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Fundo da gestora GWI fecha para resgates
Após acumular perdas de quase 90% no ano em um de seus fundos de ações, gestora independente "congela" aplicações e resgates
Analistas vêem caso isolado; CVM afirma que "não há evidência de que setor esteja sendo afetado de forma significativa pela crise"
FABRICIO VIEIRA
TONI SCIARRETTA
DA REPORTAGEM LOCAL
A crise nos mercados fez ontem sua primeira vítima entre
os fundos de investimento no
Brasil. A gestora GWI, que tem
como principal executivo Mu
Hak You, popular entre a comunidade coreana de São Paulo, decidiu fechar para resgates
e aplicações dois de seus quatro
fundos de investimento -o
GWI FIA e o GWI Classic.
Comunicado ontem ao mercado, o fechamento a resgates
funciona como um "congelamento", mas pode levar à extinção completa de ambos os fundos. Segundo o Banco BNY Mellon, que faz a administração da
burocracia do fundo, o objetivo
é evitar que a saída de cotistas
aconteça de forma desordenada, prejudicando os investidores que permaneçam.
"Tal decisão deve-se ao agravamento das condições do mercado nos últimos cinco dias,
que levaram o fundo a uma situação delicada de liquidez",
informaram os gestores.
De acordo com o BNY Mellon, a decisão sobre o eventual
fechamento ou troca de gestores e administradores será dos
cotistas do fundo, que serão
reunidos no dia 23.
Fundo de ações agressivo e
alavancado, o GWI FIA era
aberto apenas a investidores
qualificados com capital mínimo de R$ 250 mil e que se dispusessem a fazer resgates com
carência mínima de 60 dias. A
aplicação chegou a figurar na
lista de fundos de maior retorno em 2007. Os fundos alavancados representam riscos elevados e podem fazer operações
financeiras complexas que, em
um momento crítico, dêem
perdas maiores que seu patrimônio. É como se o fundo perdesse todos os seus recursos e
ainda ficasse devendo.
Com a piora do mercado e as
arriscadas apostas que fez, as
perdas se intensificaram e chegaram, segunda-feira, a 89,04%
de desvalorização no ano.
Os problemas com o GWI
FIA foram tão graves que prejudicaram também o andamento do fundo GWI Classic,
que não opera alavancado, mas
passou a ter um forte pedido de
resgate dos cotistas. O fundo
também foi fechado.
Carlos Alberto Rebello Sobrinho, superintendente de relações com investidores institucionais da CVM (Comissão
de Valores Mobiliários), diz que
a autarquia sempre está acompanhando os movimentos das
carteiras. "E não temos nenhuma evidência de que a indústria
de fundos esteja sendo afetada
de forma significativa", diz.
O GWI FIA conta com um
número pequeno de cotistas,
apenas 627. O GWI Classic concentra um número menor ainda de aplicadores, contando
apenas com 205 cotistas.
Com a desvalorização e os
resgates sofridos, o patrimônio
líquido do GWI FIA encolheu
de R$ 385 milhões no mês de
junho para R$ 68,47 milhões
nesta semana. O patrimônio do
GWI Classic é ainda menor, de
R$ 55,38 milhões.
Esses fundos são muito pequenos em relação ao total do
mercado, que soma patrimônio
de R$ 1,12 trilhão. Assim, analistas avaliam que os fundos da
GWI são um caso isolado.
Para André Oda, especialista
em fundos da Fundação Instituto de Administração, o fechamento dos fundos da GWI não
é motivo de pânico, mas um caso isolado. Afirma, porém, que
o investidor em fundo tem de
estar atento para o fato de que o
comportamento de outros cotistas afeta a sua aplicação.
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