São Paulo, sábado, 09 de novembro de 2002

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VAREJO

Paulistano quer adquirir mais artigos de informática, foto e ótica

Intenção de compra está igual a 2001

JOSÉ ALAN DIAS
DA REPORTAGEM LOCAL

O percentual de pessoas com intenção de fazer compras nos últimos três meses deste ano se manteve praticamente no mesmo nível de 2001, de acordo com pesquisa do Provar (Programa de Administração do Varejo da Fundação Instituto de Administração), ligado à USP. Mas o quadro embute um dado preocupante: a natureza das eventuais compras foi drasticamente alterada.
Em vez de produtos de linha branca e de uso doméstico, entraram na lista de prioridades computadores e elementos de foto e ótica, que podem ser a saída para os que procuram bicos. E automóveis, que serviriam como reserva de valor diante dos temores dos rumos da economia.
O percentual de consumidores que afirmam não ter intenção de comprar nenhum produto das oito linhas apresentadas na pesquisa caiu de 78,1%, entre agosto e outubro, para 27,5% no período correspondente ao último trimestre deste ano (outubro a dezembro). É pouco pior que os 26,5% registrados no último trimestre de 2001. O levantamento foi feito com 400 pessoas (homens e mulheres) de quatro regiões da cidade de São Paulo, divididos em três faixas de renda.
Os itens que acumulam menor intenção de compra são de cama, mesa e banho (4,9%). No ano passado, apareciam com 9,3%. Os de linha branca (fogões, geladeiras, lavadoras etc.) detêm apenas 5,4% das intenções de compra -contra 8,5% de 2001. O percentual de intenção de compra de eletroeletrônicos caiu pela metade -de 14% em 2001 para 7,4%. Por fim, os de móveis: recuaram de 14,5% para 8,3% neste ano.
"Se confirmado, essas pessoas estarão deixando de comprar os produtos que são a base do movimento do comércio", diz Claudio Felisoni de Angelo, um dos coordenadores da pesquisa.
Angelo argumenta que o crescimento da intenção de compra de produtos de informática, foto e ótica pode ser explicada pela expansão do desemprego. Os itens de informática que, no último trimestre de 2001, detinham 7% de intenções, hoje têm 14,5%. Os de foto, de 3,8% subiram para 11,5%.
"Seriam opções para as pessoas fazerem serviços terceirizados ou em casa", argumenta ele.
No caso de automóveis, que ponteia a lista de itens citados, a intenção de compra subiu de 6,8% no ano passado para 15,9% no último trimestre deste ano. Como não houve aumento na renda média dos trabalhadores neste ano -pelo contrário, encolheu 4% até setembro, de acordo com o IBGE-, a explicação, diz o professor, pende sobre o futuro da economia. "Automóveis estão muito ligados à idéia de reserva de valor. Como não sabem quais serão os rumos da economia, aqueles que dispõem de dinheiro preferem muitas vezes essa saída a deixá-lo no banco", diz Angelo.


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