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São Paulo, terça-feira, 09 de dezembro de 2003

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Schwartsman não sabe qual é o ideal

MARIA LUIZA ABBOTT
FREE-LANCE PARA A FOLHA, DE LONDRES

O Banco Central ainda não sabe qual é o juro de equilíbrio, isto é, a taxa que permite que o país cresça sem inflação. Ontem, depois de reuniões com investidores em Londres, o diretor da Área Internacional do BC, Alexandre Schwartsman, não descartou que essa taxa possa ser de 8% ao ano, como previu o ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu.
"Não se sabe qual a taxa de equilíbrio. Pode ser 8%, pode ser 9% [ao ano]", disse Schwartsman. "O único jeito de descobrir é ir testando." Ele explicou que o impacto do movimento nos juros sobre o nível de atividade econômica demora cerca de seis meses e sobre os preços, nove meses.

Situação tranquila
Segundo seus cálculos, atualmente os juros reais pagos pelas empresas no mercado brasileiro estão em torno de 10% ao ano. Essa taxa corresponde a juros nominais em torno de 16%, descontada a projeção de inflação do mercado de 5,8% nos próximos 12 meses. Ele reconheceu que, na última vez em que a taxa chegou a esse nível, no início de 2001, houve dificuldades e precisou ser revista.
"Realmente houve problemas por causa das restrições do balanço de pagamentos, mas agora a situação está mais tranquila."
O diretor do BC disse que as exportações devem crescer 20% neste ano e se expandir novamente em 2004, embora em ritmo menor, mas o suficiente para permitir o aumento das importações. Segundo ele, as estimativas do Banco Central indicam que o crescimento das exportações no ano que vem pode chegar "a 10% ou um pouco mais".

Mais importações
Durante a exposição que fez a investidores em um almoço organizado pelo Banco do Brasil em Londres, Schwartsman fez um exercício para justificar a expectativa de retomada do crescimento e a tranquilidade das autoridades com o balanço de pagamentos em 2004. De acordo com o exercício, se o ritmo atual de exportações for projetado para os próximos 12 meses, as vendas externas cresceriam 5% no ano que vem.
Segundo ele, mesmo que as importações aumentassem 20%, ainda assim haveria folga no resultado em conta corrente (que registra as transações do país com o exterior). "O Brasil pode permitir que as importações cresçam mais rapidamente do que as exportações sem ameaça", disse.
Schwartsman também previu que os investimentos estrangeiros diretos no país em 2004 podem chegar a US$ 14 bilhões. Depois, em conversa com jornalistas, disse que a previsão do BC está entre US$ 11 bilhões e US$ 14 bilhões para os investimentos diretos.


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