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São Paulo, terça-feira, 09 de dezembro de 2003

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RECALL DA PRIVATIZAÇÃO

Telos prepara proposta para tentar assumir controle

Fundo de pensão entra na disputa pela Embratel

JULIANNA SOFIA
HUMBERTO MEDINA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A Telos, fundo de pensão dos funcionários da Embratel e o 13º maior do país, entrou na disputa pelo controle acionário da empresa de telefonia fixa.
A entidade vai liderar um consórcio de investidores que pretende adquirir as ações da Embratel que serão colocadas à venda pela empresa norte-americana MCI, cotroladora da operadora.
Ontem, o presidente da Embratel, Jorge Rodriguez, e a diretora-superitendente da Telos, Solange Paiva Vieira, estiveram reunidos com o ministro das Comunicações, Miro Teixeira, para falar sobre o assunto.
"Eles vieram dar uma noção dos prazos das negociações", declarou o ministro, descartando qualquer interferência do governo no processo.
"O governo não participa desse tipo de transferência de controle acionário. É uma relação entre particulares, que se dará em Nova York", afirmou o ministro.
Por questões estratégicas, a Telos ainda não informa a composição do consórcio que tentará assumir o controle da empresa, mas a expectativa é reunir até quatro investidores.
"Estamos conversando com todo mundo. O importante é que os parceiros tenham idéias comuns com a Telos", afirmou Solange Paiva Vieira.
Até quinta-feira, a norte-americana MCI aceitará as propostas para compra do controle acionário da Embratel.

Disputa
Além da empresa mexicana Telmex, há informações no mercado de que a Telefônica, a Telemar e a Brasil Telecom se uniriam para entrar na disputa. Na conversa com o ministro, segundo ele relatou, Rodriguez teria dito que espera "muitas propostas".
Atualmente, o patrimônio da Telos é de R$ 2,3 bilhões. "Com a taxa de juros caindo, é preciso olhar para o mercado acionário. Se não for a Embratel, serão outras empresas", afirmou a diretora-superintendente do fundo ao participar de uma videoconferência com funcionários da empresa.
A diretora acredita que a Telos levará vantagem na disputa com as empresas de telefonia fixa, pois tais companhias podem encontrar dificuldade do ponto de vista regulatório para comprar o controle acionário da Embratel.
Nesse quesito, de acordo com ela, a Telos não terá problemas. Hoje a entidade tem menos de 9% dos seus ativos aplicados no mercado de ações, enquanto o limite legal é 50%.

Crédito
Nota divulgada pela Telos ontem informa ainda que os participantes da fundação -que não chegam a 13 mil pessoas- poderão adquirir ações da empresa, utilizando linhas de crédito como meio de investimento próprio ou reaplicando parte dos seus recursos no plano de aposentadoria complementar da Telos.
Embora ainda não tenha sido fixado um preço mínimo pela Embratel, as ações colocadas à venda valem cerca de R$ 400 milhões na Bolsa de Valores.
Nesse valor, não está computado o prêmio que precisa ser pago pela venda do controle acionário da empresa. A Embratel carrega uma dívida avaliada, ainda segundo o mercado, em R$ 2 bilhões.
Miro afirmou que só em janeiro a MCI irá consultar a Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) sobre as questões regulatórias relativas à venda do controle acionário da Embratel. Sobre a participação do governo no processo de venda das ações, ele disse que a posição do Executivo "tem de ser de observação e de exigência de respeito à lei".
Questionado especificamente sobre a participação da Casa Civil e da Secretaria de Comunicação no processo, Miro declarou: "Eu posso garantir que nem o ministro José Dirceu [Casa Civil], nem o ministro Luiz Gushiken (Comunicação], a exemplo aqui da gente, têm preferência ou articula a criação de qualquer grupo".
A MCI, uma das principais operadoras de telefonia fixa dos EUA, passa por um processo de reestruturação, após ter ido à falência em decorrência de fraudes contábeis.


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