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Dona da loja era ativa no esquema, diz procurador
DA REPORTAGEM LOCAL
A proprietária da Daslu, Eliana Tranchesi, era uma das responsáveis em pedir aos fornecedores estrangeiros para que
emitissem notas fiscais em nome das importadoras que trariam seus produtos ao Brasil,
segundo informam o procuradores Matheus Baraldi Magnani e Jefferson Aparecido Dias.
"Isso ficou demonstrado em
uma acareação entre ela, o irmão e o dono da Multimport",
diz Magnani. Segundo ele, o esquema de subfaturamento começava com um contato da
Daslu com os fornecedores de
marcas famosas. "A loja pagava
pela mercadoria adquirida. Em
seguida, negociava a importadora que traria o produto em
nome da própria trading. Algumas aceitavam emitir a nota direto em nome da importadora.
À Prada, por exemplo, foi pedido que não emitisse nota em
nome da Daslu", afirma.
Alguns fornecedores, de
acordo com o procurador,
emitiam a nota para as importadoras da forma solicitada,
mas destacavam nas faturas
que o "real adquirinte" era a
Daslu. O MPF aguarda documentos pedidos ao Departamento de Justiça dos EUA para
investigar mais detalhes.
"Sabemos, por exemplo, que
uma das importadoras que fez
contratos pontuais com a Daslu se recusou a participar de
qualquer tipo de esquema."
Um dos casos que mais chamaram a atenção dos procuradores foi a importação de sapatos Gucci por US$ 4 -já incluídos nesse valor os impostos devidos. Essa mercadoria, segundo notas apreendidas, foi comprada no exterior por US$ 80 a
US$ 100. Nas prateleiras da
Daslu, custava até R$ 8.000.
Quatro importadoras foram
denunciadas e outras quatro
estão sob investigação. "Também encontramos provas de
que Celso Lima era dono da
Horace Trading e da Internacional Trading, empresas de fachada que atuavam como fornecedoras de mercadoria para
a Multimport, que, por sua vez,
revendia à Daslu", diz Magnani. "Havia ainda uma simbiose
entre as importadoras e a Daslu. Muitas notas não eram emitidas nem em nome da loja
nem em nome das quatro importadoras. Mas em nome de
novas tradings como a Daslu
Brasil Trading e Daslu Multimport. É um conluio", acusa.
Uma tabela com "planejamento tributário" está anexada
à denúncia. "É uma planilha de
subfaturamento que mostra
que, a cada R$ 11 milhões em
mercadorias trazidas ao Brasil,
só seriam pagos tributos sobre
R$ 2 milhões", afirma Dias.
Para encaminhar as 2.300 páginas do processo à Justiça, o
MPF investigou o caso cinco
meses e ouviu 17 testemunhas.
"A denúncia é uma prestação
de contas à sociedade. Mostra
que hoje a lei não é destinada
somente aos pobres e aos humildes. O nobre, o patrício, hoje, na nossa República, está
submetido ao MPF, à PF e ao
Judiciário", diz Magnani. "Essa
denúncia tem por alvo a cúpula
da organização criminosa, as
pessoas que enriqueciam", diz.
(CLAUDIA ROLLI)
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