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Banco sofre pressão pró-assinatura
CHICO SANTOS
DA SUCURSAL DO RIO
Na reta final das negociações
entre o BNDES (Banco Nacional
de Desenvolvimento Econômico
e Social) e a AES, na tentativa de
chegar a uma acordo sobre a dívida de US$ 1,2 bilhão (sem encargos) da empresa com o banco estatal, o jogo de pressões se acirra.
O prazo para negociar termina na
próxima segunda-feira.
Ontem de manhã, antes uma
rodada decisiva de negociações
com a cúpula da AES, comandada
por Joseph Brandt (vice-presidente), o diretor da Área Financeira do BNDES, Roberto Timótheo da Costa, recebeu da direção
do Sindicato dos Eletricitários de
São Paulo relatório que define como "calamitoso" o estado das instalações da Eletropaulo, principal
ativo da AES no Brasil.
Com dezenas de fotografias, o
documento mostra postes de cimento com ferragens expostas,
cruzetas (partes dos postes em
que se apoia a fiação) de madeira
apodrecidas, pára-raios defeituosos, problemas com transformadores, fios tocando folhagens de
árvores, entres outros problemas.
O presidente do sindicato, Antônio Carlos dos Reis, disse que,
embora a atual gestão da Eletropaulo tente minorar os problemas, o esforço não é suficiente para resolver problemas acumulados "nos últimos quatro anos".
O vice-presidente técnico da
Eletropaulo, Cyro Boccuzzi, disse,
ressalvando não ter tido acesso ao
documento, que a situação geral
da rede da empresa não é a que
aparece no relatório. "Posso até
admitir que exista algum poste
com vergalhões aparecendo ou
alguma árvore tocando a rede,
mas isso não é regra."
De acordo com técnicos do
BNDES ouvidos pela Folha, os
problemas detectados pelo sindicato na superestrutura da rede da
Eletropaulo não se reproduzem
na infra-estrutura de distribuição
(subestações, estações subterrâneas, etc), que foi inspecionada e
estaria em boas condições.
A pressão para convencer o
BNDES a assinar o acordo tem o
apoio do governo dos EUA. Na
semana passada, em Washington,
o subsecretário do Tesouro norte-americano, Kenneth Dam, participou de reunião da cúpula da
AES com Timótheo da Costa.
Na reunião, a AES prometeu resolver o principal obstáculo ao
acordo: a liberação das ações da
AES Tietê. A proposta de acordo,
assinada em setembro, prevê a
criação de uma empresa com os
principais ativos da AES no Brasil.
O BNDES passaria a deter 50%
menos uma ação dessa empresa
em troca de metade da dívida. O
restante seria pago pela AES em
até 12 anos. Os encargos (US$ 118
milhões) seriam perdoados. As
ações da Tietê foram dadas em garantia de um empréstimo de US$
300 milhões feito nos EUA.
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