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São Paulo, terça-feira, 09 de dezembro de 2003

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Banco sofre pressão pró-assinatura

CHICO SANTOS
DA SUCURSAL DO RIO

Na reta final das negociações entre o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) e a AES, na tentativa de chegar a uma acordo sobre a dívida de US$ 1,2 bilhão (sem encargos) da empresa com o banco estatal, o jogo de pressões se acirra. O prazo para negociar termina na próxima segunda-feira.
Ontem de manhã, antes uma rodada decisiva de negociações com a cúpula da AES, comandada por Joseph Brandt (vice-presidente), o diretor da Área Financeira do BNDES, Roberto Timótheo da Costa, recebeu da direção do Sindicato dos Eletricitários de São Paulo relatório que define como "calamitoso" o estado das instalações da Eletropaulo, principal ativo da AES no Brasil.
Com dezenas de fotografias, o documento mostra postes de cimento com ferragens expostas, cruzetas (partes dos postes em que se apoia a fiação) de madeira apodrecidas, pára-raios defeituosos, problemas com transformadores, fios tocando folhagens de árvores, entres outros problemas.
O presidente do sindicato, Antônio Carlos dos Reis, disse que, embora a atual gestão da Eletropaulo tente minorar os problemas, o esforço não é suficiente para resolver problemas acumulados "nos últimos quatro anos".
O vice-presidente técnico da Eletropaulo, Cyro Boccuzzi, disse, ressalvando não ter tido acesso ao documento, que a situação geral da rede da empresa não é a que aparece no relatório. "Posso até admitir que exista algum poste com vergalhões aparecendo ou alguma árvore tocando a rede, mas isso não é regra."
De acordo com técnicos do BNDES ouvidos pela Folha, os problemas detectados pelo sindicato na superestrutura da rede da Eletropaulo não se reproduzem na infra-estrutura de distribuição (subestações, estações subterrâneas, etc), que foi inspecionada e estaria em boas condições.
A pressão para convencer o BNDES a assinar o acordo tem o apoio do governo dos EUA. Na semana passada, em Washington, o subsecretário do Tesouro norte-americano, Kenneth Dam, participou de reunião da cúpula da AES com Timótheo da Costa.
Na reunião, a AES prometeu resolver o principal obstáculo ao acordo: a liberação das ações da AES Tietê. A proposta de acordo, assinada em setembro, prevê a criação de uma empresa com os principais ativos da AES no Brasil.
O BNDES passaria a deter 50% menos uma ação dessa empresa em troca de metade da dívida. O restante seria pago pela AES em até 12 anos. Os encargos (US$ 118 milhões) seriam perdoados. As ações da Tietê foram dadas em garantia de um empréstimo de US$ 300 milhões feito nos EUA.


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