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Schwartsman não sabe qual é o ideal
MARIA LUIZA ABBOTT
FREE-LANCE PARA A FOLHA, DE LONDRES
O Banco Central ainda não sabe
qual é o juro de equilíbrio, isto é, a
taxa que permite que o país cresça
sem inflação. Ontem, depois de
reuniões com investidores em
Londres, o diretor da Área Internacional do BC, Alexandre
Schwartsman, não descartou que
essa taxa possa ser de 8% ao ano,
como previu o ministro-chefe da
Casa Civil, José Dirceu.
"Não se sabe qual a taxa de equilíbrio. Pode ser 8%, pode ser 9%
[ao ano]", disse Schwartsman. "O
único jeito de descobrir é ir testando." Ele explicou que o impacto do movimento nos juros sobre
o nível de atividade econômica
demora cerca de seis meses e sobre os preços, nove meses.
Situação tranquila
Segundo seus cálculos, atualmente os juros reais pagos pelas
empresas no mercado brasileiro
estão em torno de 10% ao ano. Essa taxa corresponde a juros nominais em torno de 16%, descontada
a projeção de inflação do mercado de 5,8% nos próximos 12 meses. Ele reconheceu que, na última
vez em que a taxa chegou a esse
nível, no início de 2001, houve dificuldades e precisou ser revista.
"Realmente houve problemas
por causa das restrições do balanço de pagamentos, mas agora a situação está mais tranquila."
O diretor do BC disse que as exportações devem crescer 20%
neste ano e se expandir novamente em 2004, embora em ritmo menor, mas o suficiente para permitir o aumento das importações.
Segundo ele, as estimativas do
Banco Central indicam que o
crescimento das exportações no
ano que vem pode chegar "a 10%
ou um pouco mais".
Mais importações
Durante a exposição que fez a
investidores em um almoço organizado pelo Banco do Brasil em
Londres, Schwartsman fez um
exercício para justificar a expectativa de retomada do crescimento
e a tranquilidade das autoridades
com o balanço de pagamentos em
2004. De acordo com o exercício,
se o ritmo atual de exportações
for projetado para os próximos 12
meses, as vendas externas cresceriam 5% no ano que vem.
Segundo ele, mesmo que as importações aumentassem 20%,
ainda assim haveria folga no resultado em conta corrente (que
registra as transações do país com
o exterior). "O Brasil pode permitir que as importações cresçam
mais rapidamente do que as exportações sem ameaça", disse.
Schwartsman também previu
que os investimentos estrangeiros
diretos no país em 2004 podem
chegar a US$ 14 bilhões. Depois,
em conversa com jornalistas, disse que a previsão do BC está entre
US$ 11 bilhões e US$ 14 bilhões
para os investimentos diretos.
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