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VAREJO
Paulistano quer adquirir mais artigos de informática, foto e ótica
Intenção de compra está igual a 2001
JOSÉ ALAN DIAS
DA REPORTAGEM LOCAL
O percentual de pessoas com intenção de fazer compras nos últimos três meses deste ano se manteve praticamente no mesmo nível de 2001, de acordo com pesquisa do Provar (Programa de
Administração do Varejo da Fundação Instituto de Administração), ligado à USP. Mas o quadro
embute um dado preocupante: a
natureza das eventuais compras
foi drasticamente alterada.
Em vez de produtos de linha
branca e de uso doméstico, entraram na lista de prioridades computadores e elementos de foto e
ótica, que podem ser a saída para
os que procuram bicos. E automóveis, que serviriam como reserva de valor diante dos temores
dos rumos da economia.
O percentual de consumidores
que afirmam não ter intenção de
comprar nenhum produto das oito linhas apresentadas na pesquisa caiu de 78,1%, entre agosto e
outubro, para 27,5% no período
correspondente ao último trimestre deste ano (outubro a dezembro). É pouco pior que os 26,5%
registrados no último trimestre
de 2001. O levantamento foi feito
com 400 pessoas (homens e mulheres) de quatro regiões da cidade de São Paulo, divididos em três
faixas de renda.
Os itens que acumulam menor
intenção de compra são de cama,
mesa e banho (4,9%). No ano passado, apareciam com 9,3%. Os de
linha branca (fogões, geladeiras,
lavadoras etc.) detêm apenas
5,4% das intenções de compra
-contra 8,5% de 2001. O percentual de intenção de compra de eletroeletrônicos caiu pela metade
-de 14% em 2001 para 7,4%. Por
fim, os de móveis: recuaram de
14,5% para 8,3% neste ano.
"Se confirmado, essas pessoas
estarão deixando de comprar os
produtos que são a base do movimento do comércio", diz Claudio
Felisoni de Angelo, um dos coordenadores da pesquisa.
Angelo argumenta que o crescimento da intenção de compra de
produtos de informática, foto e
ótica pode ser explicada pela expansão do desemprego. Os itens
de informática que, no último trimestre de 2001, detinham 7% de
intenções, hoje têm 14,5%. Os de
foto, de 3,8% subiram para 11,5%.
"Seriam opções para as pessoas
fazerem serviços terceirizados ou
em casa", argumenta ele.
No caso de automóveis, que
ponteia a lista de itens citados, a
intenção de compra subiu de
6,8% no ano passado para 15,9%
no último trimestre deste ano.
Como não houve aumento na
renda média dos trabalhadores
neste ano -pelo contrário, encolheu 4% até setembro, de acordo
com o IBGE-, a explicação, diz o
professor, pende sobre o futuro
da economia. "Automóveis estão
muito ligados à idéia de reserva de
valor. Como não sabem quais serão os rumos da economia, aqueles que dispõem de dinheiro preferem muitas vezes essa saída a
deixá-lo no banco", diz Angelo.
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