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MERCADO ABERTO
Dólar frustra setor de papel e celulose
O setor de papel e celulose está
frustrado com o desempenho de 2005. De acordo
com o presidente da Bracelpa (associação brasileira das empresas de papel e celulose), Osmar Zogbi, o Ebitda (lucro antes
de impostos, amortizações e depreciações) das companhias do
segmento deve recuar 15% neste
ano em relação ao de 2004.
O fator cambial, para ele, foi
determinante para o resultado.
"O câmbio atinge diretamente o
fluxo de caixa das empresas. Sem
caixa, as companhias têm dificuldades para realizar novos investimentos", afirma.
O real valorizado já começa a
tornar vantajosa para as empresas a importação de papel. Segundo Zogbi, algumas companhias começaram a comprar papel de países do Mercosul, isentos de tarifas de importação.
Outro fator que atrapalhou o
segmento foi o fraco desempenho do mercado interno. A queda ficou acima das expectativas
dos empresários do setor. Máximo Pacheco, presidente da International Paper no Brasil, por
exemplo, diz que as vendas de
papel caíram cerca de 10% no
ano. "O fornecimento de papel
para os livros escolares decepcionou. As vendas para o governo
foram muito fracas", disse.
Para o ano que vem, no entanto, a expectativa da entidade é de
melhoria. Por ser um ano eleitoral, Zogbi diz acreditar num aumento de até 4% nas vendas de
papel no país.
O cenário para os investimentos, porém, especialmente em fábricas de papel -produto com
maior valor agregado-, segue
desanimador em razão do dólar
fraco e do mercado interno desaquecido. Em 2006, apenas uma
empresa estuda investir em uma
nova fábrica de papel. A China
construiu três só neste ano.
A International Paper finaliza a
revisão de seu projeto para uma
fábrica em Mato Grosso do Sul. A
decisão sobre a viabilidade da
obra foi adiada para junho do
ano que vem.
SEM ACESSO
Dos 5.563 municípios brasileiros, 2.427 (43,63%) não têm nenhum serviço telefônico além da
concessionária de telefonia fixa.
Essas cidades não têm cobertura
de telefone celular, operadora-espelho, acesso de banda larga
ou TV por assinatura. O dado integra levantamento recém-concluído pela revista especializada
"Teletime", que será lançado na
semana que vem. A nova edição
do "Atlas Brasileiro de Telecomunicações" traz dados atualizados sobre esse mercado.
LIDERANÇA
A Caixa Econômica Federal lidera o ranking nacional de concessão de empréstimos consignados. A instituição detém cerca
de 25% desse mercado. A CEF
atingiu, em novembro, a marca
de R$ 5,5 bilhões nessa modalidade, dos quais R$ 3,3 bilhões
para os setores público e privado
e R$ 2,2 bilhões para aposentados e pensionistas do INSS. Essa
linha cresceu 501,42% em número de contratos desde 2000. O volume aplicado desse produto subiu 949,40% no período.
ANÁLISE
BC manterá ritmo de corte
Não há discussão sobre o espaço para o corte da Selic na reunião do Copom de dezembro, na
próxima semana. A dúvida está
em saber se o Banco Central irá
acelerar ou não o ritmo de redução dos juros. Apesar da combinação de um cenário para 2006
neutro em termos de hiato e de
baixa pressão de custos vindos
do câmbio, quatro argumentos,
no entanto, sugerem que o BC
deva manter sua cautela, diz o
economista Roberto Padovani,
da consultoria Tendências.
O primeiro é que a inflação do
quarto trimestre pode gerar uma
inércia maior para 2006, elevando a rigidez de ajuste da inflação.
O segundo relaciona-se aos riscos presentes no próximo ano,
em especial o ritmo de crescimento da absorção doméstica,
afetando preços livres, e o comportamento dos preços internacionais de commodities.
O terceiro argumento é a idéia
de suavizar os movimentos da
política monetária, tornando-os
mais previsíveis. E há os sinais de
cautela emitidos pela própria autoridade monetária, abrindo espaço para a leitura de que o ritmo de corte será mantido.
PISTA LIVRE
Para atrair ainda mais um público de alto poder aquisitivo
para seu complexo hoteleiro em Trancoso, na Bahia, o grupo
Terravista investiu US$ 6 milhões na construção de uma pista
de pouso. A inauguração acontece ainda neste mês. Segundo
Michael Rumpf Gail, presidente do grupo, a pista vai ampliar a
integração entre o complexo e os outros hotéis da região com
campos de golfe. "Os golfistas gostam de conhecer vários campos. Vamos criar um transporte para que eles joguem em Comandatuba, por exemplo." O grupo, de capital nacional, vai
começar a construir em fevereiro um novo hotel Leopoldo na
Bahia, além de outro resort com a bandeira Terravista. Os dois
empreendimentos irão representar investimentos de R$ 70 milhões. Para se capitalizar, o grupo também negocia a venda de
casas e terrenos na região, que totalizam R$ 70 milhões.
SINAIS MISTOS
O setor de produtos de limpeza
e similares deve encerrar o ano
com alta de 3% nas vendas ante
2004. O faturamento líqüido, no
entanto, deve registrar uma queda de 4%, diminuindo dos US$
2,65 bilhões de 2004 para US$
2,54 bilhões. Os dados serão divulgados hoje pela Abipla (associação brasileira das empresas
do setor), em evento da indústria
química em SP. Para a entidade,
os dados aparentemente contraditórios podem ser explicados
pelo fato de as empresas não terem repassado ao consumidor o
aumento de preços dos insumos
e custos de produção em geral. A
explicação para o resultado inferior é a maior migração do cliente para produtos mais baratos.
PRÓ-INOVAÇÃO
O ministro da Ciência e Tecnologia, Sérgio Rezende, abre na
próxima segunda-feira, em João
Pessoa, na Paraiba, a primeira
edição do seminário e rodada de
negócios Inova Brasil, promovido pela Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial. Alessandro Teixeira, ex-diretor da
Apex e atual presidente da agência, também confirmou presença. O encontro irá reunir empresas, universidades, institutos de
pesquisa, incubadoras, sindicatos e poder público para discurtir a inovação. A idéia do evento
é aumentar a capacidade inovadora das empresas e intensificar
o relacionamento dos agentes
que compõem o processo de
criação tecnológico.
Vermelho sobre rodas
Apesar de as vendas no mercado interno terem crescido
cerca de 7% em 2005, a GM do
Brasil vai fechar o ano no vermelho. Ray Young, presidente
da empresa, culpa a valorização
do real. A GM vai exportar neste ano cerca de 200 mil unidades, um número maior do que
o de 2004, mas bem inferior aos
240 mil programados. "Estamos tendo bastante prejuízo
com as exportações", diz. "O
câmbio é responsável por isso."
A GM está revendo seu orçamento para 2006. As expectativas de exportação devem cair
de 20% a 30%. Para Young, o
dólar deveria ficar na faixa de
R$ 2,70 para gerar bons negócios no ano que vem, mas a previsão é de que fique entre R$
2,40 e R$ 2,50. Ele afirma que a
crise da montadora nos EUA
não vai afetar os planos da
companhia no Brasil. O investimento de US$ 240 milhões no
novo carro a ser produzido em
Gravataí (RS) foi mantido.
Young lamenta, no entanto, o
fato de o Brasil estar crescendo
a uma taxa muito baixa, quando deveria estar num ritmo de
5% ao ano. Ele engrossa o coro
que culpa os juros altos e acha
que o BC errou na dose. "Eu entendo a preocupação do BC em
relação aos preços, mas a
ameaça de inflação é pequena,
ainda mais com o real forte."
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