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RECALL DA PRIVATIZAÇÃO
Telos prepara proposta para tentar assumir controle
Fundo de pensão entra na disputa pela Embratel
JULIANNA SOFIA
HUMBERTO MEDINA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A Telos, fundo de pensão dos
funcionários da Embratel e o 13º
maior do país, entrou na disputa
pelo controle acionário da empresa de telefonia fixa.
A entidade vai liderar um consórcio de investidores que pretende adquirir as ações da Embratel
que serão colocadas à venda pela
empresa norte-americana MCI,
cotroladora da operadora.
Ontem, o presidente da Embratel, Jorge Rodriguez, e a diretora-superitendente da Telos, Solange
Paiva Vieira, estiveram reunidos
com o ministro das Comunicações, Miro Teixeira, para falar sobre o assunto.
"Eles vieram dar uma noção dos
prazos das negociações", declarou o ministro, descartando qualquer interferência do governo no
processo.
"O governo não participa desse
tipo de transferência de controle
acionário. É uma relação entre
particulares, que se dará em Nova
York", afirmou o ministro.
Por questões estratégicas, a Telos ainda não informa a composição do consórcio que tentará assumir o controle da empresa, mas
a expectativa é reunir até quatro
investidores.
"Estamos conversando com todo mundo. O importante é que os
parceiros tenham idéias comuns
com a Telos", afirmou Solange
Paiva Vieira.
Até quinta-feira, a norte-americana MCI aceitará as propostas
para compra do controle acionário da Embratel.
Disputa
Além da empresa mexicana Telmex, há informações no mercado
de que a Telefônica, a Telemar e a
Brasil Telecom se uniriam para
entrar na disputa. Na conversa
com o ministro, segundo ele relatou, Rodriguez teria dito que espera "muitas propostas".
Atualmente, o patrimônio da
Telos é de R$ 2,3 bilhões. "Com a
taxa de juros caindo, é preciso
olhar para o mercado acionário.
Se não for a Embratel, serão outras empresas", afirmou a diretora-superintendente do fundo ao
participar de uma videoconferência com funcionários da empresa.
A diretora acredita que a Telos
levará vantagem na disputa com
as empresas de telefonia fixa, pois
tais companhias podem encontrar dificuldade do ponto de vista
regulatório para comprar o controle acionário da Embratel.
Nesse quesito, de acordo com
ela, a Telos não terá problemas.
Hoje a entidade tem menos de 9%
dos seus ativos aplicados no mercado de ações, enquanto o limite
legal é 50%.
Crédito
Nota divulgada pela Telos ontem informa ainda que os participantes da fundação -que não
chegam a 13 mil pessoas- poderão adquirir ações da empresa,
utilizando linhas de crédito como
meio de investimento próprio ou
reaplicando parte dos seus recursos no plano de aposentadoria
complementar da Telos.
Embora ainda não tenha sido fixado um preço mínimo pela Embratel, as ações colocadas à venda
valem cerca de R$ 400 milhões na
Bolsa de Valores.
Nesse valor, não está computado o prêmio que precisa ser pago
pela venda do controle acionário
da empresa. A Embratel carrega
uma dívida avaliada, ainda segundo o mercado, em R$ 2 bilhões.
Miro afirmou que só em janeiro
a MCI irá consultar a Anatel
(Agência Nacional de Telecomunicações) sobre as questões regulatórias relativas à venda do controle acionário da Embratel. Sobre a participação do governo no
processo de venda das ações, ele
disse que a posição do Executivo
"tem de ser de observação e de
exigência de respeito à lei".
Questionado especificamente
sobre a participação da Casa Civil
e da Secretaria de Comunicação
no processo, Miro declarou: "Eu
posso garantir que nem o ministro José Dirceu [Casa Civil], nem
o ministro Luiz Gushiken (Comunicação], a exemplo aqui da gente, têm preferência ou articula a
criação de qualquer grupo".
A MCI, uma das principais operadoras de telefonia fixa dos EUA,
passa por um processo de reestruturação, após ter ido à falência em
decorrência de fraudes contábeis.
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