordo com o empresariado.
O relatório é o quarto de uma
série feita pela Control Risks
nos últimos anos e foi baseado
em entrevistas com 350 executivos seniores de companhias
de grande porte, em seis países
-Alemanha, Brasil, Estados
Unidos, França, Holanda e Reino Unido-, além de Hong
Kong (China).
Os entrevistados brasileiros,
que não são identificados no relatório, afirmam que a imagem
de país corrupto afeta drasticamente os negócios no exterior
das empresas nacionais.
"Todos os parceiros com
quem trabalhamos pensam que
somos criminosos. Somos uma
empresa farmacêutica de alta
qualidade, mas essa imagem
ruim persiste", disse um dos
entrevistados.
Outro executivo brasileiro
afirma que a imagem de país
corrupto dificulta os empréstimos no exterior. "Tentamos
conseguir financiamento de
um banco estrangeiro, mas é
impossível, ninguém confia",
afirmou.
Segundo os dados coletados,
apenas Hong Kong tem uma situação pior do que a brasileira,
com 76% dos empresários afirmando terem perdido negócios
por causa da corrupção.
Mas o Brasil tem o pior cenário quando se trata de conhecimento das leis anticorrupção
-70% dos entrevistados declaram desconhecer completamente as legislações específicas de combate a esse crime.
O cenário interno nas empresas brasileiras também é
negativo: apenas 12% das companhias entrevistadas revisaram suas políticas anticorrupção nos últimos três anos, e somente 18% têm programas de
treinamento para ajudar os
executivos a evitar tentativas
de corrupção.
Custos para o negócio
O relatório também destaca,
sem detalhar valores, o quanto
a corrupção custa aos negócios:
10% dos executivos afirmaram
que as propinas pagas podem
responder por até metade do
custo total de um projeto.
Outros 7% dos entrevistados
disseram que o valor pode ser
ainda maior, ultrapassando
50% do investimento total em
um novo negócio.
John Bray, consultor da Control Risks, afirma que a pesquisa mostra que a corrupção ainda é um grave problema global.
"Empresas honestas continuam perdendo para competidores corruptos em larga escala", diz Bray, no relatório.
As previsões para o futuro
não são melhores: 32% dos entrevistados acreditam que o
problema vá se agravar até o
fim da década, contra 21% que
prevêem uma melhora.
"As empresas estão começando a lutar contra práticas
corruptas ao redor do mundo,
mas ainda há muito o que ser
feito", afirma Bray.
"O combate eficiente à corrupção requer ação dos governos na implementação de leis,
ação das associações industriais para criar padrões comuns e iniciativas de cada companhia, para criar códigos de
conduta anticorrupção", completa o consultor.
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