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Acordo adia nova lei e eleva arrecadação
Governo federal e Estados acertam prorrogação de 6 meses para entrada em vigor da Lei da Micro e Pequena Empresa
Senado aprova legislação adiando implantação de janeiro para julho; renúncia fiscal da União em 2007 seria de R$ 5 bi no projeto original
GUSTAVO PATU
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Em um acordo que reforçará
seus caixas no próximo ano, governo federal e Estados decidiram adiar por seis meses a entrada em vigor da Lei Geral da
Micro e Pequena Empresa,
uma espécie de reforma tributária para o setor, onde estão
mais de 95% das pessoas jurídicas do país.
Pelo entendimento, o Senado aprovou ontem, por unanimidade de 55 votos, o projeto
com a alteração de 1º de janeiro
para 1º de julho de 2007 na data
para o início da cobrança do Supersimples -o imposto, maior
inovação do projeto da Lei Geral, que substituirá oito tributos cobrados por União, Estados e municípios.
A mudança levará a uma nova votação do texto pela Câmara dos Deputados, onde não deve haver novas alterações. Para
que entrem em vigor no próximo ano, as novas regras, que
têm amplo apoio do lobby empresarial, precisam ser sancionadas pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva até o final de
dezembro.
Como em toda reforma tributária, a maior ameaça à Lei
Geral são os fiscos federal, estaduais e municipais, que temem
perder arrecadação -embora o
motivo oficial apresentado para o adiamento tenha sido a necessidade de mais tempo para
adequar os sistemas de arrecadação ao novo tributo.
A renúncia fiscal da União
era calculada em R$ 5,3 bilhões
em 2007. O valor desabará com
o atraso da lei, o que será providencial: o Orçamento do próximo ano, ainda em tramitação
no Congresso, não leva em conta a queda de receita.
As perdas de Estados e municípios são objeto de cálculos tão
divergentes quanto duvidosos.
Representantes de governadores e prefeitos chegam a mencionar uma renúncia de R$ 9
bilhões ao ano; o relator do projeto no Senado, Luiz Otávio
(PMDB-PA), fala em cerca de
R$ 5 bilhões; o relator na Câmara, Luiz Carlos Hauly
(PSDB-PR), afirma que só a
União terá perdas.
Todos concordam, porém,
que os eventuais impactos na
carga tributária se limitarão ao
curto prazo. Com o tempo, a
nova legislação tende a estimular a regularização de empresas
e empregos que hoje estão na
informalidade, o que elevará a
arrecadação. Hoje, há 5,2 milhões de micro e pequenas empresas formais, e estima-se que
o número de informais possa
ser o dobro.
Supersimples
Como indica seu apelido, o
novo tributo criado pela Lei
Geral é uma ampliação do Simples, imposto que substitui seis
tributos federais. O Supersimples substituirá também o
ICMS (estadual) e o ISS (municipal).
O benefício valerá para empresas do comércio, da indústria e de parte do setor de serviços com renda bruta anual até
R$ 2,4 milhões, o mesmo teto
do Simples.
No Distrito Federal e nos 21
Estados com participação na
renda nacional inferior a 5%,
no entanto, a inclusão do ICMS
e do ISS no novo sistema pode
ficar restrita aos tetos de renda
bruta de R$ 1,8 milhão ou R$ 1,2
milhão (Estados com até 1% da
renda nacional), conforme as
opções dos governadores.
A participação do setor de
serviços no sistema é ampliada
pelo projeto, mas ainda há uma
série de restrições: profissionais liberais que prestam serviços como pessoa jurídica, por
exemplo, continuam de fora.
Uma das preocupações da
Receita Federal é evitar que o
setor de serviços, intensivo em
mão-de-obra, se aproveite das
vantagens para driblar os encargos trabalhistas e previdenciários trocando assalariados
por pessoas jurídicas. A Receita, aliás, aproveitou o acordo fechado no Senado para tirar do
Supersimples as imobiliárias
-com uma "correção de redação", locação de imóveis se tornou locação de móveis.
Permaneceram no texto as
vantagens para as pequenas
empresas em licitações públicas e a criação de mais um programa de parcelamento de dívidas de empresas com a Receita
Federal e a Previdência Social
-o segundo neste ano e o quarto desde 2000.
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