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Presidente do Fed prevê desaceleração da economia dos EUA neste ano e em 2008
EDWARD L. ANDREWS
DO "NEW YORK TIMES", EM WASHINGTON
Ben Bernanke, o presidente
do Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA), afirmou
ontem que é provável que a
economia se desacelere de maneira perceptível nos próximos
meses. Mas ele não ofereceu indicação de que o banco central
poderá cortar a taxa de juros
pela terceira vez neste ano.
Em depoimento escrito
apresentado ao Comitê Econômico Conjunto do Congresso
dos EUA, Bernanke disse que a
economia está sendo prejudicada pelo colapso do mercado
imobiliário, que ainda não chegou ao fundo do poço, bem como pelas condições de crédito
mais apertadas e pela disparada nos preços do petróleo.
Quando o Fed reduziu a taxa
básica de juros em 0,25 ponto,
para 4,25% ao ano, na semana
passada, Bernanke disse que as
autoridades monetárias "antecipavam que o crescimento da
atividade econômica se desaceleraria de maneira perceptível
no quarto trimestre" e se manteria lento nos primeiros meses
do ano seguinte.
Mas Bernanke sugeriu que os
dois cortes dos juros promovidos em setembro e outubro devem bastar para impedir uma
recessão. E acrescentou que o
Fed estará de olho em novos sinais de problemas.
Os mais recentes dados econômicos, desde que o Fed
anunciou o corte dos juros na
última semana, "continuam a
sugerir que a economia mais
ampla manteve a resistência,
nos meses mais recentes", afirmou o dirigente. Ao mesmo
tempo, ele disse que o medo
dos investidores quanto a maus
empréstimos hipotecários se
intensificou e pode gerar condições de crédito mais desfavoráveis.
Além disso, acrescentou,
"novos aumentos acentuados
nos preços do petróleo renovaram as pressões de alta sobre a
inflação e podem impor restrições ainda maiores ao nível de
atividade econômica".
Questionado sobre os riscos
de recessão, Bernanke hesitou.
Ressaltando que "pontos de inflexão" são extremamente difíceis de prever, afirmou que o
Fed não estava antecipando
uma contração econômica real.
"Não calculamos a probabilidade de recessão. Nossa avaliação é a de que o crescimento será mais lento, mas ainda positivo. As autoridades monetárias
continuarão a avaliar cuidadosamente as implicações dos dados econômicos e financeiros
mais recentes para o panorama
geral e agirão da maneira necessária a fomentar a estabilidade de preços e o crescimento
econômico sustentável".
Analistas de Wall Street, onde a expectativa era a de que o
Fed demonstrasse mais disposição para cortar de novo os juros, não se reconfortaram muito com o pronunciamento.
"Bernanke não ofereceu indicações de que a esperança do
mercado quanto a um novo
corte será realizada", escreveu
Ian Shepherdson, economista-chefe para o mercado dos EUA
da High Frequency Economics.
O cuidado de Bernanke ao
formular sua mensagem quanto ao acompanhamento dos dados econômicos serve como
lembrete de que os funcionários do Fed não estão preocupados apenas com as conseqüências dos colapsos no mercado habitacional e do crédito
imobiliário, mas com a inflação. De fato, Bernanke mencionou primeiro a atenção do Fed
à estabilidade de preços e só depois o interesse da instituição
pelo crescimento sustentável.
Mas, ao alegar que o Fed estava acompanhando os desdobramentos "financeiros", além
dos "econômicos", Bernanke
não fechou as portas a um novo
corte dos juros, motivado essencialmente pelo tumulto que
continua a abalar Wall Street.
Funcionários do Fed e analistas do setor privado alertaram que o crescimento poderia
se reduzir a um mínimo, talvez
1% ao ano em termos anualizados, nos meses finais de 2007.
Isso representaria dramática
desaceleração ante o ritmo
anualizado de 4% estimado para o terceiro trimestre.
Mas, ao reiterar que os dois
recentes cortes de juros do Fed
"devem" prevenir uma desaceleração severa, Bernanke sugeriu que as autoridades monetárias não desejam agir, a menos
que acreditem que o crescimento se reduzirá além do ritmo lento já esperado. Alguns
analistas previram que o crescimento econômico cairá a zero
até o final deste ano, o que poderia forçar o BC dos EUA a fazer um novo corte nos juros.
Tradução de PAULO MIGLIACCI
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