São Paulo, sexta-feira, 09 de outubro de 2009

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Previ ataca publicidade da Vale; Funcef ameaça sair

Fundos de pensão de estatais elevam a pressão sobre gestão de Roger Agnelli

Lacerda, da Funcef, afirma que está insatisfeito com a falta de influência na empresa; Rosa, da Previ, vê exagero em propaganda

Sergio Lima - 31.ago.2005/Folha Imagem
Sergio Rosa (esq.), da Previ, e Guilherme Lacerda, da Funcef

SAMANTHA LIMA
PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO

Dois grandes fundos de pensão de estatais atacaram ontem a gestão da Vale. Integrante do grupo de controladores da Vale, a Funcef (fundo de pensão da Caixa Econômica Federal) afirmou em entrevista à agência Bloomberg que pode vender sua participação por insatisfação com a falta de influência nos rumos da mineradora.
A Funcef detém 11,65% da Litel, empresa que tem 48,79% do controle da Valepar. Já a Valepar detém 53% do capital votante da Vale. Segundo o presidente do fundo, Guilherme Lacerda, essa participação está estimada em R$ 5 bilhões. A Previ, fundo do Banco do Brasil, detém 81,15% na Litel.
Se quiser vender sua participação, o comprador terá que passar pelo crivo da Previ (fundo do Banco do Brasil) e dos demais acionistas da Valepar: BNDES, Bradesco e o grupo japonês Mitsui.
Maior acionista da Vale, a Previ está insatisfeita com a recente ofensiva de mídia da mineradora, que já fez merchandising no programa do Faustão, na TV Globo, e contratou por R$ 800 mil o galã José Mayer como garoto-propaganda.
Para o presidente da Previ, Sérgio Rosa, a Vale não tem "necessidade de tanto" investimento em publicidade. Indagado se considerava exagerada a exposição da empresa na mídia, respondeu: "Eu acho".
Rosa preside o Conselho de Administração da Vale. Como sua principal acionista, a Previ tem 58% da Valepar, holding que controla a mineradora.

Eike
A existência de um acionista controlador disposto a vender sua fatia na Vale poderia ser a porta de entrada ideal para o empresário Eike Batista. Há quase dois meses, ele levou ao Bradesco uma oferta para comprar sua participação na Valepar, por R$ 9 bilhões, mas o banco rejeitou a oferta.
O problema é que o objetivo do empresário de entrar na Vale é justamente o que falta às ações da Funcef na Vale: poder de decisão na estratégia da empresa. Por isso, a disposição da Funcef de negociar não seria capaz de levar Eike a assinar um cheque de R$ 5 bilhões, diz fonte próxima ao empresário.
O presidente da Funcef reconhece que a falta de voz na Valepar será um dos maiores entraves a uma possível venda.
Pela falta de opções que leve Eike a uma situação de poder de fato e direito, o plano de entrada do empresário na Vale encontra-se em um impasse.
A entrada por meio da aquisição da participação do Bradesco era adequada à sua estratégia porque lhe levaria à condição de terceiro maior acionista da Valepar, dando-lhe maior influência. Procurado, Eike Batista não comentou as declarações do presidente da Funcef.
A Vale intensificou seus investimentos em publicidade após receber uma sucessão de críticas do presidente Lula, descontente com demissões e cortes de investimentos na crise e com a falta de investimentos especialmente no setor de siderurgia.
Um dos focos da ação publicitária foi justamente exaltar os projetos siderúrgicos da mineradora. Nos anúncios, a Vale sustenta o apoio ao desenvolvimento do setor e seus investimentos no país.
A Vale gasta cerca de R$ 50 milhões ao ano em toda a sua área de comunicação -o que inclui os investimentos em publicidade. A Folha apurou que o valor será bem maior neste ano.
Procurada, a Vale informou que não se pronunciaria sobre as declarações da Funcef e da Previ nem sobre publicidade.


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