São Paulo, sexta-feira, 09 de novembro de 2007

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Reservas podem aumentar em mais de 50%

DA SUCURSAL DO RIO

A nova área de exploração de petróleo e gás pode aumentar em mais 50% as atuais reservas do país, que somam 14 bilhões de barris, estimam especialistas. A Petrobras anunciou ontem que a análise dos testes de formação do segundo poço da área denominada Tupi, no bloco BM-S-11, localizado na bacia de Santos (SP), estima volume recuperável de óleo leve de 28 API em 5 bilhões a 8 bilhões de barris de petróleo e gás natural.
O montante representa uma pequena parte da nova fronteira, que se estende pelas bacias do Espírito Santo, Campos e Santos, em horizontes mais profundos e em rochas denominadas pré-sal.
A Petrobras é operadora da área e detém 65%, a empresa britânica BG controla 25%, e a portuguesa Petrogal - Galp Energia, os demais 10%.
Os indícios de petróleo na área de Tupi foram informados pela Petrobras ao mercado em 11 de julho de 2006. A reserva de Tupi marca um novo horizonte na exploração de óleo no país, porque o campo está sob uma extensa camada de sal localizada no subsolo marinho, ao contrário dos demais campos do país, que ficam acima dessa camada.
Diretor do Centro Brasileiro de Estudos em Infra-Estrutura, Adriano Pires disse que a descoberta é interessante, porque praticamente toda a produção do Brasil é de petróleo pesado, com importação de 10% a 15% do tipo leve, misturado para refino. "Significa o aumento das reservas brasileiras e o rompimento da barreira tecnológica pela empresa, que está no início da exploração pré-sal", afirmou Pires.
Com investimentos de US$ 1 bilhão nos últimos dois anos, foram perfurados 15 poços que atingiram as camadas pré-sal, sendo que 8 foram devidamente testados e avaliados.
O pré-sal são rochas-reservatórios que se encontram abaixo de uma extensa camada de sal, que abrange o litoral do Espírito Santo até Santa Catarina, ao longo de mais de 800 quilômetros de extensão por 200 quilômetros de largura, em lâmina d'água entre 2.000 e 3.000 metros de profundidade.
A Petrobras é a única empresa, na condição de operadora, que perfurou, testou e avaliou as rochas do pré-sal até hoje.
Pires ressalta que a descoberta não resolve o problema energético atual, já que a produção na área deve demorar de quatro a cinco anos para começar.
Ruy Quintans, consultor do Ibmec, lembra que descobertas de petróleo e gás só são exploradas quando o custo é viável e o momento é interessante comercialmente.
"Certamente, essa divulgação agora foi oportuna para sossegar o mercado diante da crise do gás. Mais uma vez a falta de planejamento do governo ficou evidente", afirmou.
Cerca de 25% da área de ocorrência das rochas do pré-sal já está concedida pela ANP (Agência Nacional do Petróleo), de acordo com a Petrobras, a várias empresas petrolíferas sob a forma de blocos exploratórios e concessões de produção. A Petrobras tem -sozinha ou associada- 75% dessa área concedida.
O primeiro poço demorou mais de um ano e custou US$ 240 milhões. A Petrobras informou ser possível perfurar um poço equivalente em 60 dias, ao custo de US$ 60 milhões. (RA)


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