São Paulo, sexta-feira, 09 de dezembro de 2005

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Dona da loja era ativa no esquema, diz procurador

DA REPORTAGEM LOCAL

A proprietária da Daslu, Eliana Tranchesi, era uma das responsáveis em pedir aos fornecedores estrangeiros para que emitissem notas fiscais em nome das importadoras que trariam seus produtos ao Brasil, segundo informam o procuradores Matheus Baraldi Magnani e Jefferson Aparecido Dias.
"Isso ficou demonstrado em uma acareação entre ela, o irmão e o dono da Multimport", diz Magnani. Segundo ele, o esquema de subfaturamento começava com um contato da Daslu com os fornecedores de marcas famosas. "A loja pagava pela mercadoria adquirida. Em seguida, negociava a importadora que traria o produto em nome da própria trading. Algumas aceitavam emitir a nota direto em nome da importadora. À Prada, por exemplo, foi pedido que não emitisse nota em nome da Daslu", afirma.
Alguns fornecedores, de acordo com o procurador, emitiam a nota para as importadoras da forma solicitada, mas destacavam nas faturas que o "real adquirinte" era a Daslu. O MPF aguarda documentos pedidos ao Departamento de Justiça dos EUA para investigar mais detalhes.
"Sabemos, por exemplo, que uma das importadoras que fez contratos pontuais com a Daslu se recusou a participar de qualquer tipo de esquema."
Um dos casos que mais chamaram a atenção dos procuradores foi a importação de sapatos Gucci por US$ 4 -já incluídos nesse valor os impostos devidos. Essa mercadoria, segundo notas apreendidas, foi comprada no exterior por US$ 80 a US$ 100. Nas prateleiras da Daslu, custava até R$ 8.000.
Quatro importadoras foram denunciadas e outras quatro estão sob investigação. "Também encontramos provas de que Celso Lima era dono da Horace Trading e da Internacional Trading, empresas de fachada que atuavam como fornecedoras de mercadoria para a Multimport, que, por sua vez, revendia à Daslu", diz Magnani. "Havia ainda uma simbiose entre as importadoras e a Daslu. Muitas notas não eram emitidas nem em nome da loja nem em nome das quatro importadoras. Mas em nome de novas tradings como a Daslu Brasil Trading e Daslu Multimport. É um conluio", acusa.
Uma tabela com "planejamento tributário" está anexada à denúncia. "É uma planilha de subfaturamento que mostra que, a cada R$ 11 milhões em mercadorias trazidas ao Brasil, só seriam pagos tributos sobre R$ 2 milhões", afirma Dias.
Para encaminhar as 2.300 páginas do processo à Justiça, o MPF investigou o caso cinco meses e ouviu 17 testemunhas.
"A denúncia é uma prestação de contas à sociedade. Mostra que hoje a lei não é destinada somente aos pobres e aos humildes. O nobre, o patrício, hoje, na nossa República, está submetido ao MPF, à PF e ao Judiciário", diz Magnani. "Essa denúncia tem por alvo a cúpula da organização criminosa, as pessoas que enriqueciam", diz. (CLAUDIA ROLLI)

Texto Anterior: Frase
Próximo Texto: Opinião econômica - Luiz Carlos Mendonça de Barros: Solvência e crescimento
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.