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Previ ataca publicidade da Vale; Funcef ameaça sair
Fundos de pensão de estatais elevam a pressão sobre gestão de Roger Agnelli
Lacerda, da Funcef, afirma que está insatisfeito com a falta de influência na empresa; Rosa, da Previ, vê exagero em propaganda
Sergio Lima - 31.ago.2005/Folha Imagem
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Sergio Rosa (esq.), da Previ, e Guilherme Lacerda, da Funcef
SAMANTHA LIMA
PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO
Dois grandes fundos de pensão de estatais atacaram ontem
a gestão da Vale. Integrante do
grupo de controladores da Vale,
a Funcef (fundo de pensão da
Caixa Econômica Federal) afirmou em entrevista à agência
Bloomberg que pode vender
sua participação por insatisfação com a falta de influência
nos rumos da mineradora.
A Funcef detém 11,65% da Litel, empresa que tem 48,79% do
controle da Valepar. Já a Valepar detém 53% do capital votante da Vale. Segundo o presidente do fundo, Guilherme Lacerda, essa participação está estimada em R$ 5 bilhões. A Previ, fundo do Banco do Brasil,
detém 81,15% na Litel.
Se quiser vender sua participação, o comprador terá que
passar pelo crivo da Previ (fundo do Banco do Brasil) e dos demais acionistas da Valepar:
BNDES, Bradesco e o grupo japonês Mitsui.
Maior acionista da Vale, a
Previ está insatisfeita com a recente ofensiva de mídia da mineradora, que já fez merchandising no programa do Faustão,
na TV Globo, e contratou por
R$ 800 mil o galã José Mayer
como garoto-propaganda.
Para o presidente da Previ,
Sérgio Rosa, a Vale não tem
"necessidade de tanto" investimento em publicidade. Indagado se considerava exagerada a
exposição da empresa na mídia,
respondeu: "Eu acho".
Rosa preside o Conselho de
Administração da Vale. Como
sua principal acionista, a Previ
tem 58% da Valepar, holding
que controla a mineradora.
Eike
A existência de um acionista
controlador disposto a vender
sua fatia na Vale poderia ser a
porta de entrada ideal para o
empresário Eike Batista. Há
quase dois meses, ele levou ao
Bradesco uma oferta para comprar sua participação na Valepar, por R$ 9 bilhões, mas o
banco rejeitou a oferta.
O problema é que o objetivo
do empresário de entrar na Vale é justamente o que falta às
ações da Funcef na Vale: poder
de decisão na estratégia da empresa. Por isso, a disposição da
Funcef de negociar não seria
capaz de levar Eike a assinar
um cheque de R$ 5 bilhões, diz
fonte próxima ao empresário.
O presidente da Funcef reconhece que a falta de voz na Valepar será um dos maiores entraves a uma possível venda.
Pela falta de opções que leve
Eike a uma situação de poder
de fato e direito, o plano de entrada do empresário na Vale
encontra-se em um impasse.
A entrada por meio da aquisição da participação do Bradesco era adequada à sua estratégia porque lhe levaria à condição de terceiro maior acionista
da Valepar, dando-lhe maior
influência. Procurado, Eike Batista não comentou as declarações do presidente da Funcef.
A Vale intensificou seus investimentos em publicidade
após receber uma sucessão de
críticas do presidente Lula,
descontente com demissões e
cortes de investimentos na crise e com a falta de investimentos especialmente no setor de
siderurgia.
Um dos focos da ação publicitária foi justamente exaltar os
projetos siderúrgicos da mineradora. Nos anúncios, a Vale
sustenta o apoio ao desenvolvimento do setor e seus investimentos no país.
A Vale gasta cerca de R$ 50
milhões ao ano em toda a sua
área de comunicação -o que
inclui os investimentos em publicidade. A Folha apurou que
o valor será bem maior neste
ano.
Procurada, a Vale informou
que não se pronunciaria sobre
as declarações da Funcef e da
Previ nem sobre publicidade.
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